“A quem procurais?”

Desejo formular a todos os nossos irmãos leitores deste blog, bem como a todos os católicos, os meus mais sinceros votos de uma feliz e santa Páscoa com Cristo ressuscitado. Que este tempo seja propício para, configurados a Cristo por meio do Batismo, reavivarmos em nós os sentimentos da alegria por agora estarmos com o Senhor vivo que está entre nós e não morre mais. No momento em que Cristo entregava ao Pai o Seu espírito, a morte pareceu triunfar. Mas não tem ela a ultima palavra! Jesus tem a ultima palavra! Ele vence a morte!

 “A quem procurais?” Trazendo para uma maior intimidade escutaremos também nós as palavras do anjo: “A quem procuramos?” As mulheres não procuravam um Cristo vitorioso, mas um corpo sepultado às pressas. A nossa sociedade, com todas as suas estruturas e ameaçada por um certo ateísmo e por uma cultura consumista e hedonista, não busca a força e vitalidade que provêm do Ressuscitado, mas buscam os seus próprios meios de saciedade. O cristão sabe que somente Cristo poderá saciá-lo e que a Sua Ressurreição é um fato singular, um novo marco na história da salvação: o marco da vitória, da derrota do pecado e de Satanás. Se procuramos a Cristo esforcemo-nos para encontrá-lO.

“A quem procurais?” Também no dia de sua prisão Jesus saiu ao encontro dos que vieram para prendê-lo e fez esta mesma pergunta. Mas naquela ocasião Ele responde: “Sou Eu”. Agora Ele não precisa mais identificar-Se. Ele chama pelo nome e é identificado por Maria. Sim! Também a nós chama Cristo hoje pelo nome. Também a nós cabe ouvir a sua voz e segui-lO.

A ressurreição não é, no entanto, apenas um marco de salvação da universalidade, mas é também uma transformação no ser, uma conversão pessoal que atinge a singularidade de cada um. Só em Cristo o homem, tomado na sua totalidade, é liberto de todas as prisões e torna-se verdadeiramente livre. Todo o período que vivemos da Quaresma nos educou justamente para que pedíssemos perdão pelas nossas faltas, pelo velho homem, e agora, com Cristo, ressuscitássemos a uma vida nova.

“Com a morte de Jesus, parecia falir a esperança de quantos confiavam n’Ele. Mas esta fé nunca desfalece de todo: sobretudo no coração da Virgem Maria, a mãe de Jesus, a pequena chama continuou acesa e viva mesmo na escuridão da noite. A esperança, neste mundo, não pode deixar de contar com a dureza do mal. Não é apenas o muro da morte a criar-lhe dificuldade, mas também e mais ainda as aguilhoadas da inveja e do orgulho, da mentira e da violência.”

– Papa Bento XVI, Mensagem Urbi et Orbi 
8 de abril de 2012 

É bela esta dinamicidade que encontramos na história da salvação: a aparente derrota e a vitória sobre o mal. Isso nos ensina que a vida, apesar das dificuldades, tem um lado que precisamos descobrir: o lado do amor e da felicidade. As trevas não podem derrotar quem possui a Cristo. Mas quem se deixa sucumbir afastando-se de Deus e da sua salvação, esse sim será vencido.

Contemplando as mulheres que se dirigiram ao túmulo façamos que esta Páscoa seja para nós o momento propício para termos os mesmos sentimentos que tiveram elas e os discípulos ao verem o Senhor vivo.