pouco fala indiretamente, mas profundamente, de nosso sacramento, de nosso chamado a estar na vinha do Senhor, a sermos servidores do seu mistério.
Nesta breve passagem, podemos encontrar algumas palavras-chave que oferecem uma indicação do anúncio que o Senhor quer fazer com este texto. “Permanecei”: nesta breve passagem, encontramos dez vezes a palavra “permanecer”; o novo mandamento: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo”, “Não mais servos, mas amigos”, “Produzais fruto”; e, finalmente: “Peçais, orai e vos será dado, vos será dada a alegria”. Rezemos ao Senhor para que nos ajude a entrar no significado de Suas palavras, para que essas palavras possam penetrar em nossos corações e, assim, possam ser caminho e vida em nós, com nós e através de nós.
A primeira palavra é: “Permanecei em mim, no meu amor”. Permanecer no Senhor é fundamental como o primeiro tema deste trecho. Permanecer: onde? No amor, no amor de Cristo, no ser amado e no amar o Senhor. Todo o Capítulo 15 concretiza o local da nossa permanência, porque os primeiros oito versículos expõem e apresentam a parábola da videira: “Eu sou a videira; vós, os ramos”. A videira é uma imagem que encontramos, no Antigo Testamento, seja nos Profetas, seja nos Salmos e tem um dúplice significado: é uma parábola para o povo de Deus, que é a sua vinha. Ele plantou uma vinha no mundo, cultivou esta vinha, cultivou a sua videira, protegeu a sua vinha, e com que intenção? Naturalmente, com a intenção de encontrar fruto, de encontrar o dom precioso da uva, do bom vinho.
E assim aparece o segundo significado: o vinho é um símbolo, é uma expressão da alegria do amor. O Senhor criou o seu povo para encontrar a resposta de seu amor e, por isso, esta imagem da videira tem um significado esponsal, é uma expressão do fato de que Deus procura o amor da sua criatura, Ele quer entrar em uma relação de amor, em uma relação esponsal com o mundo através de seu povo eleito.
Mas eis que a história concreta é uma história de infidelidade: ao invés de uvas preciosas, são produzidas apenas pequenas “coisas não comestíveis”, não oferecem uma resposta a esse grande amor, não nasce aquela unidade, aquela união incondicional entre homem e Deus, na comunhão do amor. O homem se retira em si mesmo, quer ter-se apenas para si próprio, quer ser o seu próprio Deus, quer ter o mundo para si mesmo. E, assim, a videira fica devastada, o javali e todos os inimigos vêm e ela se torna um deserto.
Mas Deus não desiste: Deus encontra uma nova maneira para chegar até um amor gratuito, irrevogável, ao fruto desse amor, à uva verdadeira: Deus se faz homem, e assim Ele próprio se torna a raiz da videira, Ele torna-se a própria videira e, assim, a videira se torna indestrutível. Este povo de Deus não pode ser destruído, porque o próprio Deus entrou, se plantou nesta terra. O novo Povo de Deus é realmente fundado no próprio Deus, que se faz homem e, assim, chama-nos a encontrar n’Ele uma nova vida e nos convida a estar, a permanecer n’Ele.
Devemos lembrar também que, no capítulo 6 do Evangelho de João, encontramos o discurso sobre o pão, que se torna o grande discurso sobre o mistério eucarístico. Neste capítulo 15, temos o discurso sobre o vinho: o Senhor não fala explicitamente da Eucaristia, mas, naturalmente, dentro do mistério de vinho está a realidade de que Ele se faz fruto e vinho para nós, que seu sangue é o fruto do amor que nasce da terra para sempre e, na Eucaristia, o seu sangue se torna nosso sangue. Assim, somos colocados em relação com Deus no Filho e, na Eucaristia, torna-se concreta aquela grande realidade da vida em que nós somos os ramos unidos com o Filho e, assim, unidos com o amor eterno.
“Permanecei”: permanecer neste grande mistério, permanecer neste novo dom do Senhor, que nos fez povo em Si mesmo, em Seu Corpo e em Seu Sangue. Parece-me que é preciso meditar muito este mistério, o de que Deus se fez corpo, um conosco; Sangue, um conosco; que podemos permanecer – permanecendo neste mistério – em comunhão com Deus, nesta grande história de amor, que é a história da verdadeira felicidade. Meditando sobre este dom – Deus tornou-se um com todos nós e, ao mesmo tempo, faz-nos todos um só, uma videira – também temos de começar a rezar para que esse mistério penetre mais e mais em nossas mentes, nossos corações e cada vez mais sejamos capazes de ver e experimentar a grandeza do mistério e, assim, começar a realizar este imperativo: “Permanecei”.
Se continuarmos a ler esta passagem do Evangelho de João, encontramos também um segundo imperativo: “Permanecei” e “Observai os meus mandamentos”. “Observai” é apenas o segundo nível; o primeiro é aquele de “permanecer”, o nível ontológico, de que estejamos unidos com Ele, que se deu, por antecipação, a si próprio, deu-nos o seu amor, o fruto. Não somos nós que temos de produzir o grande fruto; o Cristianismo não é um moralismo, não somos nós que devemos fazer o que Deus espera do mundo, mas devemos, antes de tudo, entrar neste mistério ontológico: Deus se dá a Si mesmo. Seu ser, seu amar precede as nossas ações e, no contexto de seu Corpo, no contexto de estar n’Ele, identificarmo-nos com Ele, sermos cobertos por seu Sangue, possamos também nós agir com Cristo.
A ética é consequência do ser: primeiro o Senhor nos dá um novo ser, esse é o grande dom; o ser precede o agir e deste ser segue o agir, como uma realidade orgânica, para que aquilo que somos, possamos sê-lo também em nossa atividade. Assim, agradeçamos ao Senhor porque nos tirou do puro moralismo; não podemos obedecer a uma lei que está diante de nós, mas devemos agir de acordo com a nossa nova identidade. Assim, já não é mais uma obediência, uma coisa externa, mas uma realização do dom do novo ser.
Digo mais uma vez: agradeçamos ao Senhor porque Ele nos precede, dá o que precisamos para que possamos nos dar e ser, na verdade e na força de nosso novo ser, atores de sua realidade. Permenecer e observar: o observar é o sinal da permanência e o permanecer é o dom que Ele nos dá, mas que deve ser renovado todos os dias em nossas vidas.
Segue, pois, este novo mandamento: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo”. Nenhum amor é mai
or do que este: “dar a vida por seus amigos”. O que significa dizer isso? Aqui também não se trata de um moralismo. Se poderia dizer: “Não é um novo mandamento; o mandamento de amar o próximo como a si mesmo já existe no Antigo Testamento”. Alguns dizem: “Tal amor é agora mais radicalizado; este amar o outro deve imitar a Cristo, que deu a si mesmo por nós; deve ser um amor heroico, até o dom de si mesmo”. Neste caso, porém, o cristianismo seria um moralismo heroico. É verdade que devemos chegar até esta radicalidade do amor, que Cristo nos mostrou e doou, mas também aqui a verdadeira novidade não é o que nós fazemos, a verdadeira novidade é o que Ele fez: o Senhor deu a si próprio, o Senhor nos deu a verdadeira novidade de sermos membros seus no seu próprio corpo, de sermos ramos da videira que é Ele. Então, a novidade é o dom, o grande dom, e do dom, da novidade do dom, segue então, como eu disse, a nova lei.
São Tomás de Aquino o diz de uma forma muito precisa quando escreve: “A nova lei é a graça do Espírito Santo” (Summa theologiae, i-iiae, q. 106, a. 1). A nova lei não é um outro comando mais difícil que os outros: a nova lei é um dom, a nova lei é a presença do Espírito Santo que nos foi dado no Sacramento do Batismo, na Confirmação, e nos é dado todos os dias na Santíssima Eucaristia. Os Padres aqui distinguiram “Sacramentum” e “exemplum”. “Sacramentum” é o dom do novo ser, e este dom também se torna um exemplo para o nosso agir, mas o “sacramentum” precede, e nós vivemos do sacramento. Aqui vemos a centralidade do sacramento, que é a centralidade do dom.
Prossigamos em nossa reflexão. O Senhor diz: “Eu não vos chamo mais servos, o servo não sabe aquilo que faz o seu patrão. Vos chamo de amigos, porque tudo o que eu ouvi de meu Pai vos dei a conhecer”. Não mais servos, que obedecem ao comando, mas amigos que se conhecem, que estão unidos na mesma vontade, no mesmo amor. A novidade então é que Deus se fez conhecer, que Deus se mostrou, que Deus não é mais o Deus desconhecido, procurado, mas não encontrado ou apenas adivinhado à distância. Deus se deixou ver: no rosto de Cristo, vemos Deus, Deus faz-se “conhecido” e, assim, se fez amigo. Pensemos em como, na história da humanidade, em todas as religiões arcaicas, sabe-se que há um Deus. Este é um conhecimento imerso no coração do homem, que Deus é um, os deuses não são “o” Deus. Mas este Deus permanece muito longe, parece que não se deixa conhecer, não se deixa amar, não é amigo, mas está longe. Por isso, as religiões se ocupam pouco deste Deus, a vida concreta se encarrega dos espíritos, da realidade concreta que enfrentamos todos os dias e com a qual temos de fazer as contas cotidianamente. Deus continua distante.
Então nós vemos o grande movimento da filosofia: pensamos em Platão, Aristóteles, que começam a intuir como este Deus é o agathòn, a Bondade em si, é o eros que move o mundo, mas isto continua a ser um pensamento humano, é uma ideia de Deus que se aproxima da verdade, mas é uma ideia nossa e Deus continua a ser o Deus escondido.
Não muito tempo atrás, me escreveu um professor de Regensburg, um professor de Física, que tinha lido com grande atraso o meu discurso à Universidade de Regensburg, para dizer que ele não poderia concordar com a minha lógica ou só poderia fazê-lo em parte. Ele disse: “Claro, me convence a idéia de que a estrutura racional do mundo exija uma razão criadora, a qual fez essa racionalidade que não pode ser explicada por si mesma”. E continuou: “Mas se pôde existir um demiurgo – assim ele se exprime -, um demiurgo me parece seguro do que Ele diz, não vejo que haja um Deus amoroso, bom, justo e misericordioso. Eu posso ver que há uma razão que precede a racionalidade do cosmo, mas o resto não”. E assim Deus lhe permanece oculto. É uma razão que precede as nossas razões, nossa racionalidade, a racionalidade do ser, mas não é um amor eterno, não é a grande misericórdia que nos dá a vida.
E aqui, em Cristo, Deus se manifestou na sua verdade plena, mostrou que é razão e amor, que a razão eterna é amor e por isso cria. Infelizmente, ainda hoje muitos vivem longe de Cristo, não conhecem o seu rosto e, assim, a eterna tentação do dualismo, que se esconde também na carta deste professor, é sempre renovada, o qual defende que não haja apenas um princípio bom, mas também um princípio cativo, um princípio do mal; que o mundo está dividido e são duas realidades igualmente fortes: e que o Deus bom é apenas uma parte da realidade. Mesmo na teologia, incluindo aquela católica, se difunde atualmente esta tese: Deus não é onipotente. Deste modo, se oferece uma apologia de Deus, que, assim, não seria responsável pelo mal que existe amplamente no mundo. Mas que apologia pobre! Um Deus não onipotente! O mal não está em suas mãos! E como podemos nós confiar neste Deus? Como poderíamos estar seguros no seu amor se esse amor termina onde começa o poder do mal?
Mas Deus não é mais desconhecido: no rosto de Cristo crucificado vemos Deus e vemos a verdadeira onipotência, não o mito da onipotência. Para nós, homens de poder, o poder é sempre idêntico à capacidade de destruir, de fazer o mal. Mas o verdadeiro conceito de onipotência que aparece em Cristo é exatamente o contrário: n’Ele, a verdadeira onipotência é amar até o ponto em que Deus possa sofrer: aqui ele mostra sua verdadeira onipotência, que pode chegar ao ponto de um amor que sofre nós. Assim, vemos que Ele é o verdadeiro Deus e o verdadeiro Deus, que é amor, é poder: o poder do amor. E nós podemos confiar-nos ao seu amor onipotente e viver nele, com este amor onipotente.
Penso que devemos sempre meditar de novo sobre essa realidade, agradecer a Deus porque se mostrou a nós, porque conhecemos o seu rosto, face a face; não é mais como Moisés, que podia ver apenas o dorso do Senhor. Essa é também uma bela ideia, da qual São Gregório de Nissa diz: “Ver apenas o dorso significa que devemos sempre voltar a Cristo”. Mas, ao mesmo tempo, Deus mostrou com Cristo a sua face, o seu rosto. O véu do templo é rasgado, é aberto, o mistério de Deus se torna visível. O primeiro mandamento, que exclui as imagens de Deus, porque essas só poderiam diminuir a realidade, mudou, é renovado, adquire outra forma. Podemos agora, no homem Cristo, ver o rosto de Deus, podemos ter ícones de Cristo e, assim, ver quem é Deus.
Eu penso que quem compreendeu isso, quem se deixou tocar por esse mistério, o de que Deus se revelou, rasgou o véu do templo, mostrou o seu rosto, encontra uma fonte de alegria permanente. Nós podemos dizer apenas: “Obrigado. Sim, agora sabemos quem Tu és, quem é Deus e como responder a Ti”. E penso que esta alegria de conhecer a Deus, que se revelou, mostrou o mais íntimo de seu ser, implica também na alegria de comunicá-Lo: quem compreendeu isso, vive tocado por esta realidade, deve fazer como fizeram os primeiros discípulos, que vão a seus amigos e irmãos dizendo: “Achamos aquele de quem os profetas falam. Ele está aqui”. A missionariedade não é algo externo acrescentado à fé, mas é o dinamismo da própria fé. Quem o viu, quem encontrou Jesus, deve andar ao encontro dos amigos e dizer a eles: “O encontramos, é Jesus, o Crucificado por nós”.
A seguir, o texto do Evangelho diz: “Eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça”. Com isto, retornamos ao início, à imagem, à parábola da videira: ela existe para dar frutos. E qual é o fruto? Como dissemos, o fruto é o amor. No Antigo Testamento, com a Torá como a primeira etapa da autorrevelação de Deus, o fruto era compreendido como a justiça, aquele que vive segundo a Palavra de Deus, vive na vontade de Deus, e assim vive bem.
Isso permanece, mas ao mesmo tempo é tr
anscendido: a verdadeira justiça não consiste em uma obediência a certas regras, mas é o amor, o amor criativo, em que se encontra a riqueza, a abundância do bem. A abundância é uma das palavras-chave do Novo Testamento, Deus sempre dá a si mesmo em abundância. Para criar o homem, cria esta abundância de um cosmo imenso; para redimir o homem dá a si mesmo, na Eucaristia dá a si mesmo. E quem está unido com Cristo, que é ramo na videira, vive por essa lei, não pergunta: “Posso agora fazer isso ou não?”, “Devo fazer isso ou não?”, mas vive no entusiasmo do amor, que não pergunta: “isto é ainda necessário, ou proibido”, mas, simplesmente, na criatividade do amor, deseja viver com Cristo e por Cristo e dar tudo de si para Ele e, assim, entrar na alegria de produzir frutos. Tenhamos também em mente o que o Senhor diz: “Eu vos escolhi e vos constituí para que vades”: é o dinamismo que vive no amor de Cristo; ir, isto é, não permanecer sozinho para mim, ver a minha perfeição, garantir para mim a felicidade eterna, mas esquecer de mim mesmo, ir como Cristo andou, andar como Deus andou, de Sua Majestade imensa até a nossa pobreza, para encontrar frutos, para ajudar-nos, para nos dar a oportunidade de portar o fruto do amor verdadeiro. Quanto mais nós somos preenchidos com essa alegria de ter descoberto a face de Deus, tanto mais o entusiasmo do amor será real em nós e produzirá frutos.
E, finalmente, chegamos à última palavra desta passagem: “Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda”. Uma breve reflexão sobre a oração, que sempre nos surpreende de novo. Por duas vezes, neste capítulo 15, o Senhor diz: “O que pedirdes, vos dou”, e mais uma vez também no capítulo 16. E nós desejaríamos dizer: “Mas não, senhor, não é verdade.” Tantas orações boas e profundas das mães que rezam para o filho que está morrendo e não são atendidas, tantas orações para que aconteça uma coisa boa e o Senhor não responde. O que dizer dessa promessa? No capítulo 16, o Senhor nos oferece a chave para compreender: ele nos diz o quanto nos dá, o que é este tudo: a alegria – se alguém encontrou a alegria, encontrou tudo e vê tudo à luz do amor divino. Como São Francisco, que compôs o grande poema sobre a criação em uma situação desoladora, mas exatamente ali, ao lado do Senhor sofredor, redescobriu a beleza do ser, a bondade de Deus, e escreveu este grande poema.
Vale lembrar, ao mesmo tempo, também alguns versículos do Evangelho de Lucas, onde o Senhor, em uma parábola, fala de oração, dizendo: “Se vós, que sois mal, dais coisas boas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai do Céu dará aos seus filhos o Espírito Santo”. O Espírito Santo – no Evangelho de Lucas – é a alegria, no Evangelho de João é a mesma realidade: a alegria é o Espírito Santo e o Espírito Santo é a alegria, ou, em outras palavras, de Deus não invocamos qualquer coisa, pequena ou grande, de Deus invocamos o dom divino, o próprio Deus; esse é o grande dom que Deus nos dá: o próprio Deus. Neste sentido, temos de aprender a rezar, rezar para a grande realidade, a realidade divina, porque Ele nos dá a Si próprio, dá-nos o Seu Espírito para que possamos responder às exigências da vida e ajudar os outros no seu sofrimento. Evidentemente, o Pai Nosso nos ensina isso. Podemos orar por muitas coisas, em todas as nossas necessidades podemos rezar: “Ajude-me”. Isso é muito humano e Deus é humano, como vimos; por isso. é justo rezar a Deus para as pequenas coisas na nossa vida quotidiana.
Mas, ao mesmo tempo, a oração é um caminho, eu diria que uma escada: devemos aprender mais e mais para que coisas podemos rezar e para que coisas não podemos, porque são expressões do nosso egoísmo. Eu não posso orar por coisas que são nocivas aos outros, eu não posso orar por coisas que ajudam o meu egoísmo, minha soberba. Assim, o orar, diante dos olhos de Deus, torna-se um processo de purificação de nossos pensamentos, nossos desejos. Como disse o Senhor na parábola da videira: devemos ser podados, purificados, a cada dia; viver com Cristo, em Cristo, permanecer em Cristo, é um processo de purificação, e somente neste processo de lenta purificação, de libertação de nós mesmos e da vontade de ter somente para si, está o caminho verdadeiro da vida, se abre o caminho da alegria.
Como já mencionei, todas estas palavras do Senhor têm um pano de fundo sacramental. O pano de fundo fundamental para a parábola da videira é o Batismo: somos implantados em Cristo; e a Eucaristia: somos um pão, um corpo, um sangue, uma vida com Cristo. E também este processo de purificação tem um pano de fundo sacramental: o sacramento da Penitência, da Reconciliação, em que aceitamos esta pedagogia divina, que dia a dia, ao longo de uma vida, nos purifica e nos torna mais e mais verdadeiros membros de seu corpo. Deste modo, podemos aprender que Deus responde às nossas orações, muitas vezes responde com a sua bondade também às pequenas orações, mas muitas vezes também as corrige, as transforma e as guia para que sejamos finalmente e verdadeiramente ramos de seu Filho, da videira verdadeira, membros de seu Corpo.
Agradeçamos a Deus pela grandeza de seu amor, rezemos para que Ele nos ajude a crescer em seu amor, para que permaneçamos realmente em seu amor.