O Concílio Vaticano II e a ruptura.

FONTE: http://is.gd/LNfVjp

Esses anos pulularam cursos e palestras sobre o Concílio Vaticano II em virtude da comemoração de 50 anos do Concílio. Pois é, em um deles fui obrigado a ouvir muita besteira de um bispo emérito, que obviamente não vou citar o nome, mas que foi Bispo Conciliar.

Iniciou apresentando, como quis, sua posição sobre o ecumenismo, hierarquia, infalibilidade, posição do episcopado, perfeição da Igreja, fechamento da Igreja em si mesma e outros temas semelhantes, tudo relativo ao Concílio. Bem típico mesmo!

Esse tipo de pensamento: modernista e ligado à Teologia da Libertação virou bandeira depois do Concílio. Ideologizaram o tema, fincaram mastros, escreveram livros, manipularam fatos e opiniões. Fazem isso até hoje!

Pois bem, em um lado diametralmente oposto, os chamados tradicionalistas radicais diriam, sem muito pestanejar que o Concílio Vaticano II contradisse a Tradição da Igreja no que se refere a seus ensinamentos, especialmente ecumenismo, doutrina social e alguns outros temas.

Ora, nem tanto ao mar, nem tanto a terra. O Vaticano II parece ter se tornado um amplo campo de disputas.

Os tradicionalistas radicais não podem estar corretos porque se estiverem um grave problema deverá ser resolvido: o Vaticano II não poderia ser considerado legítimo, uma vez que um concílio ecumênico pode desenvolver, mas nunca poderá contradizer o ensinamento dogmático anterior da Igreja. É uma sequência, não uma quebra.

Mas o argumento de quebra não seria também um argumento pelo lado dos modernistas e TL? Sim. Seria. Eis um ponto de convergência entre os que estão em alto mar e os que estão em terra firme. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

A diferença se dá apenas em ver o lado positivo e o negativo. Para radicais tradicionalistas é ponto negativo essa quebra que o Vaticano II teria imposto em vários temas, para os modernistas, TL e afins, seria um ponto positivo. É como duas pessoas que veem um peixe no fundo de um lago turvo. Cada uma está em um ângulo diferente, cada uma tem uma iluminação diferente. Uma vê um peixe outra vê uma tartaruga. Na verdade é uma pedra! Se tirassem a nebulosidade do rio e deixassem suas paixões de lado para serem racionais, veriam que se trata de uma simples pedra: estática, fixa, concisa e dura. Uma doutrina. Uma pedra que não varia conforme as ondas, mas que fica firme, mesmo com as piores marés e tribulações.

A Igreja não pode simplesmente se contradizer em questão de doutrina. Se assim o for, não poderemos dizer que se trata da Igreja de Cristo. A Igreja de Cristo é a Igreja de Deus. A Igreja de Deus não pode errar em determinadas matérias. Se a Igreja de Deus errar nas matérias pré-estabelecidas significa que é imperfeita, se for imperfeita não é de Deus, pois Deus é perfeito. E ai? Como fica?

Como fica o Espírito Santo que guia a Igreja cuja cabeça é Cristo? Como fica a cabeça perfeita que é Cristo se erra com tanta facilidade?

Os Concílios Ecumênicos estão sob a égide de Pedro que é pedra e sob o qual a Igreja é edificada e que recebeu de Deus as chaves do reino dos céus sendo possível a ele, Pedro/Papa, ligar e desligar. (Mt. 16,18ss)

Errar em questões de fé e moral não são possíveis porque a Igreja, e o Papa como seu porta-voz por aqui, são guiados pelo Espírito Santo nessas questões.

Ademais, no discurso de abertura do Concílio, o Papa João XXIII parecia já estar prevendo que essas rupturas que poderiam via a acontecer e afirmou no que o Concílio queria:

“transmitir pura e íntegra a doutrina, sem atenuações nem subterfúgios”, empenhando-se para que “esta doutrina certa e imutável, que deve ser fielmente respeitada, seja aprofundada e exposta de forma a responder às exigências do nosso tempo”.

Não a toa que a Constituição Apostólica Lumem Gentium, um dos principais documentos do Concílio Vaticano II afirma categoricamente que:

“A luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente iluminar com a Sua luz, que resplandece no rosto da Igreja, todos os homens, anunciando o Evangelho a toda a criatura (cfr. Mc. 16,15)”

A pergunta que fica frente a essa afirmação é: os grupos que disputam a interpretação do Concílio estão levando em conta que a luz dos povos é Cristo? Entenderam que o Concílio se reuniu à luz do Espírito Santo? Ou apenas atendem a disputas vaidosas do tipo: aos vencedores as batatas?

Não é a toa que a Igreja nunca foi destruída nesses mais de dois mil anos. Padres, diáconos, bispos, cardeais e até Papas já tentaram consciente e inconscientemente destruí-la. Nunca conseguiram! Pessoas de fora, não católicos e católicos de IBGE, nem se fala. Ela resiste e resistirá até o fim dos tempos justamente porque é guiada pelo Espírito Santo. Está aqui por um propósito e esse propósito não cessará até o fim dos tempos, pois Ele estará conosco até a consumação dos séculos, ou seja, o fim desse mundo. Foi o que nos foi prometido em Mt. 28,20b. Porque duvidar disso? Até agora a promessa está sendo cumprida.

Será mesmo que a Igreja havia de existir por dezenove séculos e meio e depois desse tempo haveria uma ruptura? Seria necessária essa ruptura como querem os modernistas, TL e afins? Ou seria essa ruptura desnecessária como pregam os radicais tradicionalistas? Nenhum deles. Simplesmente não houve ruptura. O Concílio Vaticano II foi um concílio plenamente válido como todos os vinte anteriores.

O Reino de Deus: Esperança dos homens

Neste último Domingo do Tempo Comum, a Liturgia cede lugar à Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Verdadeiramente nesta Festa litúrgica ouvimos novamente, com atenção, as palavras do Apocalipse: “Dignus est Agnus, qui occisus est, accipere virtutem, et sapientiam, et fortitudinem, et honorem. Ipsi gloria, et imperium in saecula saeculorum – O Cordeiro, que foi imolado, é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A Ele, a glória e a o império por todos os séculos dos séculos” (5,12). Sim, rendamos glória ao Onipotente, Onipresente e Onisciente. Glória ao Rei e Senhor da História, que tudo governa e que é esperança imortal e perene dos homens.

No Antigo Testamento vemos também uma menção forte ao reinado. Diversos são os reis que se nos apresentam nas Escrituras e que, para o bem ou para o mal, exerceram sua influência na vida do povo. Reis pagãos, tementes a Deus, frágeis, fortes, guerreiros… enfim, todos com características diversas, mas que são inseridos nas narrações bíblicas.

No Novo Testamento essa figura do Rei não se torna menos presente, mas ao contrário, é atribuída ao próprio Cristo. Sabemos que em nenhum momento Jesus se auto intitulou Rei, mas manteve-se sempre na condição de servo. Por isso está escrito que Ele “esvaziou-se de sua glória e assumiu a condição de um escravo, fazendo-se aos homens semelhantes” (Fl 2,12). E aqui seríamos tentados a fazermos aquela mesma pergunta que outrora fizera Pilatos a Cristo e que volta a ressoar no evangelho de hoje: “Ergo Rex es tu? – Então, tu és Rei?” (Jo 18,37). Sim, olhando aquela condição em que se encontrava, envolto em correntes, flagelado, coroado de espinhos, na sua maior fragilidade, quais de nós ousaríamos dizer que era Ele rei? Quais de nós venceríamos a nossa racionalidade, a nossa mentalidade finita e cogitaríamos que Aquele que ali estava era realmente um Rei soberano? De onde era o seu Reino? Que Reino era este? 

Estas perguntas, de fato, não são fáceis de serem respondidas, nem mesmo em nossos dias. Em primeiro lugar precisaríamos ter em mente que a concepção de reino segundo a nossa mentalidade é totalmente divergente da ideia do que seria o Reino de Deus. É patente que aquele é um reino finito e este um reino perene; aquele um reino onde os ricos exploram e oprimem os desfavorecidos, este é o Reino dos pobres, não apenas os pobres materiais, mas sobretudo – e primeiramente! – os pobres de espírito; aquele é o reino da escravidão; este é o reino da liberdade, onde servir já não é um peso mas uma atitude corajosa e decidida de quem está livre para amar. E se um reinado tem a fisionomia do seu rei, este reinado tem a fisionomia do amor e da verdade, que residem totalmente em Cristo Jesus. Por isso a pergunta de Pilatos não encontra-se sem resposta, mas é dada por meio de uma palavra que resume todo o projeto salvífico de Cristo: “Ego in hoc natus sum et ad hoc veni in mundum, ut testimonium perhibeam veritati: omnis, qui est ex veritate, audit vocem meam – Eu para isso nasci e para isto vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade, ouve minha voz” (Jo 18,37).

O Reino de Deus (βασιλεία τοῦ θεοῦ) é também chamado de basiléia. Neste sentido é que ele tem simultaneamente três dimensões, sendo a primeira uma dimensão cristológica, ou seja, o próprio Jesus é o Reino de Deus, Ele mesmo se intitula, ainda que entrelinhas, como o auto-basiléia, Aquele pelo qual todos os homens podem ingressar se descobrirem o real sentido da verdade que reside n’Ele. 

Um segundo aspecto é o eclesial, o Reino de Deus prefigurado na Igreja. De fato, também ela é chamada a manifestar a sua continuidade entre os homens e a sua prefiguração nos tempos escatológicos. Por isso o Sagrado Concílio Vaticano II nos adverte: “Porque o reino de Cristo não é deste mundo (cfr. Jo. 18,36), a Igreja, ou seja o Povo de Deus, ao implantar este reino, não subtrai coisa alguma ao bem temporal de nenhum povo, mas, pelo contrário, fomenta e assume as qualidades, as riquezas, os costumes e o modo de ser dos povos, na medida em que são bons; e assumindo-os, purifica-os, fortalece-os e eleva-os” (Const. Dogm. Lumen Gentium, 13).

A terceira característica o Reino de Deus que cada homem traz consigo, refletido no seu caráter espiritual e moral. De fato, a vinda deste que pedimos no Pai nosso é já um prenúncio salutar daquele mesmo Reino anunciado por Nosso Senhor (Cf. Mt 25,31-46). Entretanto este anúncio não é uma reivindicação por parte de Cristo do seu reinado. É clarividente nos evangelhos que Ele nunca cedeu ao entusiasmo da população que queria proclamá-lo rei, sempre encontramo-lo a fugir destes e daqueles. 

No encontro com Natanael este faz o reconhecimento do poderio de Jesus: “Tu es o Rei de Israel” (Jo 1,49), mas Ele logo trata de volver os olhos do discípulo para a parusia do Filho do Homem, naquela visão magnífica dos anjos que sobem e descem ante o Todo-Poderoso. Depois vemos a multiplicação dos pães, quando a multidão se consolava na esperança de um alimento não pago e desejam arrebata-lo para fazê-lo rei, mas ele novamente escapa (Jo 6,15).

E deparamo-nos novamente com o Evangelho. Jesus não nega a titularidade de rei, mas reafirma que o seu reino não está solidificado neste mundo (cf. Jo 18,36). Não é um reino concorrente com César e tampouco almeja roubar a coroa de Herodes. Por isso, na cegueira da incredulidade, os chefes judeus  não compreendem estas palavras e colocam Jesus como um devaneador, que usa-se do povo para sentar-se no trono de César. 

Na cruz está Seu trono, ali Ele pode reinar para todo o mundo e lá acontece a plenitude da encarnação, ato máximo da sua vida terrena e prefiguração do seu advento definitivo, onde ao seu lado reinaremos na glória final.

Por fim, com o autor sagrado nós queremos reconhecer que “Jesus Cristo é a testemunha fiel, o primeiro a ressuscitar dentre os mortos, o soberano dos reis da terra. A Jesus, que nos ama, que por seu sangue nos libertou dos nossos pecados e que fez de nós um reino, sacerdotes para seu Deus e Pai, a ele a glória e o poder, em eternidade. Amém” (Ap 1,5-6).

Concílio Vaticano II. O porque dos nomes dos documentos.

Por Emanuel Jr.

FONTE: http://is.gd/kjHKrs

Nesse estudo entenderemos, antes de manifestarmos sobre os documentos do Concílio Vaticano II em si, o significado e o porquê dos nomes desses documentos, uma vez que os nomes não são escolhidos livremente ou porque são mais bonitos uns que os outros.

É preciso entender a hierarquia desses documentos e o porquê de sua existência mais ainda. Sequer é preciso mencionar que é preciso obedecê-los, não é mesmo? Espero que não!

Vamos, portanto, às definições.

Constituição Dogmática.

Entre os quatro principais documentos do Concílio Vaticano II temos duas constituições dogmáticas:Constituição Dogmática Lumen Gentium e Constituição Dogmática Dei Verbum.

A constituição dogmática é um documento pontifício que trata de assuntos da mais alta importância, no caso desses dois documentos temos assuntos referentes a definições de dogmas.

O conceito de constituição dentro do direito canônico deriva diretamente do conceito de constituição do direito romano e como lá era entendido. Nas constituições se reservava o título de constititio para as leis mais importantes. Nesse sentido parece um pouco diferente do entendimento do moderno conceito de constituição como lei fundamental de um Estado, mas, de certa forma, a ideia central é a mesma.

É muito comum acharmos sob a assinatura de vários Papas as Constituições Apostólicas. Elas podem tratar de diversos temas, contanto que seja de grande importância, importância essa que a própria Santa Sé, na pessoa do Papa é que define. A Constituição Dogmática é uma constituição apostólica, já que se enquadra na definição de ser um documento que trata de questões da mais alta importância. O nome “dogmática” aparece pelo simples fato de tratar de definição de dogmas, documento exclusivo para tal ato.

É preciso entender, antes disso tudo, que o Concílio Vaticano II foi um Concílio Pastoral e, como pastoral, não é dogmático. Entretanto, também é preciso entender o que é fundamental e faz parte da coluna sustentaria da Igreja e o que é pastoral e, portanto, passível de questionamento, nunca de desobediência.

Constituição Pastoral.

A constituição pastoral também pode ser chamada disciplinar e a Gaudium et Spes é nosso exemplo dentro do Concílio Vaticano II.

A constituição pastoral continua na mesma linha das constituições, mesma argumentação e mesmo motivo de levar o nome constituição, contudo a constituição pastoral, ou disciplinar, faz o que o nome menos divulgado diz: estabelece pontos de disciplina.

Vejamos o exemplo da Gaudium et Spes, ela trata fundamentalmente das relações entre a Igreja Católica e o mundo onde ela está e atua. A primeira parte é mais doutrinária, tratando de vários temas eclesiológicos tais como a missão de serviço ou o sacerdócio comum do Povo de Deus, tema que acabou sendo bastante deturpado por muitos que resolvem fazer a leitura do Concílio fora do contexto de dois mil anos da Igreja. A segunda parte é fundamentalmente pastoral, centrando-se nos diversos problemas do mundo atual.

Ela, portanto, disciplina uma série de questões que precisam ser disciplinadas. Manifesta sobre questões que a Igreja ainda não tinha manifestado ou que a manifestação não foi suficientemente ampla devido a certas mudanças entre outras coisas.

Falaremos bastante sobre a Gaudium et Spes no momento em que nos voltarmos para esse documento, afinal ele é o centro de muitos debates entre modernistas e tradicionalistas.

Constituição Conciliar.

Dentro dos documentos principais do Concílio Vaticano II temos uma única constituição conciliar que é, exatamente a Sacrasanctum Concilium que fala e faz uma série de definições sobre a sagrada liturgia.

Pois bem, mais uma vez não entraremos nesse momento no contexto do documento, mas apenas é bom analisarmos seu nome.

Porque a Sacrasanctum Concilium foi a única a receber o nome de Constituição Conciliar?

Bom, responder a essa pergunta não é algo tão fácil quanto parece, contudo a resposta mais simples e direta é que o documento era, sem dúvida alguma, uma constituição já que tratava de tema da mais alta importância, aliás, para muitos, foi o centro do Concílio, o que não é verdade, diga-se de passagem. Sendo uma constituição, seria necessário encaixá-la em alguma subdivisão. Dogmática não era porque não definia dogmas. Não era pastoral ou disciplinar porque não lhe dava com esses temas. Se estavam em um concílio e a constituição deveria ser nomeada, que fosse nomeada como conciliar, sem mais problemas, uma vez que a dignidade do documento, nesse caso, não diminui ou aumenta conforme sua subdivisão, já que continuava a ser uma constituição.

Declarações e Decretos.

Dentro dos textos conciliares, temos ainda as declarações e decretos. Esses são de muito simples compreensão.

Um decreto não difere muito do que é entendido como tal no direito estatal: é uma ordem emanada de uma autoridade superior ou órgão (civil, militar, leigo ou eclesiástico) que determina o cumprimento de uma resolução.

O decreto pode partir de qualquer autoridade eclesiástica dentro dos parâmetros hierárquicos e dentro dos limites que lhe se são concedidos. Assim, um pároco de uma paróquia qualquer pode decretar algo via documento e enquanto pároco dentro dos limites que lhe são impostos dentro da hierarquia.

Da mesma forma pode acontecer com qualquer autoridade: vigários, reitores, bispos, cadeais, e o Papa. No caso em questão temos os decretos conciliares porque vieram de um concílio e que o Papa os aceitou apondo sua assinatura e decretando o que ali está escrito da forma como está.

Conclusão.

Assim, portanto, temos decretos conciliares sobre a atividade missionário da Igreja, sobre o ministério e vida dos sacerdotes, sobre o apostolado dos leigos e outros somando um total de nove decretos conciliares.

As declarações, da mesma forma, seguem o conceito que temos de declaração. É um documento através do qual a autoridade eclesiástica vem declarar algo a alguém. Assim temos três declarações conciliares: declaração conciliar sobre a educação cristã, sobre a Igreja e as religiões não-cristãs e sobre a liberdade religiosa a famosa Dignitatis Humanae.

Assim é formado o conceito jurídico dos documentos conciliares. Eles obviamente obedecem a uma hierarquia, embora o Direito Canônico tenha algumas diferenças do Direito Estatal nesses casos, já que o canônico é amplamente baseado em princípios, assim como total a fé católica, algo que o Direito Estatal está muito longe de visualizar, quanto mais alcançar, embora alguns visionários já consigam enxergar a principiologia como o futuro do Direito Latino.

Meditações sobre o “Ano da Fé” – Const. Dogm. Lumen gentium (Parte I)

Após a introdução sobre o Ano da Fé e suas perspectivas, damos início às meditações a partir dos documentos conciliares, neste período de um ano, para que com mais clareza e profundidade possamos observar os aspectos essenciais que o Concílio nos propusera e continua a propor-nos por meio do Magistério.

Se por um lado a Constituição é uma leitura do Mistério da Igreja, peregrina neste mundo e esperançosa dos mistérios celestiais que Nosso Senhor há de dar-lhe como recompensa pelos seus méritos; por outro é uma manifestação da Igreja triunfante, que após peregrinar em meio a tormentos e procelas, faz-se agora partícipe da gloria salvífica do Seu Fundador, Cristo Jesus, Rei e Senhor do Cosmos.

Assim inicia a Constituição Dogmática Lumen gentium:

“A luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente iluminar com a Sua luz, que resplandece no rosto da Igreja, todos os homens, anunciando o Evangelho a toda a criatura (cfr. Mc. 16,15). Mas porque a Igreja, em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano, pretende ela, na sequência dos anteriores Concílios, pôr de manifesto com maior insistência, aos fiéis e a todo o mundo, a sua natureza e missão universal. E as condições do nosso tempo tornam ainda mais urgentes este dever da Igreja, para que deste modo os homens todos, hoje mais estreitamente ligados uns aos outros, pelos diversos laços sociais, técnicos e culturais, alcancem também a plena unidade em Cristo” (nº1).

As condições teológicas que se seguiram ao Concílio foram mesmo inquietantes para a realidade pastoral e teológica da Igreja; de fato, muitos não quiseram aceitar o contexto e o viés teológico proporcionado pelo mesmo, que não interrompia em nada o anterior, mas era uma continuidade, suscitado pelo Espírito como Dom à Igreja.

O Bem-aventurado João XXIII no discurso de abertura do Concílio ressalta o objetivo principal deste acontecimento: “O que mais importa ao Concílio Ecumênico é o seguinte: que o depósito sagrado da doutrina cristã seja guardado e ensinado de forma mais eficaz” (Papa João XXIII, Discurso de abertura do Concílio Vaticano II). Assim, não tende a outra finalidade senão continuar, como depósito da sã doutrina, a anunciar a Boa Nova como mandara o seu Senhor e a fazer-se porta-voz do consolo de Cristo nas necessidades hodiernas que impetram temor e tremor aos homens.

Em primeiro lugar, a Constituição enfatiza claramente que o Concílio é fruto da ação do Espírito, não uma ação humana, restrita ao âmbito terreno, mas é dom do alto, é força propulsora que faz os homens recobrarem o valor da misericórdia de Deus e a natureza missionária, pela qual a Igreja foi constituída e que era o tema central daquele momento de graça.  

Uma primeira realidade que encontramos logo de início, é a Igreja anunciadora, missionária, que adentra povos e culturas para lhes indicar o kerigma, a novidade do Evangelho. Para anunciar esta novidade, antes, é preciso que ela mesma resplandeça o Cristo, afinal ninguém pode dar aquilo que ainda não possui. Anunciar o Senhor, e anuncia-lo com alegria sempre nova: eis o ideal cristão! O cristão não pode se tornar suscetível às alegrias e tristezas do mundo, mas, se firmado na verdade, sua alegria é inabalável, sua coragem é imutável, sua determinação é inatingível, sua vida torna-se assim testemunho autêntico do projeto do Reino. E iremos encontrá-la sobretudo na expressiva riqueza dos documentos conciliares, que chamam os fiéis não a uma fé fechada, restrita a seus ideais, uma fé triste pelas dificuldades que acarretam o ser cristão; é sim uma conclamação a alegria de Cristo, a mesma alegria que invadiu as mulheres quando, ao contemplarem o Ressuscitado, foram anunciá-lo aos apóstolos. Naquela madrugada, tomadas pelo medo mas também pela alegria, as mulheres foram pressurosas aos apóstolos anunciar aquilo que o anjo mandara: “Não vos assusteis! Procurais Jesus, o nazareno, aquele que foi crucificado? Ele ressuscitou! Não está aqui! Vede o lugar onde o puseram! Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro: ‘Ele vai à vossa frente para a Galileia, Lá o vereis, como ele vos disse!’” (Mc 16,6b-7).

E precisamente aqui reside o foco primeiro do Concílio: dar um novo caráter pastoral à Igreja. Não visava condenar heresias ou proclamar dogmas, mas reavaliar, fomentar, ilustrar o novo cenário que se despontava e, nesta perspectiva, aggiornar (atualizar) os ensinamentos eclesiásticos mostrando ao mundo o caráter sempre atual do Evangelho. Ainda nesse aspecto o Papa João XXIII afirmara no discurso de abertura: “Uma coisa é a substância do “depositum fidei“, isto é, as verdades contidas na Doutrina da Igreja, e outra é a formulação com que são enunciadas, conservando-lhes, contudo, o mesmo sentido e o mesmo alcance. Será preciso atribuir muita importância a esta forma e, se necessário, insistir com paciência, na sua elaboração; e será necessário usar a maneira de apresentar as coisas que mais corresponda ao magistério, cujo caráter é prevalentemente pastoral”.

Um segundo aspecto é a manifestação da Igreja como Sacramento, emanada do lado aberto de Cristo, representada pelo sangue e pela água que jorraram do seu peito. Da Cruz brota para o mundo a Igreja, fincada no coração do Seu Senhor, ostentada pelo lenho da salvação. E por consequência desta ligação, mesmo com as adversidades constantes, com o cinismo religioso da parte de alguns, com o relativismo, com a descrença, Ela está indissoluvelmente estreitada ao lado de Cristo; desta forma, como nos diz o profeta, ela é receptáculo, beneficiada, por aquelas palavras que nos fazem atentar ao zelo pertinente que os cristãos tiveram nos séculos e que fizeram edificar-se na história: “Haurietis aquas in gaudium... – Haurireis águas com gáudio das fontes do Salvador” (Is 12,3).

O primeiro capítulo, portanto, está dedicado ao Mistério da Igreja e a sua história, desde a prefiguração do Antigo Testamento até a sua presença no contexto histórico-salvífico da humanidade, o qual continuaremos a ver, juntamente com outros documentos, no decorrer deste Ano da Fé.

Na Audiência Geral da Quarta-feira, 14 de Novembro, dando continuidade às suas meditações sobre o Ano da Fé, o Santo Padre Bento XVI, afirmou: “Muitos têm compreensão limitada da fé cristã, porque a identificam como um mero sistema de crença e de valores e não tanto com a verdade de um Deus revelada na história, desejoso de comunicar com o homem face a face, em um relacionamento de amor com Ele”.

Eis aqui o fundamento primeiro: amor! Uma palavra tão desgastada, tanto etimologicamente, quanto sentimentalmente. Transcorridos cinco decênios do Concílio faço insurgir um questionamento: temos sido a religião do amor e do perdão que Cristo tanto anunciou? Temos cumprido a primeira missão do ser cristão que reside convictamente no amor? Questionamentos pertinentes à nossa realidade que convidam-nos a realçarmos o papel primário do amor no âmbito cristão. 

Não desejo fazer uma meditação etimológica, teológica ou filosófica do amor, mas levar a uma realidade sobrepujante: a sua vivência. A realidade do amor é o fundamento do projeto salvífico de Cristo. Deus é o Deus da justiça, do perdão, da misericórdia, mas o é também – e sobretudo! – do amor. O Cristianismo, se esvaziado deste, perde todo o seu sentido, todo o seu significado maior, torna-se apenas um código de moral ou ética, rompe o laço trinitário, desvanece do seu caráter salvífico. Por isso, a Lumen gentium condiciona este caráter a estar arraigada em Cristo (“a Igreja, em Cristo…”), verdadeiro e único Salvador.

E se o amor é plano de fundo da comunhão entre os homens de boa vontade, é propício que também, atado a este, encontre-se outra definição eclesiológica conciliar: “instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano”. De fato, como por nós é sabido, todo instrumento é servido para auxiliar em algo, a alguém. A Igreja, usada pelo próprio Cristo como seu Corpo Místico, ou segundo a expressão paulina, “esposa de Cristo” (Ef 5,22-32), não é dona dos mistérios que lhe foram confiados, mas é uma administradora fiel, prudente e materna, que sapientemente conduz e produz frutos abundantes. Está em todos os lugares e é porta voz de todos os povos. 

Parece-nos que, muitas vezes, temos nos invalidado desta missão de promovermos a unidade; ao contrário, percebemos também que em diversos atos temos sido promotores de discórdias e de lutas, seja com nossos irmãos crentes ou com os que professam outra fé. Cabe a nós fazermos valer este título de promotora da unidade com o gênero humano. Devemos dialogar em comum fitando-nos no mesmo ponto que é Cristo Jesus. Isso não significa aceitarmos os erros teológicos de outrem, mas dialogarmos pela passividade, pelo respeito e pela liberdade, reconhecendo a autonomia religiosa de cada um e fazendo com que o primeiro direito e dom de Deus, a vida, seja defendido em todos os lugares. 

A Igreja também é, antes de tudo, um caráter mistagógico, outrora oculto em Deus, hoje revelado e em parte realizado; é manifestação de Deus aos homens, graça doadora do Pai para que, reconstituindo os laços humanos divididos pelo pecado, pudessem reencontrar um caminho, um farol, para seguirem adiante e não desanimarem no curso histórico.

Sendo mistério de Deus a definimos, por conseguinte, como “mistério humano”, ou ainda melhor diríamos: mistério aos homens. Não obstante ser genuinamente e basicamente projeto divino, ela não poderia desenvolver outro curso senão ao lado da história humana. É sabido que dentre as constituições ontológicas do homem, temos algo que lhe é inerente e, portanto, imutável: a sua passividade a errar. Deus, em sua absoluta grandeza, nunca está sujeito ao erro, uma vez que seria contrário à Sua natureza, e assim sendo, isto nos levaria a questionar a veracidade de Sua divindade; no entanto, sendo Deus o supremo arquiteto da graça e baluarte da salvação, doa aos homens a Igreja como propiciadora de uma feliz reconciliação, reatando os laços que, outrora, foram cortados pelo pecado.

Reafirmando a unicidade do homem com Deus e a impossibilidade de uma existência sadia longe d’Ele, o inimigo perversor semeia a intriga e a discórdia, para que seja a Igreja atacada de forma virulenta e possa desanimar de sua missão profética. Como bem alertara o Venerável Servo de Deus, Papa Pio XII, de imperecível memória, e com o qual findo esta primeira meditação: 

“Certamente, o ódio contra Deus e contra os que legitimamente lhe fazem as vezes é o maior crime que o homem pode cometer, criado como foi este à imagem e semelhança de Deus, destinado a gozar da sua amizade perfeita e eterna no céu; visto que pelo ódio a Deus o homem se afasta o mais possível do sumo Bem, sente-se impelido a repelir de si e do seu próximo tudo quanto vem de Deus, tudo quanto une com Deus, tudo quanto conduz a gozar de Deus, ou seja a verdade, a paz e a justiça” (Cart. Enc. Haurietis Aquas, 68).

Santidade: Convite proeminente de Cristo

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A chamada universal à santidade iniciada por Cristo e continuada pela Igreja perpetua-se durante estes vinte e um séculos sobre o foco de um convite. Em verdade, esta nunca se impôs como uma obrigação, mas foi manifestada àqueles que escutam atenciosamente o chamado do Senhor e que, com Ele, desejam estreitar suas vidas em conformidade com o projeto salvífico.

Beati mundo corde – Bem-aventurados os puros de coração” (Mt 5,8). Bem aventurados todos os que conformam sua vida ao projeto de Cristo, aqueles que adentram o seu coração e que deixam-se adentrar por Ele. É relevante o tema da santidade uma vez que ela é a via para conduzir-nos a Deus. Todos são conclamados a este mistério de amor dado por Deus, Santo por excelência, “Santo e fonte de toda a santidade”; o Deus vivo e verdadeiro que existe antes de todo o tempo e permaneceis para sempre, habitando em luz inacessível (Oração Eucarística II; cf. Ora. Euc. IV). Tal a magnitude de sua santidade, que nem todos os Santos, unidos a bem-aventurada Virgem Maria, poderiam superá-lo, afinal Ele é o Criador e Senhor de todas as coisas, autor da santidade e Sumo Bem. Por isso, Ele é três vezes Santo – Sanctus, Sanctus, Sanctus, Dominus Deus Sabaoth -, o Senhor dos exércitos, que enche o céu e a terra (cf. Is 6,3).

Se perguntarmos aos teólogos qual o maior atributo de Deus dir-nos-ão que n’Ele são todos os atributos iguais, porque todos e cada um deles é Deus, e portanto não podem ser ditos maiores ou menores, mas constituem parte inerente e indizível da mesma natureza. Entretanto, São Dionísio Areopagita, que outrora escrevera magnanimamente sobre os atributos divinos, diz-nos: “Deus per excellentiam cuncta excellentem Sanctus Sanctorum praedicatur – Quando dizemos que Deus é santo, e Santo dos Santos, louvamos em Deus uma excelência que é mais excelente que todas”. Há também que ressaltarmos que as Escrituras nos apresentam o nome Santo como um outro nome de Deus. Podemos vê-lo em um dos exemplos: “Blasphemaverunt Sanctum Israel – Blasfemaram o Santo de Israel” (Is 1,4).

A noção bíblica de santidade é riquíssima de significados. A Escritura não apenas põe a santidade como renúncia ao profano, mas coloca-a em Deus, sua própria fonte e origem. Se, de um lado, a santidade de Deus, como já dissera, é inacessível ao homem; por outro lado o próprio Deus quis comunicar essa sua santidade, Ele “se santifica”, se mostra santo, manifestando sua glória. Poderíamos deter-nos sobre diversas manifestações da santidade divina, no entanto convém deter-nos sobre a santidade comunicada por amor aos homens.

“Agora celebramos, e depois seremos celebrados: agora nós celebramos a eles, e depois outros celebrarão a nós” (Pe. Antônio Vieira, Sermão de Todos os Santos). Com estas palavras do egrégio orador, possuidor de riquíssima sabedoria intelectual, mas sobretudo de um uma riqueza espiritual, vemos o convite veemente à santidade.

A Igreja triunfante recebeu o mérito da vida que levara enquanto Igreja militante. Mas, donde lhes provém a santidade divina, se os laços humanos foram rompidos com Deus? A santidade humana não provém diretamente de Deus, mas antes disso ela deve passar pelo sacrifício de Cristo que santifica a todos os crentes. A participação na vida de fé move-nos a este caminho de santidade, nos conclama a uma participação na comunidade eclesial, onde podemos melhor exercê-la.

O Sagrado Concílio Ecumênico Vaticano II, com o qual devemos estreitar mais ainda nossos laços neste Ano da Fé, faz-nos uma advertência sobre a Santidade: “Munidos de tantos e tão salutares meios, todos os cristãos de qualquer condição ou estado são chamados pelo Senhor, cada um por seu caminho, à perfeição da santidade pela qual é perfeito o próprio Pai” (nº 31).

Não é um convite indiferente às necessidade do tempo hodierno. Também hoje ressoa o convite de Cristo, que, embora às vezes, sufocado pelos prazeres e comodismos de vida, nunca é totalmente ab-rogado do homem. Por isso, na segunda leitura, São João faz-nos recobrar a grandeza própria do homem, de ser chamado filho de Deus: “Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai.
Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é” (1Jo 3,1-2).

Graças a filiação adotiva podemos ser chamados filhos de Deus. E o somos por meio de Cristo Jesus. Este é o presente primeiro que nos concede Deus em sua infinita bondade. Rompidos os laços do homem com o pecado, Deus, por meio da encarnação do Verbo, nos reconstitui a Ele, nos faz seus filhos e nos concede a dignidade de podermos chamá-lo: Pai.

Mas esta filiação adotiva leva-nos também a professarmos a nossa certeza da luta pela santidade. “Seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como ele é”. Estas palavras do apóstolo fazem mergulhar-nos na grande misericórdia de Deus. Eis a recompensa para aqueles que fazem da sua vida um sinal do amor de Deus. Contemplar a face de Deus, é isso que tanto pedimos, e isto nos será concedido se mantivermos em nós os mesmos sentimentos de Cristo, a retidão e a estreita união com Deus.

Beati mundo corde – Bem-aventurados os puros de coração”, diz Nosso Senhor no Evangelho (Mt 5,8). Sim, é no coração que está a fonte da santidade, por isso o homem deve mergulhar o seu coração no Coração de Deus. 

Por isso dirá Padre Antônio Vieira: “De sorte que, para um homem ser santo, não é necessário coisa alguma fora do homem, nem ainda é necessário todo homem; basta-lhe uma só parte, e essa a primeira que vive e a última que morre, para que lhe não possa faltar em toda a vida, que é o coração” (Sermão de Todos os Santos).

Para Deus basta-nos a pureza do coração para que obtenhamos os bens celestiais concedidos aos já participantes da Igreja triunfante. Por isso, de nada nos adiantam títulos e honras se não obtivermos, antes de tudo, a maior honra que é a de um coração límpido, tocado pelo amor de Deus. Não são as Mitras, os Báculos, os Solidéus, as Coroas, os graus hierárquicos, o estado civil, os bens materiais, que fazem ou deixam de fazer santos, mas antes de tudo (e somente isso!): a pureza interior. Não fosse assim não o seriam Luiz, Rei da França; Estevão, Rei da Hungria; Erico, Rei da Dinamarca; Benedito, o Negro, Cozinheiro do Convento; Lázaro, pobre; Floro, serrador; Jacó de Boêmia, carpinteiro; Alderico, vaqueiro; Arnoldo, marinheiro; Leonardo, pastor, entre tantos outros que me abstenho de enumerar aqui. E não há ofício tão baixo, tão trabalhoso e imundo para os homens, que não seja tão alto para Deus se em todos eles mantivermos aquele grau primeiro para a santidade: Beati mundo corde.

Neste dia da Solenidade de Todos os Santos, proponhamo-nos a vivenciar com pureza de coração o exemplo destes homens e mulheres que doaram sua vida a Cristo, cada qual em seu estado de vida e em sua profissão. Para Deus não vale-se a grandeza terrena mas a grandeza do coração. O céu não está longe, mas muito próximo. Ele pode ser encontrado a começar do interior de cada homem. Pois que adianta o corpo está no claustro e o coração no mundo? Que adianta consagra-se a Deus, mas continuar a oferecer sacrifício aos ídolos? Que adianta abraçar um estado de vida, se teu coração e tua vocação te apontam outro caminho? Busquemos a santidade onde quer que estejamos. E onde quer que estejamos mostremos que a santidade produz a alegria dos filhos de Deus, não é triste nem monótona, é alegre, fiel e esperançosa.