Sacrosanctum Concilium. Parte nove, A promessa divina realizada na Santa Missa.

Outros artigos sobre o CVII:

50 anos é tempo suficiente?

O porque dos nomes dos documentos.

O Concílio Vaticano II e a ruptura.

Sacrosanctum Concilium. Parte um.

Sacrosanctum Concilium. Parte dois.

Sacrosanctum Concilium. Parte três. Um guarda fiel da tradição.

Sacrosanctum Concilium. Parte quatro. A plenitude do culto divino.

Sacrosanctum Concilium. Parte Cinco. A presença de Cristo na Santa Missa.

Sacrosanctum Concilium, Parte Seis. Santa Missa: culto agradável a Deus e o caráter esponsal de Cristo com Sua Igreja.

Sacrosanctum Concilium. Parte Sete. Culto público e integral da Igreja e exercício da função sacerdotal de Cristo.

Sacrosanctum Concilium. Parte Oito. A Liturgia terrena, antecipação da Liturgia celeste.

Sacrosanctum Concilium. Parte Nove. A promessa divina realizada na Santa Missa.

Em continuidade ao número 8 do documento intitulado Sacrosanctum Conciliumtemos que, além de entender que a Liturgia da qual participamos aqui é uma antecipação da liturgia celeste; que essa mesma liturgia é lugar de onde nos dirigimos à Deus, conforme por várias vezes já foi mencionado e que o documento nada mais faz do que confirmar o que estamos tentando dizer:

8. Pela Liturgia da terra participamos, saboreando-a já, na Liturgia celeste celebrada na cidade santa de Jerusalém, para a qual, como peregrinos nos dirigimos e onde Cristo está sentado à direita de Deus (…)

A Santa Missa se mostra um caminho que deve ser trilhado por todos nós, entendendo que Cristo é o Caminho (João 14, 6a) como Ele mesmo já nos disse. Na Santa Missa temos o sacrifício de Cristo, escândalo para um sem número de pessoas, cristãs ou não, que nos leva à salvação, afinal, Cristo morreu para nos salvar e abriu o caminho para que todos nós pudéssemos chegar ao Pai, contudo é preciso querer, é preciso buscar, é preciso trilhar esse caminho.

(…) por meio dela cantamos ao Senhor um hino de glória com toda a milícia do exército celestial, esperamos ter parte e comunhão com os Santos cuja memória veneramos, e aguardamos o Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até Ele aparecer como nossa vida e nós aparecermos com Ele na glória (23).

Os anjos não à toa participam da Santa Missa. Ela é o apogeu da adoração divina e toda criatura deve fazer essa adoração (Filipenses 2, 9-10). Obviamente que o grau de entendimento dos anjos é muito maior que o grau de entendimento do mais entendido dos seres humanos, contudo só podemos pagar por aquilo que sabemos e entendemos. Como diriam alguns: a ignorância salva mais do que qualquer outra coisa nesse mundo (Atos dos Apóstolos 17, 30).

Algumas passagens bíblicas são cristalinas para o entendimento da Santa Missa como ela é e como foi sendo inserida na humanidade desde o princípio.

Desde o início Deus faz uma aliança com Abraão, então Abrão, o que pode ser lido em Gênese 15, 5-19. A passagem parece estranha e com costumes estranhos aos nossos, porém, ao ser entendida como um pacto, podemos chegar a algumas conclusões.

Deus diz a Abrão que lhe dará uma infinita descendência:

E, conduzindo-o fora, disse-lhe: “Levanta os olhos para os céus e conta as estrelas, se és capaz… Pois bem, ajuntou ele, assim será a tua descendência.” (Gênesis 15,5)

Essa era uma promessa divina e certamente seria cumprida, contudo Abrão, mesmo confiando deixa transparecer uma ponta de dúvida ao perguntar a Deus:

“O Senhor Javé, como poderei saber se a hei de possuir?” (Gênesis 15, 8)

Deus, em Sua infinita misericórdia não leva a pergunta com maus olhos e entende a dúvida de Abrão, afinal era uma promessa sem precedentes e de uma grandeza sem fim. É preciso entender que a grandeza dessa promessa não estava somente na quantidade de descendentes, mas na possibilidade de ter esses descendentes. Nossa sociedade atualmente parece inverter os papéis e entender que uma grande prole e uma larga descendência é uma praga, uma espécie de maldição. As pessoas não mais querem filhos e preferem cachorros e gatos, contudo Abrão e toda a sociedade em que ele estava inserido não entendia assim, pelo contrário, tinha nessa grande prole e grande descendência o entendimento de que é uma bênção de Deus, como na verdade é.

Pois bem, Abrão considerou essa bênção grande demais e por isso faz a pergunta para Deus querendo saber como poderá saber se há mesmo de possuir tudo aquilo.

Deus responde com uma ordem estranha para nossos costumes:

“Toma uma novilha de três anos, respondeu-lhe o Senhor, uma cabra de três anos, um cordeiro de três anos, uma rola e um pombinho.” (Gênesis 15, 9)

A ordem de Deus para Abrão é um tanto quanto estranha, mas muito óbvia para Abrão que não titubeia e já parte em busca desses animais.

Como podemos perceber, Abrão já sabia o porque de Deus pedir esses animais e já prepara tudo sem mesmo que Deus determine algo mais, vejamos:

Abrão tomou todos esses animais, e dividiu-os pelo meio, colocando suas metades uma defronte da outra; mas não cortou as aves. (Gênesis 15, 10)

Deus não manda a Abrão que ele divida os animais ao meio, mas Abrão já faz isso porque já compreendeu o que Deus pretende.

Era costume da época que, quando selado um pacto, comercial normalmente, ou uma promessa qualquer feita entre duas pessoas, se pegasse animais e os partisse ao meio. Os dois pactuantes passavam entre os animais prometendo que se não cumprirem a promessa “que aconteça comigo o que aconteceu com esse animal”, ou seja, que morra da forma mais horrível possível. Tudo porque não cumprir o pacto.

Deus entende esse costume e Abrão também, por isso esse ritual já é prontamente organizado por Abrão.

Entretanto, a sequência dos fatos não acontece exatamente como Abrão esperava, nem como era o costume. Após uma clara profecia sobre o que aconteceria ao povo de Israel no Egito, inclusive o êxodo, a Bíblia nos relata o seguinte:

Quando o sol se pôs, formou-se uma densa escuridão, e eis que um braseiro fumegante e uma tocha ardente passaram pelo meio das carnes divididas. (Gênesis 15, 17)

Como dissemos, no meio dos animais divididos deveriam passar aqueles que fazem o pacto, ou seja, no caso em questão deveriam passar Deus e Abrão. Deus se manifesta por várias vezes como fogo, como bem sabemos. Existe o episódio da sarça ardente (Êxodo 3, 1-4), também pela invocação de Elias para provar que Deus era único e não existia nenhum Deus Baal (1Reis 18, 24ss) e outras tantas passagens.

Nesse caso, o fogo, que era Deus, passou sozinho por entre os animais partidos. O que isso poderia significar? Ora o significado é por demais óbvio: Deus assume toda a responsabilidade sozinho. É claro que Deus não descumpriria Sua palavra, contudo o homem, corrompido pelo pecado original e tendente sempre ao pecado, certamente descumpriria. Deus assume sozinho a responsabilidade e seria partido ao meio, ou seja, morto da pior forma, caso houvesse algum descumprimento de qualquer das partes.

A morte de Cristo nada mais foi do que o cumprimento dessa promessa e de tantas outras. Nessa promessa feita com Abrão, Deus se entrega à morte mais horrível não por Seu próprio descumprimento do que foi pactuado, mas pelo descumprimento da humanidade, isto é, morre por nós e no nosso lugar.

A morte de Cristo vem sendo confirmada na história do povo de Israel desde muitos anos antes da vinda do próprio Cristo e, antes mesmo dessa morte Cristo nos ensina muitas coisas entre elas a Santa Missa que deve ser celebrada apenas por aqueles que foram escolhidos e chamados pelo nome, apenas pelos Apóstolos e aqueles que o sucederem. Trata-se de um mandato divino, algo a ser discutido em outro texto.

É o cumprimento dessa promessa divina o que celebramos na Santa Missa e é nessa esteira que o altar se torna Calvário, celebrando a mesma morte de um Deus atemporal em cada Santa Missa diariamente celebrada em milhares de lugares pelo mundo.

Sacrosanctum Concilium. Parte Oito. A Liturgia terrena, antecipação da Liturgia celeste.

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Sacrosanctum Concilium. Parte Sete. Culto público e integral da Igreja e exercício da função sacerdotal de Cristo.

Sacrosanctum Concilium. Parte Oito. A Liturgia terrena, antecipação da Liturgia celeste.

Um título perfeito foi o encontrado pelos padres conciliares ao dar cabeçalho ao número 8 do documento Sacrosanctum Concilium de “A Liturgia terrena, antecipação da Liturgia celeste”.

Poucos católicos sabem o que é realmente a Santa Missa, quanto aos demais, sejam protestantes, não cristãos ou até mesmo os que tentam admitir que não creem em nada, apesar de terem em suas teorias um pressuposto de infalibilidade dogmática incontestável, quanto a esses todos, obviamente, que não têm a mínima noção do que seja uma celebração litúrgica, uma vez que sequer conhecem, em sua maioria, a palavra liturgia.

Pois bem, de qualquer forma o católico, ou o que se diz católico, normalmente não tem nem um vislumbre do que vem a ser liturgia, muito menos de que a Santa Missa que é celebrada em diversas igrejas e que pode ser acompanhada por qualquer um de nós, é uma antecipação do que acontecerá após a  nossa morte, caso esse seja o nosso destino após essa vida, claro.

O número 8 do documento assim é redigido:

8. Pela Liturgia da terra participamos, saboreando-a já, na Liturgia celeste celebrada na cidade santa de Jerusalém, para a qual, como peregrinos nos dirigimos e onde Cristo está sentado à direita de Deus, ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo (22); por meio dela cantamos ao Senhor um hino de glória com toda a milícia do exército celestial, esperamos ter parte e comunhão com os Santos cuja memória veneramos, e aguardamos o Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até Ele aparecer como nossa vida e nós aparecermos com Ele na glória (23).

O parágrafo é relativamente longo visualmente, mas extremamente estreito para a quantidade de detalhes, conceitos e afirmações importantes que faz. Por esse motivo vamos ter que destrincha-lo deixando para outra oportunidade o estudo de suas demais partes. Vejamos seu início:

“Pela Liturgia da terra participamos, saboreando-a já, na Liturgia celeste celebrada na cidade santa de Jerusalém (…)”

Esse pequeno excerto foi feito para que entendamos uma coisa básica: a Santa Missa não é reunião de pessoas; não é encontro social; não é culto para agradar sentidos humanos manchados pelo pecado original. A Santa Missa é culto agradável a Deus e só a Ele dirigido. A Santa Missa é a antecipação do paraíso.

Para entendermos isso é bom sabermos que existem três partes ou estados da Igreja, todas católicas, claro: Igreja militante, Igreja padecente e Igreja triunfante.

A Igreja militante é a que fazemos parte e que milita aqui nesse mundo buscando a purificação e a aproximação da glória final junto a Deus. A Igreja padecente é aquela que está no purgatório e padece, sofre e purga seus pecados para também, um dia, estar na glória de Deus. Por fim, a Igreja triunfante que é aquele cujos membros já foram salvos e estão junto a Deus no paraíso formando uma grande torcida que silenciosamente intercede por todos nós conforme os preceitos divinos.

São Pio X em seu Catecismo Maior certamente é mais conciso e feliz ao explicar:

146. Onde se encontram os membros da Igreja?

Os membros da Igreja encontram-se parte no Céu, formando a Igreja triunfante; parte no Purgatório, formando a Igreja padecente e parte na terra, formando a Igreja militante.

Por favor, ninguém me acuse de afirmar que a Igreja é divida em três partes independentes, não disse isso em momento algum. Disse que a Igreja é dividida em três partes que melhor podem ser compreendidas como três estados. Essas três partes ou estados compõem, por óbvio uma só Igreja cuja cabeça é única: Cristo. São Pio X também não me deixa solitário nessa explicação e certamente explica com mais clareza em seu Catecismo Maior:

147. Estas diversas partes da Igreja constituem uma só Igreja?

Sim, estas diversas partes da Igreja constituem uma só Igreja e um só corpo, porque têm a mesma cabeça que é Jesus Cristo; o mesmo espírito que as anima e as une e o mesmo fim, que é a felicidade eterna, que uns já estão gozando e que outros esperam.

Justamente por ser militante a Igreja aqui na Terra é também gloriosa, não no mesmo sentido da Igreja que já está no paraíso, a triunfante, mas no sentido de que milita e também tem sua glória. Lembre-se que falamos da Igreja que é gloriosa mesmo aqui sendo militante e não dos seus membros que não são gloriosos, afinal a glória maior ainda está por vir mesmo para a Igreja dos Santos, ou seja, mesmo para a Igreja triunfante, uma vez que ela só atingirá a plenitude da glória quando vier o juízo final e todos aqueles que foram salvos e que Deus chama pelo nome (Is 49,1) farão parte de Seu corpo. Nesse dia a Igreja militante se “unirá” definitivamente à Igreja triunfante e padecente. É pensando assim que temos a Santa Missa como ato de total entrega de Cristo por aquela parcela da humanidade que O aceita e O quer. A Santa Missa passa a ser a antecipação da liturgia celeste quando nos eleva a Deus de tal forma que os anjos aclamam conosco, a uma só voz, o canto do Santo.

É nesse estrito sentido que nos unimos à Igreja triunfante todas as vezes que celebramos a Santa Missa já que, assim, tocamos o céu nesse milagre diário que nos passa desapercebido que é a Santa Missa antecipando o que no futuro esperamos conseguir encontrar nos céus.

Sacrosanctum Concilium. Parte Sete. Culto público e integral da Igreja e exercício da função sacerdotal de Cristo.

Outros artigos sobre o CVII:

50 anos é tempo suficiente?

O porque dos nomes dos documentos.

O Concílio Vaticano II e a ruptura.

Sacrosanctum Concilium. Parte um.

Sacrosanctum Concilium. Parte dois.

Sacrosanctum Concilium. Parte três. Um guarda fiel da tradição.

Sacrosanctum Concilium. Parte quatro. A plenitude do culto divino.

Sacrosanctum Concilium. Parte Cinco. A presença de Cristo na Santa Missa.

Sacrosanctum Concilium, Parte Seis. Santa Missa: culto agradável a Deus e o caráter esponsal de Cristo com Sua Igreja.

Sacrosanctum Concilium. Parte Sete. Culto público e integral da Igreja e exercício da função sacerdotal de Cristo.

Sacrosanctum Concilium. Parte Oito. A Liturgia terrena, antecipação da Liturgia celeste.

Sacrosanctum Concilium. Parte Nove. A promessa divina realizada na Santa Missa.

É incrível a riqueza do documento conciliar Sacrosanctum Concillium. Cada frase, cada parágrafo, pode ser desenvolvido em textos de profundíssima reflexão e verdades incontestáveis da fé que só a Igreja pode proclamar.

O número 7 do documento é relativamente grande sendo composto não por um parágrafo, mas por quatro. O terceiro e o quarto merecem reflexão separada justamente por, mesmo dando continuidade ao que foi dito nos dois anteriores, aprofundarem em um tema obscuro para a maioria dos católicos e negada pelo protestantismo. Aqui falaremos exclusivamente do terceiro parágrafo.

Não podemos afirmar com absoluta certeza se a obscuridade vem devido à negação dos protestantes, uma vez que estamos em uma sociedade protestantizada, ou se o protestantismo veio devido a obscuridade já havida entre os católicos. Não vamos discutir isso porque seria o mesmo que discutir quem veio primeiro o ovo ou a galinha. Na verdade não interessa. Qualquer que seja a origem do problema, a questão é que a falta de formação e entendimento da fé que professa nos leva a protestar contra a nossa própria fé. Antes essa fé fosse somente uma fé particular e inerente a cada ser, não, não é. Trata-se da negação e protesto contra a única fé que traz a verdade consigo, não porque pretende ser a dona da verdade e queira dominar o mundo. Essas acusações sempre vem sem um argumento digno. É a única que traz a verdade consigo porque é a única que o próprio Deus fundou e deixou sob o comando de Pedro Apóstolo (Mt. 16, 18 ss) além de deixar a necessidade de sucessão.

Pois bem, voltando aos dois últimos parágrafos número 7 do documento Sacrosanctum Concillium, temos sua redação nos seguintes termos:

“(…) Com razão se considera a Liturgia como o exercício da função sacerdotal de Cristo. Nela, os sinais sensíveis significam e, cada um à sua maneira, realizam a santificação dos homens; nela, o Corpo Místico de Jesus Cristo – cabeça e membros – presta a Deus o culto público integral.”

O parágrafo começa com uma afirmação que pouco se conhece entre os católicos: a missa é o exercício da função sacerdotal de Cristo.

Quando se vê um pastor protestante, qualquer que seja a denominação, presidindo seu culto, ou um rabino ensinando na mesquita, ou um espírita fazendo seus ensinamento ou dando passes em um centro ou terreiro, nenhum deles ousa proclamar-ser representante de Deus ou mais que isso, o próprio Deus.

Que os céus sacudam agora na visão protestante, mas é o que o sacerdote é durante a celebração da missa: o próprio Cristo. Não só ele, mas ele principalmente. Assim, por obviedade que Cristo exerce Sua função sacerdotal, já que Ele mesmo fala na missa, seja nas leituras, seja na consagração e em outros momentos. In persona Christi é o nome que se dá em latim para o fato de o sacerdote falar na missa como que o próprio Deus (Cristo).

Caso não fosse assim, como poderia um mero homem, cheio de pecados, insatisfações, erros e imperfeições fazer o milagre programado de transformar o pão em Cristo? Obviamente que aquelas mãos são consagradas, aquele ser, o sacerdote, não é como nós que não seguimos esse caminho, contudo é Cristo quem consagra através daquele ser, assim como é Cristo que fala através daquele que faz a leitura na missa.

No mesmo parágrafo o documento conciliar continua:

“(…) Nela (na liturgia), os sinais sensíveis significam e, cada um à sua maneira, realizam a santificação dos homens;(…)”

Essa verdade continua e sempre continuará sendo absoluta devido o simples fato de ser culto a Deus estabelecido pelo próprio Deus e manutenido pela Igreja.

O mais importante é sempre entender que a Santa Missa é culto agradável a Deus, embora seja Seu próprio sacrifício o que ocorre. Não um outro sacrifício, mas aquele mesmo ocorrido dois milênios atrás. Esse sacrifício vale mais que qualquer sacrifício que possamos fazer, mesmo os martírios já que “no martírio é o ser humano que dá a vida por Deus e na missa é Deus quem dá a vida pela humanidade” (Santo Tomás de Aquino). Esse sacrifício é, também e por esse motivo, o meio de santificação dos homens. A humanidade se beneficia desse sacrifício para se santificar, através de Deus, sempre assim deve ser, e chegar ao próprio Deus, fazendo parte de Seu projeto salvífico.

Importante perceber que faremos parte desse projeto, dessa felicidade, alegria e justiça plenas. Não veremos ou estaremos presentes, mas faremos parte como membros.

É por isso que o documento completa o parágrafo dizendo:

“(…)nela (na liturgia), o Corpo Místico de Jesus Cristo – cabeça e membros – presta a Deus o culto público integral.”

O Corpo Místico de Cristo justamente é essa Igreja que Ele fundou e deixou aqui na Terra com seus membros distribuídos conforme sua função, necessidade e importância (1Cor 12,4-31).

Outro ponto que passa batido por todos nesse pequeno excerto é o de que a Santa Missa é “culto público integral” prestado a Deus pela Igreja. Ora. Parece óbvio que se diga isso, mas não é.

Inicialmente a grande maioria, a maioria esmagadora das pessoas, católicas ou não, não tem consciência plena de que a Santa Missa é culto a Deus. Ou se tem agem como se não tivessem. Digo isso porque se a Santa Missa é culto a Deus, então a quem devemos agradar nesse culto? Agora me respondam a quem boa parte das pessoas pretende agradar quando tocam músicas dançantes, inventam missas show e fazem teatro nesse momento? Não é a Deus que pretendem agradar, embora tentem mascarar sua errada atitude com esse argumento. O que tentam fazer é agradar o público da Santa Missa. Literalmente “jogam para a torcida”, ou seja, fazem o que for preciso para que aquele espetáculo (a Santa Missa) seja agradável aos seus espectadores (assembleia). Assim deixamos de ter a Santa Missa como culto agradável a Deus para ser culto agradável aos homens.

Outro ponto: a Igreja presta culto a Deus. Esse culto é publico e todos os católicos são chamados, e em certos dias do ano convocados, a participares desse culto. Se é a Igreja que celebra esse culto, e isso é óbvio uma vez que o sacerdote que celebra é, ou deveria ser, sacerdote fidelíssimo à Santa (não pecadora) Igreja, como é possível que sacerdotes e equipes de liturgia queiram mexer, modificar, inventar, criar, diversificar, teatralizar e fazer da missa um verdadeiro carnaval? Isso no mínimo é usurpação. A Santa Missa é culto da Igreja, portanto só ela, a Igreja, poderá mexer no ritual desse culto e mesmo assim não pode mexer em todas as partes uma vez que várias delas fora instituída pelo próprio Cristo.

Por último, temos o ponto de que se trata de culto público e integral. Já entendemos que é culto da Igreja, agora concluímos que é público e integral. O “público” já pode ser entendido no parágrafo acima. Apesar de ser culto da Igreja, é público porque todos os católicos são chamados e/ou convocados para a Santa Missa (Mt 18,20). A palavra “integral” é que deve ser explicada mais a fundo. A missa não é culto que servirá para completar a semana ou para irmos nos encontrar socialmente com os amigos. Muito menos é ocasião de encerramento de grupo de oração ou de encontro. A Santa Missa é um todo, sem partições e o mais importante de tudo o que há. Assim já dizia Santo Agostinho e tantos outros Santos. A Santa Missa não pode ser partida ou repartida, mutilada ou dilatada. A Santa Missa é o que é sem palpites ou intervenções alheias. A Santa Missa é culto integral por que abre e fecha todo um ciclo ritual.