Homilia de Bento XVI no 5º ano da morte de João Paulo II

Fonte: Canção Nova

Venerados Irmãos no Episcopado e no sacerdócio,
queridos irmãos e irmãs!

Estamos reunidos em torno do altar, junto ao túmulo do Apóstolo Pedro, para oferecer o Sacrifício eucarístico em sufrágio da alma eleita do Venerável João Paulo II, no quinto aniversário da sua morte. Fazemo-lo com alguns dias de antecedência, pois o 2 de abril será, neste ano, a Sexta-feira Santa. Estamos, no entanto, dentro da Semana Santa, o contexto mais propício ao recolhimento e à oração, em que a liturgia nos faz reviver mais intensamente os últimos dias da vida terrena de Jesus. Desejo expressar minha gratidão a todos vós que estais participando desta Santa Missa. Saúdo cordialmente os Senhores Cardeais – especialmente o Arcebispo Stanislaw Dziwisz – os Bispos, os sacerdotes, os religiosos e as religiosas, bem como os peregrinos, especialmente os vindos da Polônia, e a tantos jovens e muitos fiéis que não quiseram perder esta celebração.

Na primeira leitura bíblica que foi proclamada, o profeta Isaías apresenta a figura de um “Servo de Deus”, que é, simultaneamente, o seu escolhido, no qual ele se compraz. O Servo agirá com firmeza inabalável, com uma energia que não desaparece até que tenha realizado a tarefa que lhe foi atribuída. No entanto, ele não terá à sua disposição aqueles meios humanos que parecem indispensáveis para implementar um plano tão grandioso. Ele se apresentará com a força da convicção, e será o Espírito que Deus colocou nele a dar-lhe a capacidade de agir com delicadeza e força, assegurando-lhe o sucesso final. Aquilo que o profeta inspirado disse sobre o Servo, o podemos aplicar ao amado João Paulo II: o Senhor chamou-o ao seu serviço e, confiando-lhe tarefas de sempre maior responsabilidade, também o acompanhou com sua graça e com a sua assistência contínua. Durante o seu longo Pontificado, ele se prodigalizou no proclamar o direito com firmeza, sem fraquezas ou hesitações, especialmente quando teve de lidar com a resistência, hostilidade e desperdício. Sabia ser conduzido pela mão do Senhor, e isso lhe permitiu exercer um ministério muito fecundo, pelo qual, mais uma vez, damos graças fervorosas a Deus.

O Evangelho há pouco proclamado nos conduz a Betânia, onde, como observa o Evangelista, Lázaro, Marta e Maria ofereceram um jantar ao Mestre (Jo 12, 1). Esse banquete na casa dos três amigos de Jesus é caracterizado pelo pressentimento da morte iminente: os seis dias antes da Páscoa, a sugestão do traidor Judas, a resposta de Jesus que lembra um dos atos piedosos da sepultura antecipados por Maria, o acenar de que nem sempre o terão com eles, o propósito de eliminar a Lázaro, em que se reflete a vontade de matar Jesus. Neste relato evangélico, há um gesto sobre o qual eu gostaria de focar a atenção: Maria de Betânia “levou trezentos gramas de perfume de nardo puro, muito precioso, com o qual ungiu os pés de Jesus, e após os enxugou com seus cabelos” (Jo 12, 3). O gesto de Maria é a expressão de fé e grande amor pelo Senhor: para ela, não é suficiente lavar os pés do Mestre com água, mas os unge com uma grande quantidade de perfume precioso, que – como contestará Judas – se teria podido vender por trezentos denários; não unge, pois, a cabeça, como era usual, mas os pés: Maria oferece a Jesus aquilo que tem de mais valiosos e com um gesto de devoção profunda. O amor não calcula, não mede, não se importa em gastar, não coloca obstáculos, mas se doa com alegria, procurando apenas o bem do outro, vence a mesquinhez, as mesquinharias, os ressentimentos, o fechamento que o homem carrega às vezes em seu coração.

Maria se coloca aos pés de Jesus em humilde atitude de serviço, como fará o Próprio Mestre durante a Última Ceia, quando – nos diz o quarto Evangelho – “levantou-se da mesa, depôs as suas vestes e, pegando duma toalha, cingiu-se com ela. Em seguida, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido” (Jo 13,4-5), para que – disse – “como eu vos fiz, assim façais também vós” (v. 15): a regra da comunidade de Jesus é aquela do amor que sabe servir ao dom da vida. E o perfume se espalha: “toda a casa – anota o Evangelista – foi tomada pelo aroma do perfume” (Jo 12,3). O significado do gesto de Maria, que é resposta ao amor infinito de Deus, se difunde entre todos os convidados; todo o gesto de amor e devoção autêntica a Cristo não permanece um fato pessoal, não afeta somente a relação entre o indivíduo e o Senhor, mas afeta todo o corpo da Igreja, é contagioso: infunde amor, alegria e luz.

“Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1, 11): ao ato de Maria, se contrapõe a atitude e as palavras de Judas, que, sob a pretexto de ajuda aos pobres, esconde o egoísmo e a falsidade do homem fechado em si mesmo, acorrentado à ganância de posse, que não é envolta pelo bom perfume do amor divino. Judas calcula lá onde não se pode calcular, entra com espírito mesquinho onde o espaço é o do amor, do dom, da dedicação total. E Jesus, que até aquele momento havia permanecido em silêncio, falou em favor do gesto de Maria: “Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura” (Jo 12,7). Jesus compreende que Maria sentiu o amor de Deus e agora indica que sua “hora” está se aproximando, a “hora” em que o Amor encontrará sua expressão suprema no lenho da Cruz: o Filho de Deus doa a si mesmo para que o homem possa ter vida, cai no abismo da morte para levar o homem à altura de Deus, não tem medo de se humilhar “fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz” (Fil 2,8). Santo Agostinho, no Sermão em que comenta tal passagem do Evangelho, dirige a cada um de nós, com palavras insistentes, o convite a entrar neste circuito de amor, imitando o gesto de Maria e se colocando concretamente no seguimento de Jesus. Escreve Agostinho: “Toda alma que deseja ser fiel, una-se a Maria com perfume precioso para ungir os pés do Senhor […] Ungir os pés de Jesus: siga as pegadas do Senhor, levando uma vida digna. Enxugue-lhe os pés com os cabelos: se livre do supérfluo e dá-o aos pobres, e tereis enxugado os pés do Senhor” (In Ioh. evang., 50, 6).

Queridos irmãos e irmãs! Toda a vida do Venerável João Paulo II se desenvolveu sob o signo da caridade, da capacidade de doar-se generosamente, sem reservas, sem medidas, sem cálculos. Aquilo que o movia era o amor a Cristo, a quem tinha consagrado a vida, um amor superabundante e incondicional. E exatamente porque se aproximou sempre mais a Deus no amor, pôde fazer-se companheiro de viagem para o homem de hoje, espalhando no mundo o perfume do Amor de Deus. Quem teve a alegria de conhecê-lo e ser-lhe próximo, pôde tocar com a mão o quão viva era nele a certeza “de contemplar a bondade do Senhor na terra dos vivos”, como ouvimos no Salmo responsorial (26/27, 13); certeza que o acompanhou durante a sua existência e, em particular, se manifestou durante o último período da sua peregrinação nesta terra: a progressiva debilidade física, de fato, nunca afetou a sua fé rochosa, a sua luminosa esperança, sua caridade ardente. Se deixou consumir por Cristo, pela Igreja, pelo mundo todo: o seu foi um sofrimento vivido até o fim por amor e com amor.

Na Homilia pelo XXV aniversário de seu Pontificado, ele lembrou que sentiu forte em seu coração, no momento da eleição, a pe
rgunta de Jesus a Pedro: “Tu me amas? Me amas mais do que estes …?” (Jo 21, 15-16); e acrescentou: “Todos os dias se realiza, dentro do meu coração, o mesmo diálogo entre Jesus e Pedro. No espírito, fixo o olhar benevolente de Cristo ressuscitado. Ele, apesar de estar  consciente da minha fragilidade humana, encoraja-me a responder com confiança, como Pedro: ‘Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo’ (Jo 21, 17). E me convida a assumir as responsabilidades que Ele mesmo me confiou” (16 de Outubro de 2003). São palavras cheias de fé e de amor, o amor de Deus, que tudo vence!

Na zakończenie pragnę pozdrowić obecnych tu Polaków. Gromadzicie się licznie wokół grobu Czcigodnego Sługi Bożego ze szczególnym sentymentem, jako córki i synowie tej samej ziemi, wyrastający w tej samej kulturze i duchowej tradycji. Życie i dzieło Jana Pawła II, wielkiego Polaka, może być dla Was powodem do dumy. Trzeba jednak byście pamiętali, że jest to również wielkie wezwanie, abyście byli wiernymi świadkami tej wiary, nadziei i miłości, jakich on nieustannie nas uczył. Przez wstawiennictwo Jana Pawła II niech was zawsze umacnia Boże błogosławieństwo.

[Por fim, desejo saudar os poloneses aqui presentes. Vos reunis em grande número em torno do túmulo do Venerável Servo de Deus com um sentimento especial, como filhas e filhos da mesma terra, crescido na mesma cultura e tradição espiritual. A vida e a obra de João Paulo II, grande polonês, possa ser para vós motivo de orgulho. No entanto, devemos lembrar que isso é também um grande apelo a serdes fiéis testemunhas da fé, da esperança e amor, que ele nos ensinou ininterruptamente. Pela intercessão de João Paulo II, vós tereis sempre a benção do Senhor.]

Enquanto prosseguimos a celebração eucarística, nos preparemos para viver os dias gloriosos da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor, nos entreguemos com confiança – a exemplo do Venerável João Paulo II – à intercessão da Beata Virgem Maria, Mãe da Igreja, a fim de que nos sustente no compromisso de sermos, em toda a circunstância, apóstolos incansáveis do seu Filho divino e do seu Amor misericordioso. Amém!

Papa, nós estamos com você!

Recentemente explodiu alguns casos de abusos sexuais cometidos por membros do Clero. Com isto, alguns grupos midiáticos aproveitaram para atirar, com toda voracidade, impropérios e ofensas não só a Igreja, mas também ao Santo Padre. Realmente entristeço-me muito pelo modo que a imprensa vê a Igreja hoje, e não só ela como muitas pessoas.

Fiquei revoltado nos últimos dias com os ataques sem fundamentos dirigidos ao Santo Padre, principalmente, em que diziam que ele acobertou casos de padres envolvidos em escândalos de pedofilia, sempre condenados com grande insistência pela Igreja.

Sabemos que a imprensa nunca nutriu boa imagem do Papa Bento XVI, mesmo quando era Cardeal, o que, aliás, não me surpreende, pois o Papa vai contra a corrente moderna que nos instiga a vivermos e a buscarmos a imoralidade. Jornais e TV’s maquiavélicas e anticatólicas (e aqui vem-me à mente o The New York Times, La Reppubblica, El país, Le Monde, a revista Veja, a TV Record, BBc e tantos outros que são declaradamente inimigos da Igreja, ou, no mínimo, não simpatizantes) aproveitando-se de tais problemas, provocados por padres que não sabem viver seu ministério e não zelam pelo sacramento recebido, descarregam toda sua raiva em cima do Papa, fazendo falsas acusações contra ele.

Todos sabemos que Bento XVI é o primeiro Papa a tratar diretamente destes assuntos de pedofilia. Ele dirigiu-se diretamente ao povo da Irlanda e a toda a Igreja e puniu severamente os padres envolvidos em tais casos, que, como ele mesmo designou, são uma “dolorosa ferida” (Cart. Pastoral aos católicos da Irlanda). Além de se dirigir duramente aos clérigos abusadores:

Deveis responder diante de Deus onipotente, assim como diante de tribunais devidamente constituídos. Perdestes a estima do povo da Irlanda e lançastes vergonha e desonra sobre os vossos irmãos. Quantos de vós sois sacerdotes violastes a santidade do sacramento da Ordem Sagrada, no qual Cristo se torna presente em nós e nas nossas ações. Juntamente com o enorme dano causado às vítimas, foi perpetrado um grande dano à Igreja e à percepção pública do sacerdócio e da vida religiosa.” (idem, 7).

Ele também tentou abrir uma comissão – como afirmou o Cardeal Christoph Schöenborn – para investigar casos de abuso envolvendo um Cardeal austríaco, no entanto foi “barrado” por um grupo, opositor seu, que disse a João Paulo II que as acusações eram sem fundamentos.

A impressa é desmoralizada, porca e infame – e é esta é a expressão correta –, e não tem critério nenhum para falar de um homem que é um verdadeiro exemplo de vida. Destruir famílias, pregar uniões homossexuais, anunciar com tamanha astúcia as obras ardis de satanás, isto é o que ela faz. Como disse o exorcista do Vaticano, Pe. Gabriele Amorth, “não existe dúvida alguma” que os ataques da imprensa internacional ao Pontífice nos últimos dias “foram sugeridos pelo demônio, já que se trata de um papa maravilhoso, digno sucessor de João Paulo II”.

Ele acrescentou que o demônio “utiliza” os padres para atacar a Igreja, pois a odeia de morte por ser “a mãe dos santos”.

Será que algum católico fiel ousaria duvidar disso? Creio que não. Satanás é esperto e o próprio Jesus reconhece: “Os filhos deste mundo são mais prudentes do que os filhos da luz no trato com seus semelhantes.” (Lc 16, 8). Em algumas traduções fala-se em “filhos das trevas”. Tal texto faz-me lembrar de um de São João que diz: “Sabemos que somos de Deus, e que o mundo todo jaz sob o Maligno.” (1 Jo 5, 19). Claro que devo aqui esclarecer que não é exatamente o mundo-criação, mas sim as pessoas que nele estão e que espalham joio em meio ao trigo.

Mas, perguntar-se-á, por que o Senhor não acaba de vez com esta maldita corja que se ergue contra Sua Santíssima Igreja?

Ora, será que Cristo acabou com o Império Romano? Será que ele destruiu o comunismo? Não. Eles como que “implodiram”: caíram por suas maléficas ações e ensinamentos, e a Igreja foi cada vez mais fortalecida. Não será diferente nos dias hodiernos. Também a mídia implodirá. Também ela experimentará que em nada adiantou atingir a Igreja, senão que fortaleceu-a mais ainda. E sabem por quê? Porque a Igreja é de Cristo, e mais que isso, porque ela está com Cristo: “Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei minha Igreja. E nem o poder do inferno prevalecerá contra ela” (MT 16, 18).

“Nem o poder do inferno”! Não é a mídia que irá, então, destruí-la.

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Coragem, Papa! Estamos com você!” Dessa forma os fiéis marcaram presença na Missa de Domingo de Ramos. Incentivando e apoiando o Sucessor de Pedro, em um mento crucial.

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Em recente artigo disse que a nossa atual sociedade não valoriza a Igreja e não reconhece a grande construtora da nossa civilização ocidental, todo o bem que ela promoveu e todo o progresso a que ela contribuiu. Rejeitar a Igreja é rejeitar a Cristo.

Não devemos generalizar. Se alguns membros erram, não é a Igreja toda que erra. Se algum médico erra, não é erro da medicina. Se um cientista erra, não é erro da ciência. Tomemos cuidado com julgamentos precipitados e generalizados. Um dia eles poderão ser usados contra nós.

A Igreja ruma à eternidade com Cristo, e ela prevalecerá, apesar de todas as dificuldades. O mundo ruma, por sua própria vontade, à perdição e este cairá com todo o inferno. Vale-nos o sábio conselho de São Paulo: Dessa gente, afasta-te!” (2 Tm 3, 5).

Quanto a nós, resta-nos rezar pelo nosso Santo Padre, para que o Senhor Deus derrote todos os seus inimigos e o fortaleça em seu ministério petrino.

A ele dizemos: Santidade, estaremos sempre com o senhor! Deus está do seu lado.

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A mídia, o Papa e a pedofilia

Encontro de Bento XVI com os jovens no 25º aniversário das JMJ

Fonte: Canção Nova

Giulia: “Santo Padre, o jovem do Evangelho perguntou a Jesus: Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna? Eu não sei exatamente o que é a vida eterna. Eu não consigo imaginá-la, mas uma coisa eu sei: não quero desperdiçar a minha vida, quero vivê-la até o fim e não isoladamente. Tenho medo de que isso não aconteça, tenho medo de pensar apenas em mim mesmo, de errar tudo e encontrar-me sem uma meta a ser alcançada, vivendo apenas por viver. É possível fazer de minha vida algo de belo e grande?”

Bento XVI: Queridos jovens, antes de responder à pergunta, desejo dizer obrigado a todos por vossa presença, por este maravilhoso testemunho de fé, de querer viver em comunhão com Jesus, por vosso entusiasmo em seguir Jesus e viver bem. Obrigado!

E, agora, a pergunta. Vós nos dissestes que não sabe o que seja a vida eterna e que não consegue imaginá-la. Nenhum de nós está capacitado para imaginar a vida eterna, porque está fora da nossa experiência. No entanto, podemos começar a compreender o que seja a vida eterna, e penso que vós, com vossa pergunta, nos deu uma descrição do essencial da vida eterna, isto é, da verdadeira vida: não desperdiçar a vida, vivê-la em profundidade, não viver para si mesmo, não viver apenas por viver, mas viver realmente a vida na sua riqueza e na sua totalidade. E como fazer isso? Essa é a grande questão, com a qual também o rico do Evangelho se dirige ao Senhor (cf. Mc 10, 17). À primeira vista, a resposta do Senhor parece muito seca. Tudo somado, afirma: observa os mandamentos (cf. Mc 10, 19). Mas, se refletimos bem, se ouvimos atentamente o Senhor, na totalidade do Evangelho, encontramos a grande Sabedoria da Palavra de Deus, de Jesus. Os mandamentos, segundo uma outra Palavra de Jesus, são resumidos neste único: amar a Deus de todo o coração, com toda a razão, com toda a existência e amar o próximo como a si mesmo. Amar a Deus supõe conhecer a Deus, reconhecer Deus. E esse é o primeiro passo que devemos fazer: procurar conhecer a Deus. E, assim, sabemos que nossa vida não existe por acaso, não é um acaso. Minha vida é desejada por Deus desde a eternidade. Eu sou amado, sou necessário. Deus tem um projeto para mim na totalidade da história; tem um projeto somente para mim. Minha vida é importante e também necessária. O amor eterno criou-me em profundidade e me aguarda. Então, esse é o primeiro ponto: conhecer, procurar conhecer a Deus e, assim, compreender que a vida é um dom, que é bem viver. Então, o essencial é o amor. Amar este Deus que me criou, que criou este mundo, que governa entre todas as dificuldades do homem e da história, e que me acompanha. E amar o próximo.

Os dez mandamentos, aos quais Jesus se refere na sua resposta, são apenas uma explicitação do mandamento do amor. São, por assim dizer, regras do amor, indicam o caminho do amor com estes pontos essenciais: a família, como base da sociedade; a vida, a ser respeitada como dom de Deus; a ordem da sexualidade, da relação entre homem e mulher; a ordem social e, finalmente, a verdade. Esses elementos essenciais explicitam a estrada do amor, explicitam como realmente amar e encontrar o caminho certo. Portanto, existe uma vontade fundamental de Deus para nós todos, que é idêntica para todos. Mas a sua aplicação é diferente em cada vida, porque Deus tem um projeto preciso para todo o homem. São Francisco de Sales disse uma vez: a perfeição, isto é, o ser bom, o viver a fé e o amor, é substancialmente uma, mas sob formas muito diferentes. Muito diversa é a santidade de um monge cartuxo e de um homem político, de um cientista ou de um agricultor, e assim por diante. Assim, para cada pessoa, Deus tem seu projeto e eu devo encontrar, nas minhas circunstâncias, o meu modo de viver essa única e comum vontade de Deus, cujas regras são indicadas nesta explicação do amor. E buscar, então, cumprir o que é a essência do amor, isto é, não ter vida para mim, mas dar a vida; não “ter” a vida, mas fazer da vida um dom, não procurar a si mesmo, mas dar aos outros. Isto é essencial, e implica renúncia, isto é, esquecer de mim mesmo e não buscar a mim mesmo. E exatamente não procurando a mim mesmo, mas dando-me para as grandes e verdadeiras coisas, encontro a verdadeira vida. Assim, todos podem encontrar, em sua vida, as diferentes possibilidades: empenhar-se no voluntariado, em uma comunidade de oração, em um movimento, na ação da paróquia, na própria profissão. Encontrar a minha vocação e vivê-la em todo lugar é importante e fundamental, seja eu um grande cientista ou um fazendeiro. Tudo é importante aos olhos de Deus: é belo se é vivido até o fim com aquele amor que realmente redime o mundo.

Finalmente, gostaria de contar uma pequena história de Santa Josefina Bakhita, esta pequena santa africana que, na Itália, encontrou Deus e Cristo, e que sempre me deu uma grande impressão. Era freira em um convento italiano; um dia, o Bispo local fez uma visita àquele mosteiro, viu esta pequena freira negra, sobre a qual parece que não sabia nada e diz: “Irmã, o que faz aqui?”, e Bakhita responde: “A mesma coisa que fazeis vós, Excelência”. O bispo, visivelmente irritado, disse: “Mas como, irmã, faz a mesma coisa que eu?”, “Sim, – disse a freira – ambos queremos fazer a vontade de Deus, não é?”. Enfim, este é o ponto essencial: conhecer, com a ajuda da Igreja, da Palavra de Deus e dos amigos, a vontade de Deus, seja em linhas gerais, comuns a todos, seja na realidade concreta da minha vida pessoal. Assim, a vida torna-se, talvez, não muito fácil, mas bonita e feliz. Rezemos ao Senhor para que nos ajude sempre a encontrar sua vontade e a segui-la com alegria.

Luca: “O Evangelho nos diz que Jesus olhou para o jovem e o amou. Santo Padre, que significa dizer ser olhado com amor por Jesus; como podemos fazer também nós, hoje, esta experiência? Mas é realmente possível viver essa experiência também nesta vida de hoje?

Bento XVI: Naturalmente direi que sim, porque o Senhor está sempre presente e olha cada um de nós com amor. Só que nós devemos localizar esse olhar e encontrar-nos com ele. Como fazer isso? Direi que o primeiro ponto para se encontrar com Jesus, para fazer a experiência de Seu amor é conhecê-lo. Conhecer Jesus implica diversas vias. Uma primeira condição é conhecer a figura de Jesus como nos aparece nos Evangelhos, que nos dão um retrato muito rico da figura de Jesus, nas grandes parábolas, pensamos na do filho pródigo, do samaritano, Lázaro e assim por diante. Em todas as parábolas, em todas as suas palavras, no Sermão da Montanha, encontramos realmente o rosto de Jesus, o rosto de Deus até a Cruz onde, por amor de nós, se doa totalmente até a morte e pode, ao final, dizer Nas tuas mãos, Pai, dou a minha vida, a minha alma (cf. Lc 23, 46).

Então: conhecer, meditar sobre Jesus com os amigos, com a Igreja e conhecer Jesus não somente de modo acadêmico, teórico, mas com o coração, isto é, falar com Jesus na oração. A uma pessoa não se pode conhecer da mesma maneira que se pode estudar a matemática. Para a Matemática é necessária e suficiente a razão, mas para conhecer um
a pessoa, acima de tudo a grande pessoa de Jesus, Deus e homem, nos ajuda também a razão, mas, ao mesmo tempo, também o coração. Somente com a abertura do coração a Ele, somente com a consciência do conjunto de quanto disse e fez, com o nosso amor, nosso andar rumo a Ele, podemos conhecê-lo sempre mais e, assim, também fazer a experiência de ser amado. Então: escutar a Palavra de Jesus, escutá-la na comunhão da Igreja, na sua grande experiência e responder com a nossa oração, com a nossa conversa pessoal com Jesus, onde lhe dizemos tudo que não conseguimos compreender, as nossas necessidades, as nossas perguntas. Em um verdadeiro diálogo, podemos encontrar sempre mais essa estrada da consciência, que se torna amor. Naturalmente, não somente pensar, não somente rezar, mas também fazer é uma parte do caminho rumo a Jesus: fazer as coisas boas, empenhar-se pelo próximo. Existem diversas estradas; cada um conhece as próprias possibilidades, na paróquia e na comunidade onde vive, para empenhar-se também com Cristo e pelos outros, pela vitalidade da Igreja, para que a fé seja verdadeiramente força formadora do nosso ambiente e, assim, do nosso tempo. Então, direi estes elementos: escutar, responder, entrar na comunidade dos fiéis, comunhão com Cristo nos sacramentos, onde se dá a nós, seja na Eucaristia, seja na Confissão, etc, e, finalmente, fazer, realizar as palavras da fé, que se tornam força da minha vida, e eis que aparece verdadeiramente, também a mim, o olhar de Jesus e Seu amor me ajuda, me transforma.

Enrico: “Jesus convidou o jovem rico a largar tudo e segui-lo, mas ele retirou-se triste. Também eu, como ele, acho difícil segui-Lo, porque tenho medo de deixar as minhas coisas e, por vezes, a Igreja me pede renúncias difíceis. Santo Padre, como posso encontrar a força para tomar decisões corajosas, e o que pode me ajudar?”

Bento XVI: Eis que começamos com esta palavra dura para nós: renúncia. As renúncias são possíveis e, ao final, tornam-se também belas se têm um porquê e se esse porquê justifica, pois, também a dificuldade da renúncia. São Paulo utilizou, neste contexto, a imagem das olimpíadas e dos atletas comprometidos com as olimpíadas (cf. 1 Cor 9, 24-25). Disse: Aqueles, para chegar finalmente à medalha – naquele tempo, à coroa – devem viver uma disciplina muito dura, devem renunciar a tanta coisa, devem exercitar-se no esporte que praticam e fazem grandes sacrifícios e renúncias porque têm uma motivação, lhes vale a pena. Também se ao final, talvez, não fiquem entre os vencedores, todavia é uma coisa bonita ter disciplinado a si mesmo e ter sido capaz de fazer essas coisas com uma certa perfeição. A mesma coisa que se aplica, com essa imagem de São Paulo, para as olimpíadas, para todo o esporte, vale também para todas as outras coisas da vida. Uma boa vida profissional não pode ser alcançada sem renúncias, sem uma preparação adequada, que sempre exige uma disciplina, exige que se deva renunciar a alguma coisa, e assim por diante, também na arte e em todos os elementos da vida. Todos nós compreendemos que, para atingir uma meta, tanto esportiva quanto profissional, seja artística ou cultural, devemos renunciar, aprender a ir adiante. Também a arte de viver, de ser “si mesmo”, a arte de ser homem exige renúncias, e as renúncias verdadeiras, que nos ajudam a encontrar a estrada da vida, a arte da vida, nos são indicadas na Palavra de Deus e nos ajudam a não cair – digamos – no abismo das drogas, do álcool, da escravidão da sexualidade, da escravidão do dinheiro, da preguiça. Todas essas coisas, em um primeiro momento, aparecem como ações de liberdade. Na realidade, não são ações de liberdade, mas o começo de uma escravidão que se torna sempre mais insuperável. Ser capaz de renunciar à tentação do momento, andar adiante rumo ao bem cria a verdadeira liberdade e faz preciosa a vida. Nesse sentido, me parece, devemos ver que sem um “não” a certas coisas não cresce o grande “sim” à verdadeira vida, como a vemos nas figuras dos santos. Pensamos em São Francisco, pensamos nos santos de nossa tempo, Madre Teresa, padre Gnocchi e tantos outros, que renunciaram, venceram e se tornaram não apenas livres para si mesmos, mas também uma riqueza para o mundo e nos mostram como se pode viver. Assim, à pergunta “o que me ajuda”, direi que nos ajudam as grandes figuras da história da Igreja, nos ajuda a Palavra de Deus, nos ajuda a comunidade paroquial, o movimento, o voluntariado, e assim por diante. E nos ajudam as amizades de homens que “vão adiante”, que já fizeram progressos no caminho da vida e que podem me convencer que andar assim é a estrada certa. Rezemos ao Senhor para que nos dê sempre amigos e comunidade que nos ajude a ver o caminho do bem e a encontrar, assim, a vida bela e alegre.

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Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial das Missões 2010

Fonte: Canção Nova 

Queridos irmãos e irmãs,


O mês de outubro, com a celebração do Dia Mundial das Missões, oferece às comunidades diocesanas e paroquiais, aos Institutos de Vida Consagrada, aos Movimentos Eclesiais, a todo o povo de Deus a oportunidade de renovar o compromisso de anunciar o Evangelho e dar às atividades pastorais um amplo fôlego missionário. Tal evento anual nos convida a viver intensamente os caminhos litúrgico e catequético, caritativo e cultural, mediante os quais Jesus Cristo nos convida à mesa da Sua Palavra e da Eucaristia, para apreciar o dom da sua Presença, formar-nos em sua escola e viver sempre mais conscientemente unidos a Ele, Mestre e Senhor. Ele mesmo nos diz: “Quem me ama será amado por meu Pai e também Eu o amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14, 21). Somente a partir desse encontro com o Amor de Deus, que transforma a existência, podemos viver em comunhão com Ele e entre nós, e oferecer aos irmãos um testemunho credível, dando razão à esperança que há em nós (cf. 1 Pd 3, 15). Uma fé adulta, capaz de se confiar totalmente a Deus com atitude filial, nutrida pela oração, pela meditação da Palavra de Deus e do estudo das verdades da fé, é condição para promover um novo humanismo, fundado no Evangelho de Jesus.


Em outubro, além disso, em muitos países se retomam as várias atividades eclesiais após a pausa do Verão, e a Igreja nos convida a aprender com Maria, através da oração do Santo Rosário, a contemplar o projeto de amor do Pai sobre a humanidade, para amá-la como Ele a ama. Não será isso também o sentido de missão?


O Pai, de fato, nos chama a ser filhos amados no seu Filho, o Amado, e a reconhecer-nos todos irmãos n’Ele, Dom de Salvação para a humanidade dividida por discórdias e pecado, e Revelador do verdadeiro rosto daquele Deus que “tanto amou o mundo que deu o Filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16).


“Queremos ver Jesus” (Jo 12,21), é o pedido que, no Evangelho de João, alguns gregos, vindos a Jerusalém para a peregrinação pascal, apresentam ao apóstolo Filipe. Tal pedido ressoa também em nosso coração neste mês de outubro, que nos lembra como o compromisso e a missão do anúncio evangélico estão atribuídos a toda a Igreja, “por sua natureza, missionária” (Ad gentes, 2), e nos convida a nos tornarmos promotores da novidade de vida, feita de relações autênticas, nas comunidades fundadas sobre o Evangelho. Em uma sociedade multiétnica que sempre mais experimenta formas de solidão e de indiferença preocupante, os cristãos devem aprender a oferecer sinais de esperança e a tornarem-se irmãos universais, cultivando os grandes ideais que transformam a história e, sem falsas ilusões ou medos inúteis, comprometer-se a fazer o planeta a casa de todos os povos.


Como os peregrinos gregos de dois mil anos atrás, também os homens de nosso tempo, embora nem sempre conscientemente, pedem aos crentes não apenas para “falar” de Jesus, mas “fazer ver” Jesus, fazer resplandecer o Rosto do Redentor em todos os cantos da terra, frente às gerações do novo milênio e, especialmente, frente aos jovens de todos os continentes, destinatários privilegiados e sujeitos do anúncio evangélico. Eles devem perceber que os cristãos carregam a palavra de Cristo porque Ele é a Verdade, porque encontraram n’Ele o sentido, a verdade para a própria vida.


Essa consideração aponta para o mandato missionário que receberam todos os batizados e toda a Igreja, mas que não pode se realizar de modo credível sem uma profunda conversão pessoal, comunitária e pastoral. De fato, a consciência do chamado a proclamar o Evangelho estimula não apenas o fiel individual, mas todas as comunidades diocesanas e paroquiais a uma renovação integral e a se abrir cada vez mais à cooperação missionária entre as Igrejas, para promover o anúncio do Evangelho no coração de toda a pessoa, de todo o povo, cultura, raça, nacionalidade, em qualquer nível. Essa consciência se alimenta através do trabalho dos Sacerdotes Fidei Donum, dos consagrados, dos catequistas, dos Leigos missionários, em uma busca constante de promover a comunhão eclesial, de modo que também o fenômeno da “interculturalidade” possa se integrar em um modelo de unidade, no qual o Evangelho seja fermento de liberdade e progresso, fonte de fraternidade, de humildade e de paz (cf. Ad gentes, 8). A Igreja, de fato, “em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (Lumen gentium, 1).


A comunhão eclesial nasce do encontro com o Filho de Deus, Jesus Cristo, que, no anúncio da Igreja, alcança os homens e cria comunhão com Ele mesmo e, assim, com o Pai e o Espírito Santo (cf. 1 Jo 1, 3). O Cristo estabelece a nova relação entre o homem e Deus. “Ele revela-nos que ‘Deus é amor’ (1 Jo 4, 8) e ensina-nos ao mesmo tempo que a lei fundamental da perfeição humana e, portanto, da transformação do mundo, é o novo mandamento do amor. Dá, assim, aos que acreditam no amor de Deus, a certeza de que o caminho do amor está aberto para todos e que o esforço por estabelecer a universal fraternidade não é vão” (Gaudium et Spes, 38).


A Igreja se torna “comunhão” a partir da Eucaristia, na qual Cristo, presente no pão e no vinho, com o seu sacrifício de amor, edifica a Igreja como seu corpo, unindo-nos a Deus uno e trino e entre nós (cf. 1 Cor 10, 16ss). Na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis escrevi: “Não podemos reservar para nós o amor que celebramos neste sacramento: por sua natureza, pede para ser comunicado a todos. Aquilo de que o mundo tem necessidade é do amor de Deus, é de encontrar Cristo e acreditar n’Ele. Por isso, a Eucaristia é fonte e ápice não só da vida da Igreja, mas também da sua missão: ‘Uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária'” (n. 84), capaz de levar todos à comunhão com Deus, proclamando com convicção: “Aquilo que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos, para que vós possais estar em comunhão conosco” (1 Jo 1,3).


Caríssimos, neste Dia Mundial das Missões, em que o olhar do coração se dilata sobre o imenso espaço da missão, sentimo-nos todos protagonistas do empenho da Igreja em anunciar o Evangelho. O impulso missionário sempre foi sinal de vitalidade para nossas Igrejas (cf. Carta Encíclica Redemptoris missio, 2) e a sua cooperação é testemunho singular de unidade, fraternidade e solidariedade, que a torna credível anunciadora do Amor que salva!


Renovo, portanto, a todos o convite à oração e, apesar das dificuldades econômicas, ao empenho na ajuda fraterna e concreta no sustento das Igrejas jovens. Tal gesto de amor e de partilha, que o serviço precioso das Pontifícias Obras Missionárias, à qual vai a minha gratidão, proverá a distribuir, apoiará a formação de sacerdotes, seminaristas e catequistas nas mais longínquas terras de missão e encorajará as jovens comunidades eclesiais.


Na conclusão da mensagem anual para o Dia Mundial das Missões, desejo exprimir, com carinho especial, o meu reconhecimento aos missionários e missionárias, que testemunham nos lugares mais distantes e difíceis, muitas vezes com a vida, o advento do Reino de Deus. A eles, que representam a vanguarda do anúncio do Evangelho, vai a amizade, a proximidade e o apoio de todo o crente. “Deus, (que) ama a quem dá com alegria” (2 Cor 9, 7) os encha de fervor espiritual e felicidade profunda.
 

Como o “sim” de Maria, toda a generosa resposta da Comunidade eclesial ao convite divino a amar os irmãos suscitará uma nova maternidade e Apostólica (cf. Gal 4, 4.19.26), que, deixando-se surpreender pelo mistério do Deus amor, o qual “quando chegou a plenitude dos tempos […] enviou o seu Filho, nascido de mulher” (Gal 4, 4), doará confiança e ousadia a novos apóstolos. Tal resposta tornará todos os crentes capazes de ser “alegres na esperança” (Rom 12,12) ao realizar o projeto de Deus, que deseja “que todo o gênero humano forme um só Povo de Deus, se una num só corpo de Cristo, e se edifique num só templo do Espírito Santo” (Ad gentes, 7).


Dado no Vaticano, aos 6 de fevereiro de 2010

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O Ventre de Maria: o primeiro Sacrário da terra

A humildade foi assumida pela majestade, a fraqueza, pela força, a mortalidade, pela eternidade. Para saldar a dívida de nossa condição humana, a natureza impassível uniu-se à natureza passível. Deste modo, como convinha à nossa recuperação, o único mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, podia submeter-se à morte através de sua natureza humana e permanecer imune em sua natureza divina. 
Por conseguinte, numa natureza perfeita e integral de verdadeiro homem, nasceu o verdadeiro Deus, perfeito na sua divindade, perfeito na nossa humanidade. Por “nossa humanidade” queremos significar a natureza que o Criador desde o inicio formou em nós, e que assumiu para renová-la. Mas daquelas coisas que o Sedutor trouxe, e o homem enganado aceitou, não há nenhum vestígio no Salvador; nem pelo fato de se ter irmanado na comunhão da fragilidade humana, tornou-se participante dos nossos delitos.
Assumiu a condição de escravo, sem mancha de pecado, engrandecendo o humano, sem diminuir o divino. Porque o aniquilamento, pelo qual o invisível se tornou visível, e o Criador de tudo quis ser um dos mortais, foi uma condescendência da sua misericórdia, não uma falha do seu poder. Por conseguinte, aquele que, na sua condição divina se fez homem, assumindo a condição de escravo, se fez homem.
Entrou, portanto, o Filho de Deus neste mundo tão pequeno, descendo do trono celeste, mas sem deixar a glória do Pai; é gerado e nasce de modo totalmente novo. De modo novo porque, sendo invisível em si mesmo, torna-se visível como nós; incompreensível, quis ser compreendido; existindo antes dos tempos, começou a existir no tempo. O Senhor do universo assume a condição de escravo, envolvendo em sombra a imensidão de sua majestade; o Deus impassível não recusou ser homem passível, o imortal submeteu-se às leis da morte. 
Aquele que é verdadeiro Deus é também verdadeiro homem; e nesta unidade nada há de falso, porque nele é perfeita respectivamente tanto a humanidade do homem como a grandeza de Deus.
Nem Deus sofre mudança com esta condescendência da sua misericórdia nem o homem é destruído com sua elevação a tão alta dignidade. Cada natureza realiza, em comunhão com a outra, aquilo que lhe é próprio: o Verbo realiza aquilo que é próprio do Verbo, e a carne realiza o que é próprio da carne.
A natureza divina resplandece nos milagres, a humana, sucumbe aos sofrimentos. E como o Verbo não renuncia à igualdade da glória do Pai, também a carne não deixa a natureza de nossa raça.
É um só e o mesmo – não nos cansaremos de repetir – verdadeiro Filho de Deus e verdadeiro Filho do homem. É Deus, porque no principio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus: e o Verbo era Deus. É homem porque o Verbo se fez carne e habitou entre nós (cf. Jo 1,1. 14).
Das Cartas de São Leão Magno, papa
(Epist. 28, ad Flavianum, 3-4: PL 54,763-767 Séc. V).

“Alegra-te, cheia de graça!”

Com estas palavras somos introduzidos no mistério que hoje celebramos. A Solenidade da Anunciação do Senhor, recorda o dia em que, pelo poder do Espírito Santo, Jesus dá início ao “processo” da salvação, penetrando no seio materno da Virgem Maria, para que daí pudesse realizar-se todos os desígnios de Deus na humanidade. E por que celebra-se a 25 de março? Porque são 9 meses para o Natal. 9 meses normalmente é o tempo de gestação de uma mulher.
Também neste dia às palavras do Credo Nisceno-Constantinopolitano: “Et Incarnatus est – E se encarnou”, todos os fiéis se ajoelham para adorar o Cristo que vem ao nosso encontro.
Também acho muito propício esta Festa situar-se próximo à Pascoa. Se observarmos bem estaremos nas duas “extremidades” da salvação e da vida de Cristo (Cito extremidades entre aspas porque esta salvação perdura até os nossos dias, mesmo que não seja de igual forma). A Encarnação é o ínicio do caminho para a redenção da humanidade, que dar-se-á na Páscoa.
Maria é escolhida para fazer parte deste “projeto salvífico” do Pai. Ela é inserida por Deus em todo o contexto da salvação. Nela a Igreja busca cotidianamente modelar sua vida.
O anjo aparece a Maria e lhe diz: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está com você!” (Lc 1, 28). O termo “alegra-te”, na sua original poderá dizer-se “Ave-Maria”, designa um convite à alegria messiânica.  
Maria sente-se pertubada com a saudação do anjo. E fica a indagar-se e a temer o motivo de tal honra. Após o anjo explicar-lhe o motivo da saudação e tudo o que iria acontecer por meio de Jesus, Maria diz uma das frases que acho mais maravilhosas e que se insere na nossa missão: “Eis a serva do Senhor” (v. 38). Sim, Maria enquanto Rainha, ainda assim, faz-se serva.
Quantas vezes somos dominados pela arrogância, pela prepotência e perdemos o nosso senso de humildade. O capitalismo, fortemente predominante nos dias hodiernos, faz com que nos descentralizemos da Verdade para seguirmos caminhos tortuosos e de fim duvidoso.
É notório também que até mesmo nossos padres e bispos, muitas vezes perdem uma característica fundamental nos seus ministérios. Quando falo em humildade, não é para abster-se dos bens materiais e viver apenas na pobreza, no sentido literal. Humildade é testemunhar Jesus Cristo e o Seu Evangelho sem engradecer-se, sem querer ser a “estrela”. 
Temos uma Igreja de Doutores e sábios Teólogos, mas acho que falta um pouco mais de humildade. Os Bispos dêem mais atenção aos fiéis que a eles se dirigem (não que eles não dêem, mas acho que falta isso em alguns Bispos), ou que deles esperam uma resposta. Os Padres escutem mais seus “filhos”, os paroquianos. Sejam figura de um pai para eles, tanto na repreensão, como no acolhimento.
Em suma: ser humilde é ser “Maria”; é dizer “sim” a Deus, para que Ele realize em nós o que realizou em Maria, claro que não em uma forma restrita da palavra, mas carregando em nós o Cristo Eucarístico, que sempre se doa na Santa Missa.
O “sim” de Maria deve ser o nosso “sim”.
***

Catequese de Bento XVI sobre Santo Alberto Magno – 24/03/2010

 Fonte: Canção Nova

Queridos irmãos e irmãs,
um dos maiores mestres da teologia medieval é Santo Alberto Magno. O título de “grande” (magnus), com que ele passou para a história, indica a amplitude e a profundidade de sua doutrina, que ele associou à santidade da vida. Mas já os seus contemporâneos não hesitavam em lhe atribuir títulos excelentes; um de seus discípulos, Ulrico di Estrasburgo, o define “assombro e milagre de nossa época”.

Nascido na Alemanha no início do século XIII, ainda muito jovem dirigiu-se para a Itália, em Pádua, sede de uma das universidades mais famosas da Idade Média. Dedicou-se ao estudo das chamadas “artes liberais”: gramática, retórica, dialética, aritmética, geometria, astronomia e música, isto é, da cultura geral, manifestando aquele típico interesse pelas ciências naturais, que logo se tornaria o campo favorito de sua especialização. Durante a sua estada em Pádua, frequentou a igreja dos Dominicanos, aos quais depois se une com a profissão dos votos religiosos. As fontes hagiográficas inferem que Alberto amadureceu gradualmente essa decisão. O intenso relacionamento com Deus, o exemplo de santidade dos frades dominicanos, a escuta dos sermões do Beato Giordano di Sassonia, sucessor de São Domingos na guia da Ordem dos Pregadores, foram os fatores decisivos que o ajudaram a superar todas as dúvidas, vencendo também as resistências da família. Muitas vezes, nos anos da juventude, Deus nos fala e nos indica o projeto de nossa vida. Como para Alberto, também para todos nós a oração pessoal, nutrida pela Palavra do Senhor, a frequência aos sacramentos e a orientação espiritual de homens iluminados são os meios para descobrir e seguir a voz de Deus. Recebeu o hábito religioso do Beato Giordano di Sassonia.

Depois da ordenação sacerdotal, os superiores o destinaram ao ensinamento em vários centros de estudos teológicos anexados aos conventos dos Padres dominicanos. As brilhantes qualidades intelectuais o permitiram aperfeiçoar o estudo da teologia na universidade mais célebre da época, aquela de Paris. Desde então, Santo Alberto iniciou a extraordinária atividade de escritor, que teria continuidade por toda a vida.

Foram-lhe atribuídas atividades de prestígio. Em 1248, foi encarregado de abrir um studio teológico em Colônia, uma das capitais mais importantes da Alemanha, onde viveu por diversas vezes, e que se tornou sua cidade de adoção. De Paris, levou consigo para Colônia um estudante excepcional, Tomás de Aquino. Bastaria somente o mérito de ter sido mestre de São Tomás para alimentar profunda admiração por Santo Alberto. Entre estes dois grandes teólogos se instaurou uma relação de mútua estima e amizade, atitudes humanas que muito ajudam o desenvolvimento da ciência. Em 1254, Alberto foi eleito Provincial da “Provincia Teutoniae” – teutônica – dos Padres dominicanos, que compreendia comunidades espalhadas pelo vasto território da Europa Central e Europa Setentrional. Ele se distinguiu pelo zelo com que exerceu tal ministério, visitando as comunidades e chamando constantemente os irmãos à fidelidade, aos ensinamentos e ao exemplo de São Domingos.

Seus dons não passaram despercebidos ao Papa daquela época, Alexandre IV, que chamou Alberto, por um tempo, para perto de si em Anagni – onde os Papas se recolhiam com frequência -, em Roma e em Viterbo, para beneficiar-se de seus conselhos teológicos. O mesmo Sumo Pontífice o nomeou Bispo de Ratisbona, uma grande e famosa diocese, que se encontrava, no entanto, em um momento difícil. De 1260 a 1262, Alberto desenvolveu seu ministério com incansável dedicação, conseguindo trazer paz e harmonia à cidade, reorganizar as paróquias e conventos e dar um novo impulso às atividades caritativas.

Nos anos 1263-1264, Alberto pregava na Alemanha e na Bohemia, encarregado pelo Papa Urbano IV, para regressar depois a Colônia e, em seguida, retomar sua missão de professor, estudioso e escritor. Sendo um homem de oração, de ciência e caridade, gozava de grande autoridade em seus discursos, em diversos acontecimentos da Igreja e da sociedade da época: foi sobretudo um homem de reconciliação e de paz em Colônia, onde o Arcebispo havia entrado em acentuado contraste com as instituições da cidade; foi generoso durante o desenvolvimento do II Concílio de Lyon, em 1274, convocado pelo Papa Gregório X para favorecer a união entre a Igreja latina e a grega, após a separação do Grande Cisma do Oriente de 1054; ele esclareceu o pensamento de Tomás de Aquino, que era causa de objeções e mesmo condenações totalmente injustificadas.

Morreu na cela de seu convento da Santa Cruz, em Colônia, em 1280, e logo foi venerado pelos colegas. A Igreja o propôs ao culto dos fiéis com a beatificação, em 1622, e com a canonização, em 1931, quando o Papa Pio XI o proclamou Doutor da Igreja. Foi um reconhecimento, sem dúvida, apropriado para este grande homem de Deus e notável estudioso, não somente das verdades da fé, mas de muitíssimos outros campos do conhecimento; de fato, dando uma olhada nos títulos de numerosíssimas obras, torna-se perceptível que sua cultura teve algo de prodigioso, e que seus interesses enciclopédicos o levaram a se ocupar não apenas com Filosofia e Teologia, como outros contemporâneos, mas também com qualquer outra disciplina então conhecida, da Física à Química, da Astronomia à Mineralogia, da Botânica à Zoologia. Por essa razão, Papa Pio XII o nomeou padroeiro dos que se dedicam às ciências naturais, e é chamado também de “Doctor Universalis”, exatamente por causa da amplitude de seus interesses e de seu conhecimento.

Certamente, os métodos científicos empregados por Santo Alberto Magno não são aqueles que prevaleceram nos séculos posteriores. O seu método consistia simplesmente na observação, descrição e classificação dos fenômenos estudados, mas, assim, abriu as portas para os trabalhos futuros.

Ele ainda tem muito a nos ensinar. Sobretudo, Santo Alberto mostra que entre fé e ciência não há oposição, apesar de alguns episódios de incompreensão terem sido registrados na história. Um homem de fé e de oração, como foi Santo Alberto Magno, pode cultivar serenamente o estudo das ciências naturais e progredir na consciência do micro e do macrocosmo, descobrindo as leis próprias da matéria, porque tudo isso ajuda a alimentar a sede e o amor de Deus. A Bíblia nos fala da criação como a primeira linguagem com que Deus – que é a suma inteligência, que é Logos – nos revela algo de si mesmo. O Livro da Sabedoria, por exemplo, afirma que os fenômenos da natureza, dotados de grandeza e beleza, são como as obras de um artista, através dos quais, por analogia, nós podemos conhecer o Autor da criação (cf. Sab 13, 5). Com similaridade clássica na Idade Média e no Renascimento, se pode comparar o mundo natural a um livro escrito por Deus, que nós lemos com base em diferentes abordagens da ciência (cf. Discurso aos participantes da Plenária da Pontifícia Academia das Ciências, 31 de Outubro de 2008). Quantos cientistas, de fato, na esteira
de Santo Alberto Magno, levaram adiante a sua investigação inspirados na admiração e gratidão pelo mundo que, aos olhos de estudiosos e crentes, aparecia e aparece como a boa obra de um Criador sábio e amoroso! O estudo científico se transforma, então, em um hino de louvor.
O tinha bem compreendido um grande astrofísico de nosso tempo, cuja Causa de Beatificação foi introduzida, Enrico Medi, que escreveu: “Oh, vós, misteriosa galáxia […] Eu vos vejo, vos calculo, vos entendo, vos estudo e vos descubro, vos penetro e vos recolho. De vós eu tomo a luz e faço ciência, tomo o movimento e o torno sabedoria, tomo o brilho das cores e o torno poesia; eu recolho vossas estrelas em minhas mãos, e tremendo na unidade do meu ser vos alço acima de vós mesmas, e em oração vos ofereço ao Criador, que somente por meu intermédio vós mesmas podeis adorar” (As obras. Hino à criação).

Santo Alberto Magno nos recorda que entre ciência e fé está a amizade, e que os homens de ciência podem percorrer, através da própria vocação ao estudo da natureza, um autêntico e fascinante percurso de santidade.

A sua extraordinária abertura de espírito revela-se também em uma operação cultural que ele empreendeu com sucesso, isto é, na acolhida e valorização do pensamento de Aristóteles. Na época de Santo Alberto, de fato, estava se difundindo a consciência de numerosas obras desse grande filósofo grego, que viveu no século IV antes de Cristo, sobretudo no campo da ética e da metafísica. Tais obras demonstravam a força da razão, explicando com lucidez e clareza o sentido e a estrutura da realidade, a sua inteligibilidade, o valor e a finalidade das ações humanas. Santo Alberto abriu a porta para a recepção completa da filosofia de Aristóteles na filosofia e teologia medieval, uma recepção elaborada de modo definitivo por São Tomás. Essa recepção de uma filosofia, digamos, pagã pré-cristã foi uma autêntica revolução cultural para aquele tempo. Ainda assim, muitos pensadores cristãos temiam a filosofia de Aristóteles, a filosofia não cristã, sobretudo porque, apresentada por seus comentadores árabes, era interpretada de modo a parecer, pelo menos em alguns pontos, como totalmente inconciliável com a fé cristã. Se colocava, então, um dilema: fé e a razão são contraditórias entre si, ou não?

Está aqui um dos grandes méritos de Santo Alberto: com rigor científico, estudou as obras de Aristóteles, convicto de que tudo o que é realmente racional é compatível com a fé revelada na Sagrada Escritura. Em outras palavras, Santo Alberto Magno contribuiu para a formação de uma Filosofia autônoma, distinta da Teologia e unida com ela apenas na unidade da verdade. Assim, nasceu no século XIII uma distinção clara entre estes dois saberes, Filosofia e Teologia, que, no diálogo entre si, cooperam harmoniosamente para a descoberta da autêntica vocação do homem, sedento de Verdade e de felicidade: e é sobretudo a teologia, definida por Santo Alberto “ciência afetiva”, aquela que indica ao homem o seu chamado à eterna alegria, uma alegria que brota da plena adesão à verdade.

Santo Alberto Magno foi capaz de comunicar esses conceitos de modo simples e compreensível. Autêntico filho de São Domingos, pregava com alegria ao povo de Deus, que também é cativado por suas palavras e exemplo de vida.

Queridos irmãos e irmãs, rezemos ao Senhor para que não faltem à santa Igreja teólogos doutos, piedosos e sábios, como Santo Alberto Magno, e para que ajude cada um de nós a fazer sua a “fórmula de santidade” que ele seguiu na vida: “Desejar tudo isso que eu desejo para a glória de Deus, como Deus deseja para sua glória tudo aquilo que Ele deseja”, isto é, sempre configurar-se à vontade de Deus para desejar e fazer tudo, somente e sempre, para a Sua glória.

A mídia deve estar a favor da vida

Ontem tive o desprazer de estar mudando de canal, e parei bem no SBT (um canal que assisto muito, não mais que os canais católicos) onde estava passando o Programa da Eliana. Em um quadro com um Dr. José Bento, onde o médico dá “dicas” sobre sexualidade, gravidez e etc., ouvi uma moça de 19 anos perguntar algo, que não me lembro exatamente agora, e a apresentadora, depois do médico ter respondido dizer: “Juízo! Use sempre camisinha”. Depois desta “bomba” ainda vi uma jovem fazer outra pergunta se o método bílis seria confiável. E o doutor responde: “Não! Nunca foi!”, e começou a dar sua explicação.
São tais pessoas que sustentamos nos canais de televisão que infiltram-se em nossos lares e põe abaixo, moralmente e literalmente, as nossas famílias.
Bem que fomos advertidos por Cristo e suas palavras perpassam, tão fortes como nunca, estes dois mil e dez anos: “Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores” (Mt 7, 15).
Estas palavras de Cristo confirmam-se hoje de forma explícita. Muitos hoje já não vêm como ovelhas, vêm como lobos mesmos. E a sociedade, sabendo que são animais vorazes, segue-os de igual forma. Programas de televisão e canais que estimulam este “seguir” (Leia-se BBB, Programa Eliana, Novelas e etc).
Para esclarecer o que o Dr. José Bento disse e provar que é ele também um anti-vida, e para que você, leitor (a), não saia deste artigo com esta dúvida, mostrarei aqui dados que compravam a eficácia do método bílis e a ineficácia dos anticoncepcionais.
A fiabilidade deste método é muito elevada, com 99% de eficácia. Além disso, promove a cumplicidade entre o casal, evitando os dias férteis, o que pedirá diálogo, carinho e compreensão. Responsabilidade e decisão do casal. Não agride o corpo de nenhum dos dois. Os dois poderão ainda programar a vinda dos filhos no momento certo, apenas intensificando o relacionamento sexual nos períodos propícios para a gravidez”. (Wikipédia)
Um método eficaz, ao contrário do que disse o Dr. José Bento, e que não precisa de nenhum produto para prejudicar o corpo. Basta que se observe o que deve ser feito, as precauções a serem tomadas.
Tais leis de se fornecer anticoncepcionais em escolas, de se estimular seu uso é, como recordou o Papa Bento XVI, uma ameaça “ao futuro dos países da região” (Discurso na abertura da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe). Sim, uma ameaça. Uma ameaça que se alastra e que impregna as mentes e a moral da família, fazendo com que estas possam aderir as suas ideologias.
A questão de usar anticoncepcionais é também uma questão moral. A AIDS no país de Uganda foi reduzida de 30% para 6% por meio do incentivo a abstinência e não distribuindo camisinha, como fazem muitos dos nossos líderes políticos, inclusive o presidente.
Fiquemos espertos e leiamos mais para podermos discernir os erros que estes anti-vida , e assassinos, implantam em nosso meio.
Que a Virgem Maria, Mãe da vida, nos auxilie.

Perdoar como Jesus

Enquanto ensinava no Templo, os escribas e fariseus conduzem a Jesus uma mulher flagrada em adultério, para o qual a lei mosaica previa a pena de apedrejamento. Estes homens pedem a Jesus que julgue a pecadora, com o intuito de testá-lo e de induzi-lo a se contradizer. A cena é carregada de dramaticidade: das palavras de Jesus depende a vida daquela pessoa, mas também sua própria vida. Os acusadores hipócritas, de fato, fingem confiar a ele o juízo, quando, na verdade, é justo Ele a quem pretendem condenar. Jesus, porém, “é cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14): Ele sabe o que está no coração de cada homem, quer condenar o pecado, mas quer salvar o pecador, e desmascarar a hipocrisia. O evangelista São João dá destaque a um ponto em particular: enquanto os acusadores o interrogam com insistência, Jesus se agacha e se põe a escrever com o dedo na terra. Observa Santo Agostinho que este gesto mostra Cristo como legislador divino: de fato, Deus escreveu a lei com seu dedo sobre as tábuas de pedra (cfr Comm. al Vang. di Giov., 33, 5). Jesus, portanto, é o Legislador, é a Justiça em pessoa. E qual é sua sentença? “Quem dentre vós não tiver pecado, atire a primeira pedra!”. Estas palavras estão plenas da força desarmante da verdade, que abate o muro da hipocrisia e abre a consciência a uma justiça maior, aquela do amor, à qual corresponde o pleno cumprimento de qualquer preceito (cfr Rm 13,8-10). Foi a justiça que salvou Paulo de Tarso, transformando-o em São Paulo (cfr Fil 3,8-14).
Quando os acusadores “foram saindo um por um, a começar pelos mais velhos”, Jesus, absolvendo a mulher de seu pecado, a introduz em uma nova vida, orientada para o bem: “Eu também não te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais”. É a mesma graça que fará o Apóstolo dizer: “uma coisa, porém, faço: esquecendo o que fica para trás, lanço-me para o que está à frente. Lanço-me em direção à meta, para conquistar o prêmio que, do alto, Deus me chama a receber no Cristo Jesus” (Fil 3,14). Deus deseja para nós apenas o bem e a vida; Ele provê a saúde de nossa alma por meio de seus ministros, libertando-nos do mal com o Sacramento da Reconciliação, para que nenhum venha a se perder, mas que todos tenhamos meios de nos convertermos.  Neste Ano Sacerdotal, desejo exortar os Pastores a imitarem o santo Cura d’Ars no ministério do Perdão sacramental, para que assim os fiéis redescubram seu significado e sua beleza, e sejam curados pelo amor misericordioso de Deus, o qual “é capaz até de esquecer voluntariamente o pecado, para nos perdoar” (Carta de proclamação do Ano Sacerdotal).
Caros amigos, aprendamos com o Senhor Jesus a não julgar e não condenar o próximo. Aprendamos a ser intransigentes com o pecado – a começar pelo nosso! – e indulgentes para com as pessoas. Que nos ajude a santa Mãe de Deus, que, isenta de toda culpa, é mediadora de graça para todo pecador arrependido.
Bento XVI – Angelus, 21/03/2010

Mensagem de Bento XVI para a Jornada Mundial da Juventude 2010

 
“Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?” (Mc 10, 17)

Queridos amigos,

este ano marca o vigésimo quinto aniversário de instituição da Jornada Mundial da Juventude, desejada pelo Venerável João Paulo II como encontro anual de jovens crentes do mundo inteiro. Foi uma iniciativa profética que rendeu frutos abundantes, permitindo às novas gerações cristãs encontrarem-se, entrarem em atitude de escuta da Palavra de Deus, de descobrir a beleza da Igreja e de viver experiências fortes de fé que levaram muitos à decisão de entregar-se totalmente a Cristo.

A presente XXV Jornada representa um passo rumo ao próximo Encontro Mundial dos jovens, que será realizado em agosto de 2011 em Madrid, onde espero que sejam muitos a viver este momento de graça.

Para preparar-nos a essa celebração, desejo propor-vos algumas reflexões sobre o tema deste ano: “Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?” (Mc 10, 17), tirado do episódio evangélico do encontro de Jesus com o jovem rico; um tema já abordado, em 1985, pelo Papa João Paulo II em uma belíssima carta, dirigida pela primeira vez aos jovens.

1. Jesus encontra um jovem

“Tendo [Jesus] saído para se pôr a caminho, – conta o Evangelho de São Marcos – veio alguém correndo e, dobrando os joelhos diante dele, suplicou-lhe: ‘Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?’. Jesus disse-lhe: ‘Por que me chamas bom? Só Deus é bom. Conheces os mandamentos: não mates; não cometas adultério; não furtes; não digas falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe’. Ele respondeu-lhe: ‘Mestre, tudo isto tenho observado desde a minha mocidade’. Jesus fixou nele o olhar, amou-o e disse-lhe: ‘Uma só coisa te falta; vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me’. O jovem entristeceu-se com estas palavras e foi-se todo abatido, porque possuía muitos bens” (Mc 10, 17-22).

Esta história expressa de modo eficaz a grande atenção de Jesus pelos jovens, por vós, por vossas expectativas, vossas esperanças, e mostra o quão grande é o seu desejo de encontrar-vos pessoalmente e dialogar com cada um de vós. Cristo, de fato, interrompe seu caminho para responder à pergunta de seu interlocutor, manifestando plena disponibilidade para aquele jovem, que é movido por um ardente desejo de falar com o “Bom Mestre”, para aprender d’Ele a percorrer a estrada da vida. Com esse trecho evangélico, o meu Predecessor desejava exortar cada um de vós a “desenvolver o próprio colóquio com Cristo, um colóquio que é de importância fundamental e essencial para um jovem” (Carta Apostólica aos jovens Dilecti Amici, n. 2).

2. Jesus o olhou e o amou

No relato evangélico, São Marcos salienta como “Jesus fixou nele o olhar e o amou” (cf. Mc 10, 21). No olhar do Senhor está o coração deste especialíssimo encontro e de toda a experiência cristã. De fato, o cristianismo não é primariamente uma moral, mas experiência de Jesus Cristo, que nos ama pessoalmente, jovem ou velho, pobre ou rico; nos ama mesmo quando lhe viramos as costas.

Comentando a cena, o Papa João Paulo II acrescentava, dirigindo-se a vós, jovens: “Desejo que experimenteis um olhar assim. Desejo que experimenteis a verdade de que Cristo os olha com amor” (Carta Apostólica aos jovens Dilecti Amici, n. 7). Um amor, manifestado a nós sobre a Cruz de maneira plena e total, que faz São Paulo escrever com espanto: “Me amou e se entregou por mim” (Gal 2,20). “A consciência de que o Pai sempre nos amou em seu Filho, de que Cristo ama a cada um e sempre – escreve agora o Papa João Paulo II -, se converte em un sólido ponto de apoio para toda nossa existência humana” (Ibid, n. 7), e nos permite superar todos as provas: a descoberta de nossos pecados, o sofrimento, o desânimo.

Neste amor se encontra a fonte de toda a vida cristã e a razão fundamental da evangelização: se temos verdadeiramente encontrado Jesus, não podemos deixar de testemunhá-lo àqueles que ainda não encontraram o seu olhar!

3. A descoberta do projeto de vida

No jovem do Evangelho, podemos perceber uma condição muito similar àquela de cada um de vós. Também vós sois ricos de qualidade, de energias, de sonhos, de esperanças: recursos que vós possuís em abundância! A vossa própria idade se constitui uma grande riqueza, não somente para vós, mas também para os outros, para a Igreja e para o mundo.

O jovem rico pergunta a Jesus: “O que devo fazer?”. A estação da vida em que estais imersos é tempo de descoberta: dos dons que Deus vos deu e das vossas responsabilidades. É, também, tempo de escolhas fundamentais para construir o vosso projeto de vida. É o momento, pois, de interrogar-vos sobre o autêntico sentido da existência e de perguntar-vos: “Estou satisfeito com minha vida? Está faltando alguma coisa?”.

Como o jovem do Evangelho, talvez vós viveis situações de instabilidade, de turvamento ou de sofrimento, que vos levais a aspirar a uma vida que não seja medíocre e a perguntar-vos: em que consiste uma vida bem sucedida? O que devo fazer? Qual poderia ser o meu projeto de vida? “O que devo fazer para que minha vida tenha pleno valor e pleno sentido?” (Ibid., n. 3).

Não tenhais medo de afrontar essas questões! Longe de oprimir-vos, elas expressam as grandes aspirações que estão presentes no vosso coração. Portanto, devem ser ouvidas. Elas aguardam respostas que não sejam superficiais, mas capazes de atender às vossas autênticas expectativas de vida e de felicidade.

Para descobrir o projeto de vida que pode fazer-vos plenamente feliz, colocai-vos em escuta a Deus, que tem o seu plano de amor por cada um de vós. Com confiança, perguntai-lhe: “Senhor, qual é o teu plano de Criador e Pai sobre minha vida? Qual é a tua vontade? Eu desejo realizá-la”. Tenhais certeza de que Ele vos responderá. Não tenhais medo de sua resposta! “Deus é maior que nosso coração e conhece todas as coisas” (1 Jo 3, 20)!

4. Vem e segue-me!

Jesus convida o jovem rico a ir muito além da satisfação de suas aspirações e de seus projetos pessoais, ele diz: “Vem e segue-me!”. A vocação cristã surge de uma proposta de amor do Senhor e somente pode se realizar graças a uma resposta de amor: “Jesus convida os seus discípulos ao dom total da sua vida, sem cálculos nem vantagens humanas, com uma confiança em Deus sem hesitações. Os santos acolhem este convite exigente, e põem-se com docilidade humilde no seguimento de Cristo crucificado e ressuscitado. A sua perfeição, na lógica da fé por vezes humanamente incompreensível, consiste em não colocar a si mesmos no centro, mas em escolher ir contra a corrente vivendo segundo o Evangelho” (Homilia durante Canonização de cinco beatos, 11 de outubro de 2009).

Seguindo o exemplo de muitos discípulos de Cristo, também vós, queridos amigos, acolheis com alegria o convite para o discipulado, para viver intensamente e de modo frutífero neste mundo. Com o Batismo, de fato, ele chama cada um a segui-Lo com ações concretas, a amá-Lo acima de todas as coisas e a servi-Lo nos irmãos. O jovem rico, infelizmente, não aceitou o convite de Jesus e foi embora triste. Não tinha encontrado a coragem de romper com os bens materiais para encontrar o bem maior proposto por Jesus.

A tristeza do jovem rico do Evangelho é aquela que nasce no coração de cada um quando não se tem a coragem de seguir a Cristo, de fazer a escolha certa. Mas nunca é tarde demais para responder-Lhe!

Jesus não se cansa de dirigir o seu olhar de amor e chamar para ser seus discípulos, mas Ele propõe a alguns uma escolha mais radical. Neste Ano Sacerdotal, desejo exortar os jovens e os rapazes a estarem atentos se o Senhor convida para um dom maior, na via do Sacerdócio ministerial, e a permanecer disponíveis para acolher com generosidade e entusiasmo este sinal de especial predileção, traçando, com a ajuda de um sacerdote, do diretor espiritual, o necessário caminho de discernimento. Não tenhais medo, então, queridos jovens e queridas jovens, se o Senhor vos chama à vida religiosa, monástica, missionária ou de especial consagração: Ele sabe doar profunda alegria àqueles que respondem com coragem!

Convido, também, aqueles que sentem a vocação para o matrimônio a acolhê-la com fé, empenhando-se em colocar uma base sólida para viver um amor grande, fiel e aberto ao dom da vida, que é riqueza e graça para a sociedade e para a Igreja.

5. Orientai-vos rumo à vida eterna

“Que devo fazer para alcançar a vida eterna?”. Essa questão do jovem do Evangelho parece distante das preocupações de muitos jovens contemporâneos, porque, como observava o meu Predecessor, “não somos nós a geração a que o mundo e o progresso temporal enchem completamente o horizonte da existência?” (Carta Apostólica aos jovens Dilecti Amici, n. 5). Mas a pergunta sobre a “vida eterna” surge em particulares momentos dolorosos da existência, quando vivenciamos a perda de alguém próximo ou quando vivemos a experiência do fracasso.

Mas o que é “vida eterna”, a que se refere o jovem rico? Jesus a ilustra quando, voltando-se a seus discípulos, afirma: “Hei de ver-vos outra vez, e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa alegria” (Jo 16, 22). São palavras que indicam uma proposta exaltante de felicidade sem fim, da alegria de ser preenchido pelo amor divino para sempre.

Interrogar-se sobre o futuro definitivo que aguarda a cada um de nós dá sentido pleno à existência, porque orienta o projeto de vida rumo a horizontes não limitados e passageiros, mas amplos e profundos, que levam a amar o mundo, tão amado por Deus mesmo, a dedicar-nos ao seu desenvolvimento, mas sempre com a liberdade e a alegria que nasce da fé e da esperança. São horizontes que ajudam a não absolutizar a realidade terrena, sentindo que Deus nos prepara um perspectiva mais ampla, e a repetir com Santo Agostinho: “Desejamos a pátria celeste, suspiramos pela pátria celeste, nos sentimos peregrinos aqui na terra” (Comentário ao Evangelho de São João, Homilia 35, 9). Mantendo os olhos fixos na vida eterna, o Beato Pier Giorgio Frassati, que morreu em 1925, com 24 anos, disse: “Desejo viver e não subsistir!”, e sobre a foto de uma escada, enviada a um amigo, escreveu: “Para o alto”, aludindo à perfeição cristã, mas também à vida eterna.

Queridos jovens, exorto-vos a não esquecer essa perspectiva em vosso projeto de vida: somos chamados à eternidade. Deus nos criou para estar com Ele, para sempre. Isso vos ajudará a dar sentido pleno às vossas escolhas e a agregar qualidade à vossa existência.

6. Os mandamentos, via do amor autêntico

Jesus recorda ao jovem rico os dez mandamentos como condições necessárias para “alcançar a vida eterna”. Eles são pontos de referência essenciais para viver no amor, para distinguir claramente o bem do mal e construir um projeto de vida sólido e duradouro. Também a vós, Jesus pergunta se conheceis os mandamentos, se vos preocupais em formar a vossa consciência segundo a lei divina e se a colocais em prática.

Naturalmente, trata-se de perguntas contra a corrente em relação à mentalidade atual, que propõe uma liberdade desvinculada de valores, de regras, de normas objetivas e convida a rejeitar todos os limites em nome dos desejos do momento. Mas este tipo de proposta, ao invés de conduzir à verdadeira liberdade, leva o homem a se tornar um escravo de si mesmo, de seus desejos imediatos, dos ídolos como o poder, o dinheiro, o prazer desenfreado e as seduções do mundo, tornando-o incapaz de seguir a sua vocação original ao amor.

Deus nos dá os mandamentos porque deseja educar-nos à verdadeira liberdade, porque quer construir conosco um Reino de amor, de justiça e de paz. Escutá-los e colocá-los em prática não significa se alienar, mas encontrar o caminho da liberdade e do amor autêntico, porque os mandamentos não limitam a felicidade, mas indicam como encontrá-la. Jesus, no início do diálogo com o jovem rico, recorda que a lei dada por Deus é boa, porque “Deus é bom”.

7. Temos necessidade de Vós

Quem vive hoje na condição de jovem se encontra afrontado por muitos problemas decorrentes do desemprego, da falta de referências ideais corretas e de perspectivas concretas para o futuro. Às vezes, pode-se ter a impressão de que se é impotente diante das crises e desvios atuais. Apesar das dificuldades, não percais a coragem e não renuncieis a vossos sonhos! Ao contrário, cultiveis no coração o grande desejo de fraternidade, justiça e paz. O futuro está nas mãos de quem sabe procurar e encontrar razões fortes de vida e de esperança. Se quiserdes, o futuro está em vossas mãos, porque os dons e as riquezas que o Senhor incutiu no coração de cada um de vós, plasmados no encontro com Cristo, podem trazer autêntica esperança ao mundo! É a fé no seu amor que, tornando-vos fortes e generosos, vos dará a coragem de afrontar com serenidade o caminho da vida e assumir responsabilidade familiar e profissional. Empenhai-vos a construir o vosso futuro através de um sério percurso de formação pessoal e de estudo, para servir de modo competente e generoso ao bem comum.

Na minha recent
e Carta Encíclica sobre o desenvolvimento humano integral, Caritas in veritate, elenquei alguns grandes desafios atuais, que são urgentes e essenciais para a vida deste mundo: o uso dos recursos da terra e o respeito da ecologia, a justa divisão dos bens e o controle dos mecanismos financeiros, a solidariedade com os Países pobres no âmbito da família humana, a luta contra a fome no mundo, a promoção da dignidade do trabalho humano, o serviço à cultura da vida, a construção da paz entre os povos, o diálogo inter-religioso, o bom uso dos meios de comunicação social.

São desafios aos quais sois chamados a responder para construir um mundo mais justo e fraterno. São desafios que requerem um projeto de vida exigente e apaixonante, no qual colocar toda a vossa riqueza segundo o plano que Deus tem para cada um de vós. Não se trata de fazer gestos heroicos ou extraordinários, mas agir explorando os próprios talentos e as próprias possibilidades, empenhando-se em progredir constantemente na fé e no amor.

Neste Ano Sacerdotal, convido-vos a conhecer a vida dos santos, em particular a dos sacerdotes santos. Vejais que Deus lhes guiou e que encontraram a própria estrada dia após dia, exatamente na fé, esperança e no amor. Cristo chama cada um de vós a empenhar-se com Ele e a assumir a própria responsabilidade para construir a civilização do amor. Se seguirdes a sua palavra, também a vossa estrada se iluminará e vos conduzirá a metas elevadas, que dão alegria e sentido pleno à vida.

Que a Virgem Maria, Mãe da Igreja, vos acompanhe com sua proteção. Vos asseguro a minha lembrança na oração e, com grande afeição, vos abençoo. 

Dado no Vaticano, aos 22 de fevereiro de 2010


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