TRECHO DA ENCÍCLICA "IN DOMINICO AGRO", DE CLEMENTE XIII

Trecho da Encíclia Papal IN DOMINICO AGRO, de Clemente XIII, de 14/06/1761

ENCÍCLICA “IN DOMINICO AGRO”, DE CLEMENTE XIII

O PAPA CLEMENTE XIII

Aos seus venerandos Irmãos, Patriarcas, Primazes, Arcebispos e Bispos.

Veneráveis Irmãos, saudação e bênção apostólica.

No campo do Senhor, cuja cultura nos cabe dirigir, pelo agrado da Divina Providência, nada requer tão atenta vigilância, nem tão zelosa perseverança, como a guarda da boa semente nele lançada; noutros tempos, a guarda da doutrina católica que Jesus Cristo e os Apóstolos legaram e confiaram ao Nosso ministério.
Se por preguiça e incúria [Nossa], a sementeira ficasse abandonada, o inimigo do gênero humano poderia espalhar cizânia de permeio, enquanto os obreiros dormissem a bom dormir. Por conseguinte, no dia da ceifa, mais erva haveria para queimar ao fogo, do que trigo para recolher nos celeiros
Na verdade, o bem-aventurado Apóstolo Paulo exorta-nos, com instância, a guardarmos a fé que, uma vez por todas, foi confiada aos Santos. Escreve, pois, a Timóteo que guarde o bom depósito, porque instariam tempos perigosos, durante os quais haviam de erguer-se, na Igreja de Deus, homens maus e sedutores. Valendo-se de tal cooperação, o ardiloso tentador tudo faria por induzir os ânimos incautos em erros contrários à verdade do Evangelho.

Como muitas vezes acontece, na Igreja de Deus surgem perniciosas opiniões que, apesar de contrárias entre si, são concordes na tendência de abalar, de qualquer maneira, a pureza da fé.
Muito difícil será, então, brandir a palavra de tal forma, por entre um e outro adversário, que a nenhum deles pareça termos voltado as costas, mas antes repelido e condenado, da mesma maneira, ambos os grupos inimigos de Cristo.

Sucede também, algumas vezes, que a ilusão diabólica facilmente se oculta em erros disfarçados pelas aparências de verdade; como também um leve acréscimo ou troca de palavras corrompem o sentido da verdadeira doutrina. Assim é que a profissão de fé, em lugar de produzir a salvação, leva por vezes o homem à morte, em virtude de alguma alteração, que sutilmente lhe tenha sido feita.

Devemos, pois, afastar os fiéis, mormente os que forem de engenho mais rude ou simples, destes escabrosos e apertados atalhos, por onde mal se pode firmar pé, nem andar sem perigo de queda.
Não devem as ovelhas ser levadas às pastagens por caminhos não trilhados. Por isso, não devemos expor-lhes opiniões singulares de doutores embora católicos, mas unicamente aquilo que tenha o sinal inequívoco e certo da verdadeira doutrina católica, a saber: universalidade, antiguidade, consenso doutrinário.

Além do mais, como não pode o vulgo subir ao monte, do qual desce a glória do Senhor; como vem a perecer, se para a ver ultrapassa certos limites – devem os guias e mestres marcar ao povo balizas para todos os lados, de sorte que a exposição da doutrina não vá além do que é necessário, ou sumamente útil para a salvação. Assim, os fiéis também obedecerão ao precieto do Apóstolo: “Não saibam mais do que convém saber, e sabê-lo com moderação”.

Possuídos desta convicção, os Pontífices Romanos, Nossos Predecessores, empregaram toda a energia não só para cortar, como o gládio da excomunhão, os venenosos germes do erro que às ocultas iam vingando; mas também para cercear a expansão de algumas opiniões que, pela sua redundância, impediam o povo cristão de tirar da fé frutos mais copiosos; ou que, pela parentela com o erro, podiam ser nocivas às almas dos fiéis.
Depois de condenar, por conseguinte, as heresias que, naquela época, tentavam ofuscar a lus da Igreja; depois de assim dispersar as nuvens dos erros, o Concílio Tridentino fez rebrilhar, com mais fulgor, a verdade católica.

Reconhecido cientista assegura: Papa tinha razão sobre a AIDS

PARA AQUELES QUE ACUSARAM INJUSTAMENTE O NOSSO PAPA!

RÍMINI, quarta-feira, 26 de agosto de 2009 (ZENIT.org).- O diretor do Aids Prevention Research Project da Harvard School of Public Health, Edward Green, assegurou que na polêmica sobre a Aids e o preservativo Bento XVI tinha razão.

Ao intervir no “Meeting pela amizade entre os povos” de Rímini o cientista, considerado como um dos máximos especialistas na matéria, confessou que “lhe chamou a atenção como cientista a proximidade entre o que o Papa disse no mês de março passado no Camarões e os resultados das descobertas científicas mais recentes”.

“O preservativo não detém a Aids. Só um comportamento sexual responsável pode fazer frente à pandemia”, destacou.

“Quando Bento XVI afirmou que na África se deviam adotar comportamentos sexuais diferentes porque confiar só nos preservativos não serve para lutar contra a Aids, a imprensa internacional se escandalizou”, continuou constatando.

Na realidade o Papa disse a verdade, insistiu: “o preservativo pode funcionar para indivíduos particulares, mas não servirá para fazer frente à situação de um continente”.

“Propor como prevenção o uso regular do preservativo na África pode ter o efeito contrário – acrescentou Green. Chama-se ‘risco de compensação’, sente-se protegido e se expõe mais”.

Por que não se tentou mudar os costumes das pessoas? – perguntou o cientista norte-americano. A indústria mundial tardou muitos anos em compreender que as medidas de caráter técnico e médico não servem para resolver o problema”.

Green destacou o êxito que tiveram as políticas de luta contra a Aids que se aplicaram em Uganda, baseadas na estratégia sintetizada nas iniciais “ABC” por seu significado em inglês: “abstinência”, “fidelidade”, e como último recurso, o “preservativo”.

“No caso da Uganda – informou – se obteve um resultado impressionante na luta contra a Aids. O presidente soube dizer a verdade a seu povo, aos jovens que em certas ocasiões é necessário um pouco de sacrifício, abstinência e fidelidade. O resultado foi formidável”.

Para onde vamos?

Público aqui um artigo do meu Bispo Diocesano que gostei muito.
Quem tem Palavras de Vida Eterna?

O século XXI começa com crise na Igreja e no mundo. No mundo, crise da economia, com previsões sombrias de esgotamento dos recursos naturais para uma população crescente e mais exigente no consumo de água, de energia, de alimentos.

A terra já não consegue oferecer a seis bilhões de habitantes um padrão de vida que todos querem, muito menos a novos bilhões que vão nascer ainda neste século. Se não crescer a solidariedade, vai aumentar a miséria. Quem tem mais vai precisar contentar-se com menos para quem tem menos poder ter mais.

Na Igreja, crise de fé. No Brasil, debandada de católicos para outros grupos de cristãos. Em muitos outros países de tradição cristã, debandada de cristãos. Muitos já falam do surgimento de uma civilização pós-cristã.

No seu Evangelho, o Apóstolo João se refere à primeira grande debandada de discípulos de Jesus. Muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. (Jo 6,66)

Foi depois que Jesus se apresentou como pão da vida: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. O pão que eu darei é a minha carne entregue para a vida do mundo.”

Aí começou o murmúrio entre os ouvintes: “Como é que este homem pode dar-nos sua carne para comer?

Diante dos questionamentos que surgiram, Jesus ainda insistiu: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. … Quem come este pão viverá para sempre.”

Vendo que muitos iam embora, Jesus não chamou ninguém de volta para explicar melhor. Pelo contrário, ainda chamou os doze apóstolos e perguntou: “Não quereis também partir?”.

Pedro respondeu perguntando: “Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna.”

È nisso que os cristãos acreditam: que Jesus tem palavras de vida eterna. È por isso que queremos viver como discípulos dele. No entanto, vivendo num mundo de contestação, numa civilização que não admite que alguém possa saber onde está a verdade, como é que podemos ter certeza que Jesus é o caminho, a verdade e a vida? Muitos dizem que nenhuma religião pode achar-se mais verdadeira que outras.

São Paulo nos diz que devemos examinar tudo e guardar o que for bom. Acontece que na confusão de idéias e na proliferação de ideologias e teorias deste século inundado de livros e de propaganda ninguém pode conhecer tudo com profundidade.

Procuremos, então, descobrir pelo menos se existem outros que têm palavras de vida eterna, outros que dizem conhecer a verdade.

Quais seriam? Os agnósticos, que dizem que ninguém pode saber onde está a verdade? É verdade que ninguém pode conhecer a verdade?

Será que ateus teem palavras de vida eterna? Se Deus não existe, como dizem eles, pode existir vida eterna?

Será que Maomé, com o islã que muitos querem impor na marra, tem palavras de vida eterna?

Será que Buda e outros esotéricos e teóricos da reencarnação que chegam com força nos países de cristianismo enfraquecido, teem palavras de vida eterna?

E a Igreja, que apresenta o ensinamento de Jesus como Palavra de Deus, tem mesmo palavras de vida eterna? A divisão cada vez maior dos cristãos dificulta o reconhecimento da verdadeira Igreja de Cristo, da verdade na Igreja.

Na Igreja que tem o Papa com a missão especial de manter a unidade na fé, novos Escribas e Doutores da Lei ficam duvidando da verdade histórica do Evangelho. Dizem que o Apóstolo João teria misturado as palavras de Jesus com suas próprias idéias.

Não há dúvida que no evangelho de João temos reflexões próprias do Evangelista. Já no primeiro capítulo ele faz a sua meditação pessoal sobre o mistério da pessoa divina de Jesus. Tempos atrás dei uma tarefa aos alunos do Curso de Teologia para Leigos: Identificar no evangelho de João quais são as palavras próprias dele e quais são as palavras de Jesus.

Dificuldades existem. Onde não existem, alguém inventa. Estudiosos perguntam como é que João, escrevendo mais de meio século depois dos acontecimentos podia lembrar com precisão as palavras de Jesus.

Não questiono a teoria dos exegetas que afirmam que o quarto evangelho foi escrito quase no fim do primeiro século. No entanto, teoria por teoria, apresento a minha: Muito antes da redação final do seu evangelho, João fazia anotações de palavras de Jesus que considerava importantes para serem relatadas com exatidão.

Numa perspectiva de fé, lembro a promessa de Jesus sobre a vinda do Espírito Santo “que vos recordará tudo que vos disse” (Jo 14,26.

O cristão que tem um mínimo de fé, crê na inspiração divina dos evangelhos que trazem a Palavra de Deus até nós. Se cremos em Jesus, Filho de Deus que o Pai enviou ao mundo para anunciar e realizar a nossa Salvação, temos também a certeza que Deus tem o poder de fazer chegar a sua Palavra a todos que queiram dar-lhe acolhida. Oferece a todos a possibilidade de reconhecer a sua Presença pela mediação da Igreja que fez o Evangelho chegar aos nossos tempos de tal maneira que possa ser reconhecida por todos que procuram a verdade.

Por outro lado, Deus confiou tanto na colaboração dos cristãos que deixou depender da boa vontade dos seus discípulos e missionários a chegada da sua Palavra ao mundo inteiro. De você, por exemplo, que na tranquilidade da sua casa está recebendo a mensagem de alguém que não é dono da verdade, mas seu servidor, pela graça de Deus.

Jequié, 23 de agosto de 2009

+ Cristiano

Comissão de Liturgia da CNBB prepara novo Missal

Teve início na manhã desta terça-feira, 25, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, a reunião da Comissão de Textos Litúrgicos, cujo objetivo é dar continuidade à revisão dos textos do Missal Romano, de modo especial do Ciclo Pascal [Quaresma, Semana Santa e Tempo Pascal].

Após revisão, serão enviados os textos para todos os bispos do Brasil para serem feitas observações e, na próxima Assembleia Geral da CNBB, que ocorrerá em maio de 2010, ser aprovado pela Conferência.

A próxima reunião do grupo está marcada para ocorrer em dezembro de 2009, onde será revisado o Martirológio Romano [catálogo dos santos e beatos honrados pela Igreja] que também deverá ser aprovado na próxima AG.

A reunião segue até amanhã, e encerra às 17h.

Participam da reunião o bispo de Crato (CE), dom Fernando Panico, que coordena a reunião; o bispo de Chapecó, dom Manoel João Francisco; o arcebispo de Palmas (TO), dom Alberto Taveira Corrêa; o arcebispo de São Luis (MA), dom José Belisário; o bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA), dom Armando Bucciol; os padres peritos Gregório Lutz, José Weber, Márcio Leitão; o Professor Domingos Zamagna e os assessores da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia da CNBB, padre Gustavo Haas e padre José Carlos Sala.
A Comissão de Textos Litúrgicos se reúne três vezes ao ano. O último encontro ocorreu nos dias 3 e 4 de março, em Brasília. A reunião teve por objetivo preparar os textos das três preces eucarísticas para as crianças e as orações do ciclo do natal [advento, natal e tempo do natal], que foram apresentados na Assembleia Geral dos Bispos, que aconteceu em Itaici (SP), entre os dias 22 de abril e 1º de maio.
Fonte: CNBB

Papa concede indulgência plenária pelos 800 anos do nascimento de Pietro da Morrone, futuro Papa Celestino V

ROMA, 25 AGO (ANSA) – O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, participará da celebração do 715º Perdão Celestino, porgramada para ocorrer na próxima sexta-feira na cidade de L’Aquila, região de Abruzzo.
O evento contará com uma missa celebrada pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, na Basílica de Santa Maria de Collemaggio, às 18h locais (13h no horário de Brassília).
“O cardeal Bertone demonstrou interesse em estar presente e manter a promessa de levar a proximidade do Papa Bento XVI à população local que sofre devido ao terremoto”, contou à ANSA o bispo de L’Aquila, Giuseppe Molinari.
No último dia 6 de abril, a região de Abruzzo foi atingida por um terremoto de 5,8 graus na escala Richter que deixou cerca de 300 mortos e mais de 50 mil desabrigados.
“Geralmente a festa é muito deslumbrante, porque, como diz o Evangelho, toda conversão é uma festa. Mas a tragédia do terremoto nos obriga claramente a ser sóbrios nas celebrações deste ano, a pensar no essencial, mas também a querer olhar além do terremoto”, ressaltou o religioso.
Segundo o bispo, “a celebração do rito ajuda porque faz parte da nossa história civil e social. Festejá-lo quer dizer que a nossa história continua”.
O Perdão Celestino refere-se à indulgência plenária perpétua concedida em 1294 pelo papa Celestino V a todos os fiéis que, depois de terem se confessado e pedido perdão por seus pecados, atravessassem a Porta Santa da Basílica de Santa Maria de Collemaggio entre 28 e 29 de agosto. Esta edição do rito ocorre junto com a celebração do 800º aniversário de nascimento do Pontífice.
Celestino V foi o 192º sucessor de Pedro, ocupando o trono papal de 29 de agosto a dezembro de 1294, quando abdicou. O Pontífice foi coroado em L’Aquila, na basílica de Santa María de Collemaggio, onde está sepultado.
O rito do 715º Perdão Celestino começará na tarde da sexta-feira, com a exibição das relíquias do Papa na praça de Collemaggio e uma peregrinação que passará por todas as dioceses das regiões de Abruzzo e Molise.
Na última sexta-feira, o Vaticano anunciou que o papa Bento XVI concederá indulgência plenária aos fiéis que comparecem à de L’Aquila para rezar diante das relíquias do papa Celestino V. (ANSA)

A reforma da reforma

Anunciada há vários anos, parece que agora vai afinal ser decretada a reforma da Missa Nova de Paulo VI. É a chamda “reforma da reforma”. Mais exatamente — conforme me sugeriu um velho e fiel sacerdote franciscano a “Reforma da Deforma”.

O jogo de palavras é bem feito e, melhor ainda, bem aplicado. Pois o que fez Monsenhor Bugnini ao fabricar a Nova Missa de Paulo VI foi uma completa deformação, e até demolição, da Missa de sempre. E Mons.Bugnini deu só o primeiro passo, pois como se admitiu que o celebrante poderia exercer sua “criatividade”, inventando orações e gestos “litúrgicos”, a Missa acabou sendo diferente em cada paróquia, inventando-se inovações selvagens e barbaramente ecumênicas.

No pós Concílio a Sagrada Liturgia católica foi roqueiramente destruída, tornado-se irreconhecível. Virou Missa-show e até espetáculo circense. (O Cardeal Lehman botou nariz de palhaço numa celebração. Nos Estados Unidos um Padre vestiu-se de ursinho e permitiu que uma mulher vestida como um diabo, distribuisse a comunhão).

Contra esses crimes, sempre se manifestou o Cardeal Ratzinger. Eleito Papa, ele deu sinais claros de que ia acabar lentamente, e por etapas, esses abusos e essa destruição.
Claro que, conhecendo a situação lamentável do clero em todo o mundo, sabendo da ignorância imensa causada pela destruição dos estudos nos seminários, vendo a amplíssima infiltração do modernismo no clero pós conciliar, Bento XVI compreendeu que se faria – e se fará — enorme resistência à correção dos abusos e da demolição da Sagrada Liturgia.

O retorno completo à plena ordem litúrgica levará muitos anos.
O primeiro garnde passo dado pelo Pàpa Bento XVI foi a liberação da Missa de sempre, através do Motu Proprio Summorum pontificum, tão pouco acatado, tão obstaculizado pelos Bispos modernistas.

Se a celebração da Missa de sempre permitida a qualquer sacerdote, sem precisar permissão do Bispo, está sendo tão combatida, como não será combatido o Papa, quando obrigar os Bispos e Padres modernistas aplicarem a reforma da deforma que agora se anuncia para logo mais?

Porque as mudanças, embora paulatinas, serão profundas. Ver-se-á que grau e que extensão terão as mudanças, quando for conhecido o decreto papal da Reforma da Deforma. Mas já se fala da adoção do latim! Em Missais bilingues!

Imagine-se Padres Marcelo Rossi, Joãozinho, Zezinho e Fãbio de Melo tendo que rezar a Missa em latim! E sem rock e sem cancõnetas ridículas!
Como ficarão os Bispos que proibiram a Missa de sempre com a escusa de que os fieis deveriam saber latim?

Consta que o cânon da Missa em forma “ordinária“ terá que ser em latim, o sacerdote falando baixo, mantendo-se silêncio completo na Igreja, com proibição de qualquer canto. O rock será banido.
VIVA!!!
Adeus shows-missas!

Fala-se até da possibilidade de que o padre terá que celebrar, pelo menos uma parte da Missa, de costas para o povo.

Que ranger de dentes será ouvido em muitas sacristias!

Sem dúvida , haverá choro e ranger de dentes. Porque, quando os lobos choram, eles rangem os dentes.
E mordem.

O serviço “meteorológico” prevê tempestades eclesiásticas e até “tremores” de terra…

Pois é claro que todos compreendem que, isso que agora é anunciado, é só a primeira etapa.

Todos compreendem?
Todos é exagero.

Os sede vacantistas não compreendem. Acharão que o Papa está traindo a Missa de sempre, porque, aliás, ele nem seria Papa.

O próprio Papa Bento XVI—quando era Cardeal- escreveu ao Padre Heins-Lothar Barth, em carta agora publicada, que a reforma seria em etapas, mas que o ponto final seria alcançado quando houvesse de novo um só rito romano. E na forma antiga da Missa!

Antes seria preciso “limpar a Capela de Capri”, como foi escrito no livro- entrevista do Cardeal Ratzinger ao jornalista Peter Seewald, Voici quel est notre Dieu (Eis como é nosso Deus).

Eis a parábola que aparece nesse livro:

Peter Seewald.– O escritor Martin Mosebach conta uma pequena história a respeito de uma missa. Isso aconteceu, há muito tempo, na ilha de Capri. Um dia, desembarca um padre inglês, que se fez reconhecer como padre por suas roupas, o que tinha se tornado raro, mesmo na Itália do sul. Quando se tornou claro que o homem de batina queria seriamente celebrar uma missa, todos os dias, se lhe atribuiu, depois de muitas hesitações, uma capela situada num promontório rochoso em precipício sobre o mar, o monte Tibério, sobre o qual estava situado outrora a vila Jovis, uma das numerosas residências do Imperador Tibério. Esta capela era aberta apenas uma vez por ano, no dia 8 de setembro, para a festa da Natividade da Virgem Maria. No resto do ano, ela ficava abandonada aos ratos que cavavam buracos no fundo das gavetas da sacristia.
O Padre inglês, um homem prático, e que não era um grande teólogo, se pôs a caminho. Ele subiu a ladeira ríspida e se deliciou com a bela vista sobre o golfo. Ele teve alguma dificuldade para fazer funcionar a fechadura enferrujada da capela. Ele entrou nesse lugar que cheirava a mofo, acompanhado por um belo raio de sol. A porta metálica do tabernáculo estava aberta, as velas estavam inteiramente consumidos, as cadeiras reviradas, e a sacristia tinha o aspeto de lugar abandonado às pressas. Vasos sujos, uma capa de altar apodrecida, um cálice estilo kitch, toalhas de linho de altar tinha colado umas às outras, um missal caindo aos pedaços. Sim, até mesmo o crucifixo estava torcido.
O padre olhou atentamente tudo isso e refletiu longo tempo. Ele abriu a janela, pegou uma vassoura de palha, que estava caída num canto, e se pôs a varrer toda a capela. Ele pegou o crucifixo, beijou-o e o posou sobre o armário da sacristia. Ele limpou o cálice e reergueu os candelabros. Quando ele descobriu a corda do sino, trepou numa escada no exterior da capela e amarrou a corda a um sino. O encanto estava agora rompido.
Ele colocou uma estola roxa acetinada toda manchada. Derramou um pouco de água que tinha trazido numa garrafa plástica num pequeno pote e se pôs a rezar; ele acrescentou um pouco de sal, fez os gestos de bênção e colocou a água em pequenas pias de água benta em forma de concha ao lado da entrada; poder-se-ia imaginar ouvir a pedra gemer como se ela despertasse de novo. E quando ele badalou o sino com a ajuda da corda, aproximaram-se vindos de longe os primeiros fiéis, mulheres e crianças, e logo a capela ficou cheia.
A missa podia começar. O sacerdote se inclinou diante do altar e começou pelas palavras: Introibo ad altare Dei.
Enquanto o homem de batina purificava o lugar, enquanto ele acendia as velas e benzia a água, quando ele tirava a poeira e expulsava para um canto as ratoeiras, um observador atento, devia ter a impressão que alguma coisa especial se passava. Tal como Abel ou Noé, ele tinha construído um altar antes de sacrificar. E como Moisés, ele delimitou o espaço para o tabernáculo. Era a preparação e a delimitação do espaço sagrado.
Cardeal Ratzinger. – “Esse texto de Mosebach naturalmente é muito poético, mas, no total, a situação em Capri não era tão desesperadora quanto parecia. Mas é verdade que a preparação exterior e interior vão juntas. A missão de São Francisco começou da mesma maneira. Ele ouviu as célebres palavras de Cristo: “É preciso que reconstruas a minha Igreja”. Ele as aplicou inicialmente a essa igreja arruinada, à Porciúncula, que ele restaurou e reconstruiu. Ele notou, em seguida, que ele precisava fazer muito mais: reconstruir a Igreja viva.
Mas este trabalho manual inicial faz parte dessa reconstrução. Ele é muito importante vigiar para que o espaço, a Igreja, seja sempre preparado de novo, que sua santidade interior como a exterior seja
sempre perceptível e reconhecível. É verdade que nós temos em todo o mundo, graças a Deus, igrejas maravilhosas cujo caráter sagrado seria necessário reaprender a amar. A chama acesa diante do Santíssimo Sacramento permite-nos perceber uma presença silenciosa permanente. Muitas igrejas, hoje, parecem teatros, dos quais se admira a beleza do passado mais do que como meio de nossas próprias atividades; constata-se então uma perda interior do sentido do sagrado.
“Reencontrar este sentido e preparar este espaço e exterior, não pode ser feito senão sob a condição de entrar na celebração de modo a encontrar o sagrado efetivamente nela
”. (Cardeal Joseph Ratzinger, Voici quel est notre Dieu, Plon, Paris, 2.001. Pp. 288 a 294. Tradução do francês de O. Fedeli.

Bento XVI vai começar a limpar a Capela de Capri.

Que farão os ratos quando a vassoura começar a ser usada. Porque os ratos da Capela de Capri, na verdade, são lobos que atacarão o Pastor supremo.
Rezemos pelo Papa Bento XVI ajudêmo-lo, o quanto pudermos na limpeza, ordenação e decoração da Capela de Capri.

Na restauração da Missa de sempre!
São Paulo, 24 de Agosto de 2009, festa de São Bartolomeu.

Orlando Fedeli

A REALIDADE DO NOSSO PAÍS

Um amigo mim enviou esta história, achei interessante e resolvi postá-la.

RIFA DO BURRO

Certa vez quatro meninos foram ao campo e, por 100 reais, compraram o burro de um velho camponês.

O homem combinou entregar-lhes o animal no dia seguinte. Mas quando eles voltaram para levar o burro, o camponês lhes disse:

– Sinto muito, amigos, mas tenho uma má notícia. O burro morreu.

– Então devolva-nos o dinheiro!

– Não posso, já gastei todo.
– Então, de qualquer forma, queremos o burro.

– E para que o querem? O que vão fazer com ele?

– Nós vamos rifá-lo.

– Estão loucos? Como vão rifar um burro morto?

– Obviamente, não vamos dizer a ninguém que ele está morto.

Um mês depois, o camponês se encontrou novamente com os quatro garotos e lhes perguntou:

– E então, o que aconteceu com o burro?

– Como lhe dissemos, o rifamos. Vendemos 500 números a 2 reais cada um e arrecadamos 1.000 reais.

– E ninguém se queixou?

– Só o ganhador. Porém lhe devolvemos os 2 reais e ficou tudo resolvido.

Os quatro meninos cresceram e fundaram um banco chamado Opportunity, um outro Banco chamado Marka, uma igreja chamada Universal e o último tornou-se Ministro do Supremo Tribunal Federal.

O quinto irmão, o mais velho, que vivia no Maranhão e não estava na rifa, soube da história e também resolveu ganhar dinheiro. Dedicou-se a política, chegou a presidência da república e hoje é o presidente do Senado e, até hoje, enrola a população tratando o povo como ganhadores do burro morto. Caso todos reclamem, pode até entregar o cargo, mas nunca devolverá o todo que lesou do povo.

CADA VEZ MAIS ESTAMOS PERTO!

Encontrei este artigo no FRATES IN UNUM, sobre os primeiros passos de um possível retorno do Rito que hoje é tido como extraordinário.

ROMA: O documento foi entregue em mãos a Bento XVI na manhã de 4 de abril passado pelo Cardeal espanhol Antonio Cañizares Llovera, Prefeito da Congregação para o Culto Divino. É o resultado de uma votação reservada, que ocorreu em 12 de março, no transcurso da sessão “plenária” do dicastério responsável pela liturgia, e representa o primeiro passo concreto em direção àquela “reforma da reforma” freqüentemente desejada pelo Papa Ratzinger. Os Cardeais e Bispos membros da Congregação votaram quase unanimemente em favor de uma maior sacralidade do rito, da recuperação do senso de culto eucarístico, da retomada da língua Latina na celebração e da re-elaboração das partes introdutórias do Missal a fim de pôr fim aos abusos, experimentações desordenadas e inadequada criatividade. Eles também se declararam favoráveis a reafirmar que o modo ordinário de receber a Comunhão conforme as normas não é na mão, mas na boca. Há, é verdade, um indulto que, a pedido dos episcopados [locais], permite a distribuição da hóstia [sic] também na palma da mão, mas isso deve permanecer um fato extraordinário. O “Ministro da Liturgia” do Papa Ratzinger, Cañizares, está também estudando a possibilidade de recuperar a orientação do celebrante em direção ao Oriente, ao menos no momento da consagração eucarística, como acontecia de fato antes da reforma, quando tanto fiéis como padre voltavam-se em direção à Cruz e o padre então voltava suas costas à assembléia.

Aqueles que conhecem o Cardeal Cañizares, apelidado “o pequeno Ratzigner” antes de sua vinda para Roma, sabem que ele está disposto a levar adiante decisivamente o projeto, começando de fato do que foi estabelecido pelo Concílio Vaticano Segundo na constituição Sacrosanctum Concilium, que foi, na realidade, excedido pela reforma pós-conciliar que entrou em vigor no fim dos anos 60. O purpurado, entrevistado pela revista 30Giorni nos últimos meses, declarou a respeito: “Às vezes as mudanças eram feitas pelo mero fim de mudar um passado compreendido como negativo e fora de época. Às vezes a reforma foi vista como uma ruptura e não como um desenvolvimento orgânico da Tradição”.

Por esta razão, as “propositiones” votadas pelos Cardeais e Bispos na plenária de Março prevêem um retorno ao sentido de sagrado e de adoração, mas também um redescobrimento das celebrações em latim nas dioceses, ao menos nas solenidades principais, assim como a publicação de Missais bilíngües – um pedido feito a seu tempo por Paulo VI – com o texto em latim primeiro.

As propostas da Congregação que Cañizares entregou ao Papa, obtendo sua aprovação, estão perfeitamente em linha com a idéia sempre expressa por Joseph Ratzinger quando ainda era Cardeal, como é deixado claro em suas palavras não publicadas [ndt: ao menos na Itália, pois no mundo ‘tradicionalista’ já era conhecida a carta do então Cardeal Ratzinger ao dr. Barth] reveladas antecipadamente por Il Giornale ontem, e que serão publicadas no livro Davanti al Protagonista (Cantagalli]), apresentadas antecipadamente num congresso em Rimini. Com uma significante nota bene: para a realização da “reforma da reforma”, serão necessários muitos anos. O Papa está convencido que passos apressados, assim como diretrizes simplesmente lançadas de cima, não ajudam, com o risco de que muitas possam depois permanecer letra morta. O estilo de Ratzinger é o da comparação e, acima de tudo, do exemplo. Como o fato de que, por mais de um ano, quem se aproxima do Papa para a comunhão, tem que se ajoelhar no genuflexório especialmente colocado pelo cerimoniário.

A intolerância católica

[Publico abaixo excertos do sermão do Cardeal Pio sobre a intolerância católica. É um texto muito bom para aqueles que têm em mente uma idéia relativista da verdade, achando que essa possa estar presente em qualquer seita e religião. As palavras de Sua Eminência são importantíssimas para nós nos dias de hoje, especialmente no começo desse século, onde vemos ser constituída uma verdadeira ‘ditadura do relativismo’. Que Deus nos mantenha sempre na verdade católica, intolerante quanto às doutrinas… Boa leitura!]

A intolerância católica

Fonte: Sociedade Católica

por Cardeal Pio

Sermão pregado na Catedral de Chartres (excertos); 1841.

Meus irmãos (…),

Nosso século clama: “tolerância, tolerância”. Tem-se como certo que um padre deve ser tolerante, que a religião deve ser tolerante. Meus irmãos, não há nada que valha mais que a franqueza, e eu aqui estou para vos dizer, sem disfarce, que no mundo inteiro só existe uma sociedade que possui a verdade e que esta sociedade deve ser necessariamente intolerante. Mas antes de entrar no mérito, distinguindo as coisas, convenhamos sobre o sentido das palavras para bem nos entendermos. Assim não nos confundiremos.

A tolerância pode ser civil ou teológica. A primeira não nos diz respeito, e não darei senão uma pequena palavra sobre ela: se a lei tolerante quer dizer que a sociedade permite todas as religiões porque, a seus olhos, elas são todas igualmente boas ou porque as autoridades se consideram incompetentes para tomar partido neste assunto, tal lei é ímpia e atéia. Ela exprime não a tolerância civil como a seguir indicaremos, mas a tolerância dogmática que, por uma neutralidade criminosa, justifica nos indivíduos a mais absoluta indiferença religiosa. Ao contrário, se, reconhecendo que uma só religião é boa, a lei suporta e permite que as demais possam exercer-se por amor à tranqüilidade pública, esta lei poderá ser sábia e necessária se assim o pedirem as circunstâncias, como outros observaram antes de mim (…).

Deixo porém este campo cheio de dificuldades, e volto-me para a questão propriamente religiosa e teológica, em que exponho estes dois princípios: primeiro, a religião que vem do céu é verdade, e é intolerante com relação às doutrinas errôneas; segundo, a religião que vem do céu é caridade, e é cheia de tolerância quanto às pessoas.

Roguemos a Nossa Senhora vir em nossa ajuda e invocar para nós o Espírito de verdade e de caridade: Spiritum veritatis et pacis. Ave Maria.

Faz parte da essência de toda a verdade não tolerar o princípio que a contradiz. A afirmação de uma coisa exclui a negação dessa mesma coisa, assim como a luz exclui as trevas. Onde nada é certo, onde nada é definido, podem-se partilhar os sentimentos, podem variar as opiniões. Compreendo e peço a liberdade de opinião nas coisas duvidosas: in dubiis, libertas. Mas, logo que a verdade se apresenta com as características certas que a distinguem, por isso mesmo que é verdade, ela é positiva, ela é necessária, e por conseguinte ela é una e intolerante: in necessariis, unitas. Condenar a verdade à tolerância é condená-la ao suicídio. A afirmação se aniquila se duvida de si mesma, e ela duvida de si mesma se admite com indiferença que se ponha a seu lado a sua própria negação. Para a verdade, a intolerância é o instinto de conservação, é o exercício legítimo do direito de propriedade. Quando se possui alguma coisa, é preciso defendê-la, sob pena de logo se ver despojado dela.

Assim, meus irmãos, pela própria necessidade das coisas, a intolerância está em toda a parte, porque em toda parte existe o bem e o mal, o verdadeiro e o falso, a ordem e a desordem. Que há de mais intolerante do que esta proposição: 2 mais 2 fazem 4? Se vierdes dizer-me que 2 mais 2 fazem 3 ou fazem 5, eu vos respondo que 2 mais 2 fazem 4…

Nada é tão exclusivo quanto a unidade. Ora, ouvi a palavra de São Paulo: “Unus Dominus, una fides, unum baptisma”. Há, no céu, um só Senhor: unus Dominus. Esse Deus, cuja unidade é seu grande atributo, deu à terra um só símbolo, uma só doutrina, uma só fé: una fides. E esta fé, esta doutrina, Ele confiou-as a uma só sociedade visível, uma só Igreja cujos filhos são, todos, marcados com o mesmo selo e regenerados pela mesma graça: unum baptisma. Assim, a unidade divina que esplende por todos os séculos na glória de Deus produziu-se sobre a terra pela unidade do dogma evangélico cujo depósito foi confiado por Nosso Senhor Jesus Cristo à unidade hierárquica do sacerdócio: um Deus, uma fé, uma Igreja: unus Dominus, una fides, unum baptisma.

Um pastor inglês teve a coragem de escrever um livro sobre a tolerância de Jesus Cristo, e certo filósofo de Genebra disse, falando do Salvador dos homens: “Não vejo que meu divino Mestre tenha formulado sutilezas sobre o dogma”. Bem verdadeiro, meus irmãos. Jesus Cristo não formulou sutilezas sobre o dogma, mas trouxe aos homens a verdade e disse: se alguém não for batizado na água e no Espírito Santo, se alguém se recusa a comer a minha carne e a beber o meu sangue, não terá parte em meu reino. Confesso que nisso não há sutilezas; há intolerância, há exclusão, a mais positiva, a mais franca. E mais: Jesus Cristo enviou seus Apóstolos para pregar a todas as nações, isto é, derrubar todas as religiões existentes para estabelecer em toda a terra a única religião cristã e substituir todas as crenças dos diferentes povos pela unidade do dogma católico. E, prevendo os movimentos e as divisões que esta doutrina iria incitar sobre a terra, Ele não se deteve e declarou que tinha vindo para trazer não a paz, mas a espada, e para acender a guerra não somente entre os povos, mas no seio de uma mesma família e separar, pelo menos quanto às convicções, a esposa fiel do esposo incrédulo, o genro cristão do sogro idólatra. A afirmação é verdadeira e o filósofo tem razão: Jesus Cristo não formulou sutilezas sobre o dogma (…).

Falam da tolerância dos primeiros séculos, da tolerância dos Apóstolos. Mas isso não é assim, meus irmãos. Ao contrário, o estabelecimento da religião cristã foi, por excelência, uma obra de intolerância religiosa. No momento da pregação dos apóstolos, quase todo o universo praticava essa tolerância dogmática tão louvada. Como todas as religiões eram igualmente falsas e igualmente desarrazoadas, elas não se guerreavam; como todos os deuses valiam a mesma coisa uns para os outros, eram todos demônios, não eram exclusivos, eles se toleravam uns aos outros: Satã não está dividido contra si mesmo. O Império Romano, multiplicando suas conquistas, multiplicava seus deuses, e o estudo de sua mitologia se complica na mesma proporção que o da sua geografia. O triunfador que subia ao Capitólio fazia marchar diante dele os deuses conquistados com mais orgulho ainda do que arrastava atrás de si os reis vencidos. O mais das vezes, em virtude de um Senatus-Consulto, os ídolos dos bárbaros se confundiam desde então com o domínio da pátria, e o Olimpo nacional crescia como o Império.

Quando aparece o Cristianismo (prestem atenção a isso, meus irmãos, são dados históricos de valor com relação ao assunto presente), quando o Cristianismo surge pela primeira vez, não foi repelido imediatamente. O paganismo perguntou-se se, em vez de combater a nova religião, não devia dar-lhe acesso ao seu solo. A Judéia tinha-se tornado uma província romana. Roma, acostumada a receber e conciliar todas as religiões, recebeu a princípio, sem maiores dificuldades, o culto saído da Judéia. Um imperador colocou Jesus Cristo, como a Abraão, entre as divindades de seu oratório, assim como se viu mais tarde outro César propor prestar-lhe homenagens solenes. Mas a palavra do profeta não tardou a se verificar: as multidões de ídolos que viam, de ordinário sem ciúmes, deuses novos e estrangeiros ser colocados ao lado deles, com a chegada do deus dos cristãos, lançam um grito de terror, e, sacudindo sua tranqüila poeira, abalam-se sobre seus altares ameaçados: ecce Dominus ascendit, et commovebuntur simulacra a facie ejus. Roma estava atenta a esse espetáculo. E logo, quando se percebeu que esse Deus novo era irreconciliável inimigo dos outros deuses; quando se viu que os cristãos, cujo culto se havia admitido, não queriam admitir o culto da nação; em uma palavra, quando se constatou o espírito intolerante da fé cristã, foi então que começou a perseguição.

Ouvi como os historiadores do tempo justificam as torturas dos cristãos. Eles não falam mal de sua religião, de seu Deus, de seu Cristo, de suas práticas; só mais tarde é que inventaram calúnias. Eles os censuram somente por não poderem suportar outra religião senão a deles. “Eu não tinha dúvidas”, diz Plínio, o Jovem, “apesar de seu dogma, de que não era preciso punir sua teimosia e sua obstinação inflexível”: pervicaciam et inflexibilem obstinationem. “Não são criminosos”, diz Tácito, “mas são intolerantes, misantropos, inimigos do gênero humano. Há neles uma fé teimosa em seus princípios, e uma fé exclusiva que condena as crenças de todos os povos”: apud ipsos fides obstinata, sed adversus omnes alios hostile odium. Os pagãos diziam geralmente dos cristãos o que Celso disse dos judeus, com os quais foram muito tempo confundidos, porque a doutrina cristã tinha nascido na Judéia. “Que esses homens adiram inviolavelmente às suas leis”, dizia este sofista, “nisto não os censuro; só censuro aqueles que abandonam a religião de seus pais para abraçar uma diferente! Mas, se os judeus ou os cristãos querem só dar ares de uma sabedoria mais sublime que aquela do resto do mundo, eu diria que não se deve crer que eles sejam mais agradáveis a Deus que os outros”.

Assim, meus irmãos, o principal agravo contra os cristãos era a rigidez absoluta do seu símbolo, e, como se dizia, o humor insociável de sua teologia. Se só se tratasse de um Deus mais, não teria havido reclamações; mas era um Deus incompatível, que expulsava todos os outros: aí está o porquê da perseguição. Assim, o estabelecimento da Igreja foi obra de intolerância dogmática. Toda a história da Igreja não é senão a história dessa intolerância. Que são os mártires? Intolerantes em matéria de fé, que preferem os suplícios a professar o erro. Que são os símbolos? São fórmulas de intolerância, que determinam o que é preciso crer e que impõem à razão os mistérios necessários. Que é o Papado? Uma instituição de intolerância doutrinal, que pela unidade hierárquica mantém a unidade de fé. Por que os concílios? Para frear os desvios de pensamentos, condenar as falsas interpretações do dogma, anatematizar as proposições contrárias à fé.

Nós somos então intolerantes, exclusivos em matéria de doutrina; disto fazemos profissão; orgulhamo-nos da nossa intolerância. Se não o fôssemos, não estaríamos com a verdade, pois que a verdade é uma, e conseqüentemente intolerante. Filha do céu, a religião cristã, descendo à terra, apresentou os títulos de sua origem; ofereceu ao exame da razão fatos incontestáveis, e que provam irrefutavelmente sua divindade. Ora, se ela vem de Deus, se Jesus Cristo, seu autor, pode dizer: Eu sou a verdade: Ego sum veritas, é necessário, por uma conseqüência inevitável, que a Igreja Cristã conserve incorruptivelmente esta verdade tal qual a recebeu do céu; é necessário que repila, que exclua tudo o que é contrário a esta verdade, tudo o que possa destruí-la. Recriminar à Igreja Católica sua intolerância dogmática, sua afirmação absoluta em matéria de doutrina, é dirigir-lhe uma recriminação muito honrosa. É recriminar à sentinela ser muito fiel e muito vigilante, é recriminar à esposa ser muito delicada e exclusiva.

Nós ficamos muitas vezes confusos com o que ouvimos dizer sobre todas estas questões até por pessoas sensatas. Falta-lhes a lógica, desde que se trate de religião. É a paixão, é o preconceito que os cega? É um e outro. No fundo, as paixões sabem bem o que querem quando procuram abalar os fundamentos da fé, pondo a religião entre as coisas sem consistência. Elas não ignoram que, demolindo o dogma, preparam para si uma moral fácil. Diz-se com justeza perfeita: é antes o decálogo que o símbolo o que as faz incrédulas. Se todas as religiões podem ser postas num mesmo nível, é que se equivalem todas; se todas são verdadeiras, é porque todas são falsas; se todos os deuses se toleram, é porque não há Deus. E, se se pode aí chegar, já não sobra nenhuma moral incômoda. Quantas consciências estariam tranqüilas no dia em que a Igreja Católica desse o beijo fraternal a todas as seitas suas rivais!

Jean-Jacques [Rousseau] foi entre nós o apologista e o propagador desse sistema de tolerância religiosa. A invenção não lhe pertence, se bem que ele tenha ido mais longe que o paganismo, que nunca chegou a levar a indiferença a tal ponto. Eis, com um curto comentário, o ponto principal desse catecismo, tornado infelizmente popular: todas as religiões são boas. Isto é, de outra forma, todas as religiões são ruins (…).

A filosofia do século XIX se espalha por mil canais por toda a superfície da França. Esta filosofia é chamada eclética, sincrética, e, com uma pequena modificação, é também chamada progressiva. Esse belo sistema consiste em dizer que não existe nada falso; que todas as opiniões e todas as religiões podem conciliar-se; que o erro não é possível ao homem, a menos que ele se despoje da humanidade; que todo o erro dos homens consiste em julgar-se possuidores exclusivos de toda a verdade, quando cada um deles só tem dela um elo e quando, da reunião de todos esses elos, se deve formar a corrente inteira da verdade. Assim, segundo essa inacreditável teoria, não há religiões falsas, mas são todas incompletas umas sem as outras. A verdadeira seria a religião do ecletismo sincrético e progressivo, a qual ajuntaria todas as outras, passadas, presentes e futuras: todas as outras, isto é, a religião natural que reconhece um Deus; o ateísmo, que não conhece nenhum; o panteísmo, que o reconhece em tudo e por tudo; o espiritualismo, que crê na alma, e o materialismo, que só crê na carne, no sangue e nos humores; as sociedades evangélicas, que admitem uma revelação, e o deísmo racionalista, que a rejeita; o Cristianismo, que crê no Messias que veio, e o judaísmo, que o espera ainda; o Catolicismo, que obedece ao Papa, o protestantismo, que olha o Papa como o Anticristo. Tudo isto é conciliável. São diferentes aspectos da verdade. Da união desses cultos resultará um culto mais largo, mais vasto, o grande culto verdadeiramente católico, isto é, universal, pois que abrigará todas as outras no seu seio.

Esta doutrina que qualificais de absurda não é de minha invenção; ela enche milhares de volumes e de publicações recentes; e, sem que seu fundo jamais varie, toma todos os dias novas formas sob a caneta e sobre os lábios dos homens em cujas mãos repousam os destinos da França. — A que ponto de loucura chegamos então? — Chegamos ao ponto a que deve logicamente chegar todo aquele que não admite o princípio incontestável que estabelecemos, a saber: que a verdade é uma, e por conseqüência intolerante, apartada de toda a doutrina que não é a sua. E, para resumir em poucas palavras toda a substância deste meu discurso, eu vos direi: Procurais a verdade sobre a terra? Procurai a Igreja intolerante. Todos os erros podem fazer-se concessões mútuas; eles são parentes próximos, pois que têm um pai comum: vos ex patre diabolo estis. A verdade, filha do céu, é a única que não capitula.

Vós, pois, que quereis julgar esta grande causa, tomai para isto a sabedoria de Salomão. Entre essas diferentes sociedades para as quais a verdade é objeto de litígio, como era aquela criança entre as duas mães, quereis saber a quem adjudicá-la. Pedi que vos dêem uma espada, fingi cortar, e examinai as caras que farão os pretendentes. Haverá vários que se resignarão, que se contentarão da parte que vão ter. Dizei logo: Essas não são as mães! Há uma cara, ao contrário, que se recusará a toda composição, que dirá: a verdade me pertence, e devo conservá-la inteira, jamais tolerarei que seja diminuída, partida. Dizei: Esta aqui é a verdadeira mãe!

Sim, Santa Igreja Católica, Vós tendes a verdade, porque tendes a unidade, e porque sois intolerante; não deixais decompor esta unidade.

Como se há de resistir às tentações

DA IMITAÇÃO DE CRISTO:

Enquanto vivemos neste mundo, não podemos estar sem trabalhos e tentações. Por isso lemos no livro de Jó (7,1): É um combate a vida do homem sobre a terra. Cada qual, pois, deve estar acautelado contra as tentações, mediante a vigilância e a oração, para não dar azo às ilusões do demônio, que nunca dorme, mas anda por toda parte em busca de quem possa devorar (1 Pdr 5,8) . Ninguém há tão perfeito e santo, que não tenha, às vezes, tentações, e não podemos ser delas totalmente isentos.
São, todavia, utilíssimas ao homem as tentações, posto que sejam molestas e graves, porque nos humilham, purificam e instruem. Todos os santos passaram por muitas tribulações e tentações, e com elas aproveitaram; aqueles, porém, que não as puderam suportar foram reprovados e pereceram. Não há Ordem tão santa nem lugar tão retirado, em que não haja tentações e adversidades.
Nenhum homem está totalmente livre das tentações, enquanto vive, porque em nós mesmos está a causa donde procedem: a concupiscência em que nascemos. Mal acaba uma tentação ou tribulação, outra sobrevém, e sempre teremos que sofrer, porque perdemos o dom da primitiva felicidade. Muitos procuram fugir às tentações, e outras piores encontram. Não basta a fuga para vencê-las; é pela paciência e verdadeira humildade que nos tornamos mais fortes que todos os nossos inimigos.
Pouco adianta quem somente evita as ocasiões exteriores, sem arrancar as raízes; antes lhe voltarão mais depressa as tentações, e se achará pior. Vencê-las-á melhor com o auxílio de Deus, a pouco e pouco com paciência e resignação, que com importuna violência e esforço próprio. Toma a miúdo conselho na tentação e não sejas desabrido e áspero para o que é tentado, trata antes de o consolar, como desejas ser consolado.
O princípio de todas a más tentações é a inconstância do espírito e a pouca confiança em Deus; pois, assim como as ondas lançam de uma parte a outra o navio sem leme, assim as tentações combatem o homem descuidado e inconstante em seus propósitos. O ferro é provado pelo fogo, e o justo pela tentação. Ignoramos muitas vezes o que podemos, mas a tentação manifesta o que somos. Todavia, devemos vigiar, principalmente no princípio da tentação; porque mais fácil nos será vencer o inimigo, quando não o deixarmos entrar na alma, enfrentando-o logo que bater no limiar. Por isso disse alguém: Resiste desde o princípio, que vem tarde o remédio, quando cresceu o mal com a muita demora (Ovídio). Porque primeiro ocorre à mente um simples pensamento, donde nasce a importuna imaginação, depois o deleite, o movimento; e assim, pouco a pouco, entra de todo na alma o malvado inimigo. E quanto mais alguém for indolente em lhe resistir, tanto mais fraco se tornará cada dia, e mais forte o seu adversário.
Uns padecem maiores tentações no começo de sua conversão, outros, no fim; outros por quase toda a vida são molestados por elas. Alguns são tentados levemente, segundo a sabedoria da divina Providência, que pondera as circunstâncias e o merecimento dos homens, e tudo predispõe para a salvação de seus eleitos.
Por isso não devemos desesperar, quando somos tentados; mas até, com maior fervor, pedir a Deus que se digne ajudar-nos em toda provação, pois que, no dizer de S. Paulo, nos dará graça suficiente na tentação para que a possamos vencer (1 Cor 10,13). Humilhemos, portanto, nossas almas, debaixo da mão de Deus, em qualquer tentação e tribulação porque ele há de salvar e engrandecer os que são humildes de coração.
Nas tentações e adversidades se vê quanto cada um tem aproveitado; nelas consiste o maior merecimento e se patenteia melhor a virtude. Não é lá grande coisa ser o homem devoto e fervoroso quando tudo lhe corre bem; mas, se no tempo da adversidade conserva a paciência, pode-se esperar grande progresso. Alguns há que vencem as grandes tentações e, nas pequenas, caem freqüentemente, para que, humilhados, não presumam de si grandes coisas, visto que com tão pequenas sucumbem.