Jesus transfigura a humanidade – 2º Domingo da Quaresma

Neste segundo domingo da Quaresma as leituras traçam a Aliança feita por Deus com os homens. Em primeiro lugar avaliaremos a Aliança de Deus feita com Abraão. Depois veremos a carta de São Paulo e suas exortantes recomendações. E, por fim avaliaremos o Evangelho proposto para o dia.
Na primeira leitura Deus firma uma Aliança com Abraão (que ainda se chamava Abrão). E como Ele o faz? Assim nos narra o autor dos Gênesis: “Naquele dia o Senhor fez aliança com Abrão, dizendo: ‘Aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio Egito até o grande rio, o Eufrates’” (v.18).
Esta aliança foi consumada única e verdadeiramente em Jesus Cristo, na sua última ceia. E em todas as missas revivemos este precioso fato. Não o repetimos, mas o renovamos, o fazemos presente também hoje. Antes de ser entregue Ele toma o cálice em suas mãos dá graças ao Pai e diz aos seus: “Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos” (Mc 24).
Poderíamos dizer que esta aliança foi completamente selada na morte de Cristo, e por Ele todos podem, hoje, unir-se a Deus.
Na segunda leitura Paulo nos exorta: “Há muitos que se comportam como inimigos da cruz de Cristo. O fim deles é a perdição, o deus deles é o estômago, a glória deles está no que é vergonhoso e só pensam nas coisas terrenas” (Fl 3,18-19).
O mundo hoje está cheio dos “inimigos da cruz de Cristo”. Paulo os caracteriza de diversos modos e nós podemos conhecê-los. Além dos prazeres efêmeros dos bens terrenos, aos quais não quero me aprofundar aqui (já que dediquei dois artigos passados a este âmbito).
Precisamente o que Paulo designava com este termo “inimigos da cruz de Cristo”? O que ele queria dizer-nos ao falar dos pretensos inimigos.
Antes de tudo convém ressaltar que o apóstolo valoriza de modo substancial a cruz como símbolo do próprio Cristo. Ela representa o Cristo e ao mesmo tempo representa a Igreja. Ele não diz “há muitos que se comportam como inimigos de Cristo”, mas sim da “cruz de Cristo”. Quem se opõe a Igreja se opõe a Cristo, quem desvaloriza a cruz desvaloriza o próprio Cristo ou vice-versa. Eles estão unidos intrinsecamente entre si. Ninguém poderá separá-los, pois fazem parte um do outro.
Na sexta-feira Santa a Igreja eleva aos céus uma oração muito comum à este dia, quando, na Celebração da Paixão do Senhor, o Sacerdote faz a comum aclamação: “Ecce lignum crucis, in quo salus mundi pependit – Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a Salvação do mundo”, ao que todos respondem: “Venite adoremus – Vinde e adoremos”. Sim, ali manifesta-se o sinal salvífico à humanidade. Não obstante os sofrimentos que expressam o Senhor morto, antes de tudo contemplamos a salvação que ali se realiza.
Os inimigos da cruz de Cristo são todos aqueles que não fazem a vontade de Deus, que tentam obstruir sua missão de cristãos, e, portanto, anunciadores da Boa Nova de Jesus e da sua salvação, são pessoas que fazem da barriga o seu deus. Que põe sua glória nas coisas do mundo e nas futilidade e superficialidades deste mundo. Que buscam limitar-se ao que é meramente finito. Pessoas que não querem escutar a voz da Igreja, apesar de saber de sua importância.
Por fim devemos debruçar-nos agora sobre o Evangelho de São Lucas que nos relata a Transfiguração do Senhor. Avaliemos não apenas o sentido teológico em si, mas mais ainda aprofundemo-nos em uma analogia sobre o que ela quer nos transmitir hoje.
Jesus leva consigo Pedro, Tiago e João ao Monte Tabor, e lá, segundo o evangelista narra-nos, “enquanto orava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou branca e brilhante. Dois homens conversavam com ele: Moisés e Elias. Apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a saída deste mundo que Jesus iria consumar em Jerusalém… E da nuvem saiu uma voz: ‘Este é o meu Filho, o Eleito. Escutai-o!’” (Lc 9,29-31).
O Salmo 103 apresenta-nos um profundo paralelo com o Evangelho. Em outras palavras o evangelista faz uma analogia ao salmo, a apologia de Jesus na sua transfiguração ele nos diz: “Senhor, meu Deus, vós sois imensamente grande! De majestade e esplendor vos revestis, envolvido de luz como de um manto”.
São Marcos nos diz que “Suas vestes tornaram-se resplandecentes e de uma brancura tal, que nenhum lavadeiro sobre a terra as pode fazer assim tão brancas. (Mc 9,3)“. São Mateus associa esta brancura ao relâmpago: “Resplandecia como relâmpago e suas vestes eram brancas como a neve. (Mt 28,3)”. Daquela sua manifestante irradiação emanavam a divindade de Jesus e sua natureza divina. Sim, naquele momento paradoxal ao Getsemâni Jesus quis mostrar ao discípulo que sua glória se manifestaria na cruz, e de lá Ele iria conceder a verdadeira redenção à humanidade.
A voz do Pai mais uma vez faz-se presente e é ouvida pelos discípulos, que estavam envolvidos naquele mistério que ante seus olhos havia se manifestado. Depois do Batismo, também no Tabor, quer Deus que sua voz seja escutada, por meio do Filho que falava
-lhes, e Ele alerta aos discípulos: “Escutai-o!”. O Papa Bento XVI já nos recordava em seu livro Jesus de Nazaré: “A transfiguração é um acontecimento da oração; torna-se claro o que acontece no diálogo de Jesus com o Pai: a mais íntima penetração do seu ser com Deus, que se torna pura luz” (pag. 264).
“Por meio do batismo somos revestidos com Jesus na luz e tornamo-nos nós mesmo luz” (ibidem pag. 265). Infelizmente nem todos deixam-se revestir por esta luz; nem todos querem assumir o autêntico compromisso de serem “sal da terra e luz do mundo”, e por isso preferem esconder a luz debaixo da cama.
Peçamos que a luz de Cristo, que irradiou os apóstolos, irradie também o mundo que vive obscurecido nas trevas da ignorância. Ilumine, sobretudo, aqueles que não querem escutar os ensinamentos de Cristo para cada um de nós por meio da Igreja. Para que sejam iluminados aqueles que ignoram a Deus por se acharem autossuficientes; que sejam iluminados os que fazem dos bens terrenos o seu deus; que sejam iluminados os que deixam-se levar por ideologias contrárias ao verdadeiro ensinamento de Cristo.
Perguntemo-nos hoje: será que nós escutamos verdadeiramente a voz de Deus? Será que colocamo-la no centro da nossa existência? Ou será que escutamos mais a voz do mundo.
A cada um de nós cabe a resposta. Como eu tenho me colocado mediante o Cristo que fala hoje por meio de sua Igreja?

O Papa poderia preparar uma surpresa para o “mundo católico” que se daria a conhecer na Quinta-feira Santa.

SECTOR CATOLICO – 24/02/10 – Segundo foi informado Sector Catolico, o Papa Bento XVI poderia estar preparando uma enorme “surpresa” para o “mundo católico” que se conhecerá, presumidamente, na próxima Quinta-feira Santa, data em que a Igreja celebra a instituição da Eucaristia e da Ordem Sacerdotal.
Segundo apontaram estas fontes, que não souberam determinar com exatidão em que consistirá a medida, falam, no entanto, de dois possíveis marcos. Por um lado, a supressão do indulto universal para receber a Sagrada Comunhão na mão. A outra possibilidade é que, finalmente, o Papa se anime a celebrar a Santa Missa in cena Domini segundo a “forma extraordinária” do Rito Romano.
Com qualquer uma delas ficaria nitidamente expressa a vontade do Papa para o conjunto da Igreja universal no que se refere à celebração sacramental, onde é necessário recuperar com urgência o caráter sagrado das celebrações, desde a urbe ao orbe, para expressar com maior dignidade o que celebramos os católicos, especialmente na Santa Missa, renovação incruenta do sacrifício de Jesus no Calvário e cume da redenção do gênero humano (“… por vós e por muitos homens para o perdão dos pecados”).
De fato, esse tipo de comentário está já nos corredores eclesiásticos de Roma e transcendeu as cúrias diocesanas de alguns lugares e países. Não sabemos ainda o que o Papa nos prepara, mas sem dúvida será uma surpresa e das boas! Longa vida ao Papa!

«Qual de vós, se o seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?»

Se Deus quis que fosses pai […], foi para que, dando também a vida, soubesses o que é a ternura paternal, de modo a experimentares em ti o amor do Teu criador na medida em que podes sentir em ti mesmo afeição para com teus próprios filhos. […] Se, por conseguinte, crês em Deus, e confessas que é Pai, então crê que tudo quanto ordena, tudo quanto escolhe a teu respeito, é para tua salvação, é vida para ti. Não se podem anular os dons de uma mãe, não se podem recusar as advertências de um pai; ainda que as ordens paternas pareçam austeras, são na realidade salvadoras e vivificantes.

Assim, quando compreendeu que Deus era Pai, Abraão não se deteve na aparente dureza e aspereza dos mandamentos; mas glorificou o que o Pai dos céus ordenou […]; logo que Deus ordena, ele entrega-se inteiramente ao Seu amor. […] Quando se conhece Deus, para quê contestar os Seus dons de Pai, em vez de os acolher como coisas boas e vantajosas, tal como o pequeno e o inocente espera tudo de seu pai?

Examinai mais de perto a comparação que o Senhor emprega no Seu Evangelho: «Qual de vós, se o seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?» Cristo veio para os filhos, ou seja, para o Seu povo eleito, mesmo que tenha tido pena de o ter gerado e tenha gritado: «Criei filhos e fi-los crescer mas eles revoltaram-se contra Mim» (Is 1, 2); por conseguinte, veio para os filhos, Ele, o verdadeiro pão do céu que dizia: «Eu sou o pão que desceu do céu» (Jo 6, 41). 

São Pedro Crisólogo, Bispo de Ravena, Doutor da Igreja
Sermão 55

São Policarpo, Bispo e Mártir

São Policarpo, converteu-se ao cristianismo no ano de 80, e teve a grande dita de ter sido discípulo do grande Apóstolo São João Evangelista, de quem recebeu o espírito e a doutrina de Jesus Cristo. Em 96 recebeu a sagração episcopal e foi-lhe confiada a diocese de Smirna. É possível que São João Evangelista no livro Apocalipse tenha-se referido a Policarpo quando escreveu: “Sei tua tribulação e pobreza, porém, és rico”, e mais adiante: “Se fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida”. (Apoc. 2,  9.).  O santo Bispo-mártir de Antioquia Inácio, alegrou-se muito com a visita de Policarpo, e escreveu duas epístolas importantes, uma a Policarpo e outra aos fiéis de Smirna, em que lhe dá sábios ensinamentos sobre a santa doutrina.
Policarpo administrou a diocese como verdadeiro Apóstolo, com firmeza e caridade, pela palavra e pelo exemplo. De sua  autoria existe uma epístola preciosíssima aos  Filipenses, cheia do mais belos ensinamentos e sábios conselhos. No tempo de São Jerônimo esta epístola costumava ser lida publicamente nas igrejas. Muitos infiéis converteram-se ao cristianismo, e para os fiéis Policarpo era verdadeiro Pastor. Já provecto em idade, fez uma viagem a Roma, para tratar com o Papa Aniceto sobre a célebre questão da Páscoa. Em Roma encontrou muitos cristãos, que se tinham deixado enganar pelos hereges Valentim e Marcion, e conduziu-os ao caminho da verdade. Por Marcion perguntado, se  o conhecia, respondeu prontamente, que o conhecia, o filho mais velho de Satanás. De volta para a Ásia, encontrou na diocese o decreto de perseguição, publicado pelo imperador Marco Aurélio. Foi o princípio de horrores para a jovem Igreja. O governador de Smirna preludiou a perseguição, pela condenação de doze cristãos, que foram atirados às feras. Policarpo, vendo o rebanho em perigo, redobrou os esforços para conservá-lo na fé e confortá-lo na hora da tribulação. Os cristãos, por seu turno, inquietavam-se muito pela sorte do venerável Bispo. Para salvar-lhe a vida, levaram-no a um sítio fora da cidade, onde o esconderam aos olhos dos fiscais do governo. Três dias antes da sua prisão teve a revelação do martírio que o esperava. Em sonhos viu o travesseiro rodeado de fogo e disse aos amigos: “Meus irmãos, sei  que serei condenado à morte pelo fogo. Deus seja bendito, porque se digna de dar-me a coroa do martírio”. Três dias depois se cumpriu o que tinha predito.
 A polícia do governador descobriu-lhe o esconderijo e Policarpo, embora lhe fosse fácil efetuar a fuga, entregou-se à autoridade. No caminho para a cidade se encontrou com Herodes, juiz de paz e com Nicetas, pai do mesmo. Estes homens, sem dúvida bem intencionados, insistiram com ele para que conservasse a vida e obedecesse à lei do imperador. Depois de muito discursar, o Bispo disse: “Não farei o que me aconselhais. Nem espada, nem fogo ou qualquer outra tortura, me fará renunciar a Cristo”.
Apresentado ao governador, este lhe perguntou se era Policarpo e ordenou-lhe que abjurasse a religião e injuriasse a Cristo. Policarpo respondeu: “Sim, sou Policarpo. Oitenta e seis anos são que completo no serviço de Jesus Cristo e Ele nunca me fez mal algum; como poderia injuriá-lo?” O governador, porém, continuou a insistir com muito empenho e disse: “Tenho as feras à minha disposição; se não obedeceres, serás atirado a elas!”  Policarpo: “Deixa-as vir!  Persisto no meu intento e não mudarei!”  O governador: “Se não tens medo das feras, temos ainda o fogo; este te porá manso!”  Policarpo: “Ameaças com um fogo que arde por algum tempo, para depois se apagar e nada sabes daquele fogo eterno, que é preparado para os ímpios. Não percas tempo!  Manda vir as feras ou faze o que quiseres. Sou cristão e não abandonarei a Cristo”.  Em dizer isto, o rosto resplandecia-lhe de satisfação, tanto que todos se admiraram, sem poder compreender, como um homem tão avançado em idade pudesse apresentar tamanho heroísmo.
O governador mandou apregoar em alta voz: “Policarpo é cristão, como ele mesmo confessou”. Os judeus e pagãos presentes unânimes exigiram sentença de morte e pediram que fosse queimado vivo. Em poucos minutos foi preparada a fogueira. Alguns queriam que o Santo fosse amarrado num pau, para impossibilitar a fuga. Policarpo, porém, tranqüilizou-os, dizendo: “Aquele que me dá a graça de sofrer a pena do fogo, há de dar-me também força para que fique imóvel no meio das labaredas”. Ataram-lhe então as mãos nas costas e puseram fogo.
Antes que o fogo chegasse a queimar-lhe o corpo venerável, o ancião elevou os olhos ao céu e disse: “Deus todo-poderoso, Pai de Jesus Cristo, vosso Filho Unigênito, por quem recebemos a graça de conhecer-Vos; Deus dos Anjos e das Potestades celestiais, Deus de todas as criaturas e de todo o povo dos justos, que vivem em vossa presença: graças vos dou porque me conservastes a vida até esta hora, para ser associado aos vossos mártires e participar do cálice de amargura do vosso Ungido, e na virtude do Espírito Santo ser ressuscitado para a vida eterna. Aceitei propício, em união àquele sacrifício que para vós preparastes, este meu holocausto e a mim mesmo, para que se cumpra o que me revelastes, Vós que sois Deus verdadeiro. Eu vos louvo em todas as coisas: eu vos bendigo; eu vos glorifico, pelo eterno Sumo Pontífice, Jesus Cristo, vosso dileto Filho, que convosco e o Espírito Santo é louvado e honrado por todos os séculos. Amém”.
Apenas tinha o Santo terminado a oração, quando subiram as labaredas com todo o vigor. Deus, porém, quis manifestar o seu poder e provar que não lhe faltavam os meios de proteger seu servo no meio do fogo. As chamas subiram de todos os lados, mas – ó maravilha! – formaram como que uma abóbada por cima do Santo, sem que lhe queimassem um só cabelo. Ao mesmo tempo se espalhou um cheiro suavíssimo como se fossem queimados doces perfumes. Pavor apoderou-se dos inimigos. Mas, como quisessem ver morto o servo de Cristo, recebeu o algoz a ordem de matá-lo com a espada. Assim terminou o curso glorioso do grande Bispo que, segundo a afirmação dos judeus e pagãos, tinha sido o primeiro mestre dos cristãos e o inimigo mais implacável dos deuses. Os judeus quiseram por todo o transe evitar que o corpo do mártir, fosse entregue aos cristãos. Para este fim, mandaram dizer ao Procônsul: “Se entregares aos cristãos o corpo de Policarpo, eles abandonarão o Crucificado, para prestar honras divinas a este”. “Não sabiam” – assim se exprimem os cristãos que escreveram as atas do martírio – “que não podemos abandonar Jesus Cristo, para adorar um outro. É verdade que veneramos os mártires, mas só porque são discípulos e imitadores de Jesus Cristo, e deram ao seu Rei as provas mais claras de amor”. Para terminar a contenda entre judeus e cristãos, o capitão romano mandou lançar o corpo do mártir ao fogo. Diz ainda o protocolo: “Tiramos das cinzas os ossos, para nós mais preciosos que ouro e pedrarias, e depositamos num lugar conveniente, onde esperamos poder, com a graça de Deus, reuní-los, para festejar o dia do seu aniversário, isto é, o dia dos seu martírio”, que foi o dia 26 de janeiro de 155 ou 156. O túmulo de São Policarpo acha-se numa capela em Smirna.
 
Reflexões: 
 “Durante oitenta e seis anos servi a Cristo e nenhum mal ele me fez; como então poderia negá-lo agora e ultrajá-lo?” Palavras de ouro, dignas e um Apóstolo!  As palavras de São Policarpo devem ser também teu lema. Nunca Deus te fez mal algum; pelo contrário: é teu maior benfeitor. Podes, com São Policarpo, também afirmar, que a gratidão te obriga a santificar-lhe o nome e fugir do pecado, que é um ultraje a Deus?
Policarpo conheceu ainda os Apóstolos e deles aprendeu a doutrina de Cristo, e no espírito apostólico pastoreou seu rebanho.
A vida do nobre Prelado nos é prova de que, já naquele tempo, as relíquias dos Santos eram muito honradas e os cristãos lhes tinham muita devoção. Esta devoção era tão extraordinária, que chamou a atenção dos próprios judeus, que chegaram a recear que os cristãos, pela veneração que demonstraram a  Policarpo, o pudessem pôr no lugar de Cristo. Grandes honras os cristãos deram às relíquias de Santo Inácio de Antioquia, que deixara a vida entre os dentes dos leões. Muitos honrados foram os restos mortais de Santa Sinforosa e seus filhos, dos Santos Justino, Fótino, Epipódio, Alexandre e Sinforiano, que sofreram o martírio no 2º século . A doutrina da veneração das santas relíquias é tão antiga como a própria Igreja. Uma doutrina contrária a este culto foi como heresia anatematizada, no século 4.

O sacerdócio edifica a Igreja

Por: Pe. Demétrio Gomes da Silva*
Ao proclamar o Ano Sacerdotal, com ocasião da comemoração do 150º aniversário do dies natalis de São João Batista Maria Vianney o Santo Padre, Papa Bento XVI, disse que pretendia “contribuir para fomentar o empenho de renovação interior de todos os sacerdotes para um testemunho evangélico mais vigoroso e incisivo”. Este Ano Sacerdotal deve ser um tempo no qual não só os sacerdotes, mas todos os fiéis redescubramos a beleza deste grande dom que o Senhor confiou à Sua Esposa, a Igreja.
Se todo cristão é um «Outro Cristo» – Alter Christus –, com muito mais razão o é o sacerdote. Homem configurado ao Senhor não só em virtude do sacramento batismal, mas também pela ordenação sacerdotal, que realiza nele uma identificação total com Cristo, Cabeça da Igreja. Podemos dizer que tal identificação é tão profunda, que já não existe uma alteridade perfeita entre Cristo e o sacerdote. Ele já não é somente um Alter Christus, mas Ipse Christus, o mesmíssimo Cristo.
Estritamente falando, só existe um Único Sacerdote: Jesus Cristo. Todos aqueles que recebemos o dom do sacerdócio por imposição das mãos dos Apóstolos e seus sucessores somos sacerdotes n’Ele, isto é, participamos do seu único e sempiterno sacerdócio.
O sacerdote perpetua a presença do Senhor na história dos homens de todos os tempos. Ele é chamado a fazer de sua voz, a voz de Seu Senhor; do seu olhar, o mesmo olhar amoroso do Mestre; de suas mãos, mãos que seguem curando e levantando aqueles que sofrem sob o peso de seus pecados. Parafraseando a Bem Aventurada Madre Teresa de Calcutá, podemos dizer, em uma palavra, que o sacerdote permite que Cristo siga amando através dele.
Por mais que quiséssemos, jamais conseguiríamos abarcar por completo este mistério na Igreja de Deus. O Santo Cura d’Ars dizia aos seus, que se entendêssemos o que é um sacerdote, morreríamos, não de susto, mas de amor. Afirmava também que só no Céu, o sacerdote entenderá bem a si mesmo.
A dignidade dos sacerdotes – a qual todos somos chamados a redescobrir neste Ano Sacerdotal – não consiste nas qualidades pessoais daqueles que são chamados a este ministério. Na verdade, parece que essas são inclusive bem escassas naqueles a quem o Senhor chama. Se Ele fosse seguir a lógica humana, certamente escolheria a outros. Há seguramente muito mais pessoas eloqüentes por aí, mais inteligentes, e até mesmo mais santas. Por certo, a criatura mais perfeita e bela que saiu das mãos de Deus, a Virgem Maria, não foi chamada ao sacerdócio. Aqui cai por terra a débil argumentação feminista, segundo a qual as mulheres deveriam ser também ordenadas, pois possuem a mesma dignidade que os homens. Em parte é verdade, mulheres e homens possuem a mesma dignidade diante de Deus, mas a dignidade do sacerdote – ignoram os feministas – não reside em que ele humanamente seja mais ou menos digno, mas no tesouro sobrenatural que ele porta, apesar do pobre vaso que é, na eleição que o próprio Deus fez dele.
O Senhor chama aqueles que Ele quis (Cf. Mc 3,13). Essa é a razão suprema do chamado sacerdotal: o querer libérrimo de Deus, totalmente independente das qualidades pessoais daquele que é chamado. A vocação sacerdotal é, por isso, dom totalmente gratuito. Ninguém tem “direito” a recebê-la.
A presença do sacerdote no mundo é absolutamente necessária para que a redenção alcance a todos os homens. A ação mais sublime que um homem pode realizar na terra – consagrar o Corpo e o Sangue do Senhor, e perdoar os pecados – só pode ser realizada por um sacerdote. “O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecônomo do bom Deus; o administrador dos seus bens (…). Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas” (São João Maria Vianney).
Sem padre, não há Eucaristia, e, sem Eucaristia, não há Igreja. O teólogo francês, Henri de Lubac, afirmava que a “Eucaristia edifica a Igreja”. Podemos aqui acudir também a uma paráfrase e dizer que “o sacerdócio edifica a Igreja”. O caminho inverso, infelizmente, também é verdadeiro. Se alguém quiser desedificar a Igreja, tentará fazê-lo procurando destruir o sacerdócio. O demônio e os seus amigos sabem muito bem disso, e, como não tiram férias, tentam a todo o momento macular a imagem dos sacerdotes entre os homens.
Essa é a única razão pela qual os pecados dos ministros de Cristo são lançados aos quatro ventos, para que todos os contemplem e deixem de perceber o tesouro que escondem por detrás de suas fragilidades humanas. Não sejamos ingênuos: qual outra razão teriam em publicar em diversos meios de comunicação as misérias desses homens?
É verdade, lamentavelmente, que existem – sejamos realistas – sacerdotes que profanam o seu celibato com toda a espécie de corrupção sexual que a criatividade dos filhos de Adão pode imaginar, sacerdotes que se vendem por dinheiro, que desobedecem às normas da Igreja, enfim. Como afirmou o Papa Bento XVI, “nada faz a Igreja, Corpo de Cristo, sofrer mais que os pecados dos seus pastores, sobretudo daqueles que se convertem em “ladrões de ovelhas” (João 10, 1ss)”. É um dano inimaginável o que esses maus pastores podem causar às almas de quem eles deveriam salvar, sobretudo porque um sacerdote nunca se condena sozinho. Porém, devemos estar muito vigilantes para que jamais sejamos tomados de certo espírito pessimista, que nos leve a pensar que todos os sacerdotes estão corrompidos, que nos faça, enfim, deixar de contemplar a beleza do ministério sacerdotal, e maravilhosa ação que Deus prodigaliza por meio desses homens.
Diante de tantas sombras, temos que afirmar – também com realismo –, que a imensa maioria dos sacerdotes temos o desejo de sermos fiéis à nossa vocação. Ainda com toda nossa debilidade, que compartilhamos com os nossos irmãos homens, temos o anseio sincero de conversão,
de santidade, e para isso, nos confessamos, buscamos uma direção espiritual, e aproveitamos todos os meios ascéticos para colaborar com a graça de Deus em nós. Quantos são os sacerdotes que se consomem diariamente, nos altares de distantes igrejas, no silêncio dos confessionários, nos hospitais, e em tantos outros lugares, para conduzir ao Céu aquelas almas que lhe são confiadas, ocultos aos olhos dos meios de comunicação?
Aproveitemos esta inspirada iniciativa do Santo Padre para fazer novamente brilhar o esplendor do sacerdócio na Igreja Católica. Esplendor que, nem sequer, a miséria dos pastores enfermos – não existem maus pastores, mas pastores doentes – poderão roubar da Santa Igreja. Resgatar práticas simples, mas carregadas de fé, como, por exemplo, pedir a bênção aos sacerdotes. Incentivá-los a que se vistam como padres. Rezar muito pela sua conversão. Fazer, de alguma forma, com que nós mesmos redescubramos o tesouro que recebemos em nossa ordenação e recuperemos nossa identidade diante da Igreja e do mundo.
Certa vez ouvi dizer que a sociedade civil é um reflexo da sociedade eclesiástica. Se isso é verdade, pense no que poderíamos fazer no mundo com um punhado de sacerdotes santos?

* Diretor do Instituto Filosófico e Teológico
do Seminário São José da Arquidiocese de Niteroi
Site www.presbiteros.com.br

‘O Papa vai contra o Vaticano II’, afirma Hans Küng

 [Já estava sentindo falta de comentar uma notícia ironicamente. Küng matou minha vontade. Apesar de suas idiotices, que como sempre norteiam seu diálogo].
[Meus comentários]

Fonte: IHU

O teólogo suíço, conhecido opositor da Cúria romana em geral e de Bento XVI em particular, acredita que o papa não esteja sendo fiel ao Concílio Vaticano II [Quanto a isto não há novidade].
Ele tem uma opinião cortante sobre tudo. Sobre os papas Bento XVI, João Paulo II e Pio XII. Mas também sobre a liturgia, o celibato dos sacerdotes, os escândalos sexuais dentro da Igreja. O teólogo Hans Küng, nascido em 1928 e célebre por sua oposição a João Paulo II e ao cardeal Joseph Ratzinger, tornado Bento XVI, acaba de publicar o segundo volume de suas memórias pelas Éditions du Cerf (1968-1980. Uma verdade contestada). Nós o reencontramos por esta ocasião e recolhemos algumas de suas frases chocantes.
A entrevista é de Jean Mercier e está publicada na revista francesa La Vie, 16-02-2010. A tradução é do Cepat.
Decepcionado com Bento XVI
“Eu esperava que Ratzinger se mostrasse diferente como papa do que foi como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Mas não foi assim. Suas nomeações para a Cúria são terríveis. Como secretário de Estado, ele tomou um homem, Tarcisio Bertone, que não estava preparado para esta tarefa [Quem é ele para dizer ou não quem está preparado? Se o Papa escolheu o Cardeal Bertone é porque ele sabia muito bem da competência dele].
Como papa, ele perdeu todos os momentos cruciais. Ele não correspondeu às expectativas dos ortodoxos, quando poderia ter proposto, através do diálogo, que não precisariam aceitar os Concílios de que não tenham participado desde o século XI. Ele limitou-se a eles com abraços e com solenidades. Com os muçulmanos, nós sabemos o que aconteceu com a Declaração de Regensburg. Quanto aos judeus, havia a questão da oração da Sexta-feira Santa, e o escândalo Williamson. Quanto às igrejas protestantes, elas não digeriram que se diga que não fazem parte das Igrejas. [Em primeiro lugar o Papa tem se esforçado cada dia mais na promoção do diálogo com as religiões. E sabemos que tudo o que ele disse não é nenhuma mentira, senão uma verdade que muitos tentam ocultar para um melhor desenvolvimento de um diálogo. Esse teólogo deve buscar conhecer mais sobre estes aspectos do Pontificado do Papa. Ao invés de apenas criticá-lo].
O Papa diz que as outras religiões são deficientes, e que a Igreja católica é perfeita, [O Papa nunca disse isso. Você põe palavras na boca dele. Ele tem total conhecimento de que a Igreja é santa e pecadora, pois é composta de homens]. mas quando vemos os escândalos que nela eclodem! Na Alemanha, as pessoas agora sentem vergonha de que seja alemão.
Mais fundamentalmente, Ratzinger e eu somos diferentes na nossa aproximação a Jesus. Eu estou ligado ao Jesus da História. O Jesus dele é dogmático, como foi definido pelo Concílio de Niceia, em 325”. [O Jesus dele? O nosso Jesus! Esse Jesus que foi “definido”, como ele diz, pelo Concílio de Nicéia é o mesmo Jesus que veio ao mundo. É o mesmo Cristo que se doou por nós. Talvez o seu Jesus histórico é que seja uma invenção].
O Papa vai contra o Vaticano II
“Para o teólogo jesuíta Francisco Suáres (1548-1617), há duas possibilidades de ser cismático: quando se separa do Papa ou quando se separa da Igreja. Bento XVI deveria ser muito prudente na sua visão das coisas, porque ele vai contra o Concílio. [Mentira! O Papa nunca se opos-se ao Concílio. Ele sempre tentou conciliar o antingo com o novo. O pré-conciliar do pós-conciliar. Isto é uma caracterisca dele que nunca será perdida: o seu desejo de unidade]. É um choque para muitas pessoas. Ele restaurou a missa medieval tridentina.[ele apenas fez um reconhecimento daquilo que havia sido perdido]. Ele retomou os ornamentos de Leão X (1513-1522), o Papa que perdeu a ocasião de salvar as coisas com Martinho Lutero. No ano passado, ele nomeou um novo prefeito para a Congregação do Culto Divino, Antonio Cañizares, que passeia com a “cappa magna”. Até parece que estamos na coroação de Napoleão. Nem mesmo a rainha da Inglaterra faz mais uma coisa dessas. O Papa se torna cúmplice de uma corrupção do sagrado, sob a forma de uma aristocracia clerical que esconde suas ações sob adornos barrocos. [Simplesmente esta “aristocracia” não é uma prerrogativa. Senão um reconhecimento dos hábitos de cada autoridade eclesiástica, que por sinal tem sido muito perdido pelos padres hoje].
Em relação ao Concílio, Bento XVI defende sua hermenêutica da continuidade contra uma hermenêutica da ruptura. Mas é uma mentira dizer que nós consideramos o Vaticano II como
uma ruptura. Era uma mudança, uma reforma. Esta “hermenêutica da continuidade” é a única coisa que o Papa encontrou para interpretar o Concílio segundo sua visão de um retorno ao passado. Mas não se pode aceitar isso! Não se pode ir contra o Concílio”.[Como acabei de dizer: O Papa não está contra o Concílio, mas elle tenta conciliar as coisas. Por exemplo seu diálogo com a Fraternidade São Pio X sobre o Concílio].
O celibato sacerdotal
“A lei do celibato obrigatório é explicitamente uma contra-afirmação do que diz o Novo Testamento sobre a liberdade. E, portanto, não pode ser considerado como católico. É o produto de um “monaquismo” medieval – não confundir com o verdadeiro monaquismo.
Esta lei medieval não somente se opõe ao Evangelho, mas também aos direitos humanos. Ela se enraíza no paganismo. Ela é um enorme problema na América Latina e na África onde o celibato é observado de maneira… digamos ‘elegante’ [Sempre criticando o celibato. Leia mais Küng! Talvez o que lhe falte é isto: uma boa leitura].
Sobre a questão dos padres pedófilos
“Há, hoje, esse escândalo dos padres pedófilos entre os jesuítas na Alemanha. Este é apenas um novo episódio de uma crise do catolicismo ocidental que tem um problema com a sexualidade. Eu falei recentemente com um embaixador da Irlanda que me disse que a autoridade da Igreja está totalmente desacreditada por causa desses escândalos. Mas eu nunca quis crer que era apenas um assunto irlandês ou americano.
O problema é universal. Ele está ligado ao celibato obrigatório. Eu sei que o celibato não significa necessariamente que há abusos sexuais, mas não é uma coincidência que houve escândalos em número extraordinário na Igreja Católica em particular. Não basta condenar estes sacerdotes, porque eles são vítimas de um sistema. A Cúria romana contribuiu para que as coisas chegassem a este nível. Todos os casos foram centralizados pela Congregação para a Doutrina da Fé, sob segredo absoluto. Tudo chegou à mesa do cardeal Ratzinger. Ele viu tudo, ele teve conhecimento de todos os relatórios.” [Mais uma vez esta questão do celibato. Ora, todos sabem que para ser padre existem renúncias. E estas renuncias devem ser obrigatórias. Todos os vocacionados tem em mente isto. Se algum deles sabe e vai em frente não é culpa da Igreja, senão uma escolha irracional e teimosa por parte de tal indivíduo. Eum quer ser padre tem que aceitar o celibato. E dezer que Ratzinger esteve em silêncio é mais absurdo ainda. O seu encontro com os Bispos irlandese não significou nada? Ele agora está condenando fortemente estes desvios. Afinal em toda árvore boa existem frutos podres].
Dois pesos, duas medidas
“Com o caso Williamson, eu quero crer que o Papa não sabia que ele era negacionista, mas ele sabia necessariamente que todas aquelas pessoas eram antissemitas e contrárias ao Vaticano II. Como se pode aceitar na Igreja esses bispos cismáticos e ter sido tão duro com os teólogos da Libertação que não eram nem mesmo marxistas? [Não eram marxistas? Ora, vá contar esta pra outro. “Não era” porque “são” marxistas. Claro que o Papa não tinha conhecimento, mais você dizer que estes bispos todos eram antissemitas é muita pretensão. Os próprios colegas de Wiiliamson repudiaram sua atitude. O próprio Papa]. Agiu-se sem piedade com eles. Quando se aceita pessoas que negam o Concílio!”
Pio XII não é um santo
“Quando eu estava no Colégio Germânico, em Roma, durante os meus estudos, o Padre Leibe, secretário particular de Pio XII, veio nos ver. Ele nos falou do cotidiano do Papa. Em seguida lhe perguntamos: o Santo Padre é um santo? E ele respondeu: “Não, ele não é um santo, é um grande homem da Igreja”. Para Pio XII, a instituição era mais importante que todos os judeus do mundo inteiro. Para ele a ameaça comunista pesava mais que a ameaça nazista [Como se explica o fato dele ter salvo vários judeus nas igrejas, mosteiros, conventos de Roma e da Itália? Será que este fato deve ser mesmo excluído? Ele não podia, no entanto, pronunciar-se claramente. Mais condenou sim, e sabemo-lo disto].
E depois ele condenou os padres operários. Eu me lembro do que me confiou o cardeal Gerlier a este respeito. Com outros cardeais, ele tinha ido a Roma para convencê-lo a não fazer condenações. Gerlier me contou que Pio XII lhe havia dito: “Minha consciência de Papa me obriga a agir neste sentido”. Gerlier não sabia o que responder. Na minha opinião, ele poderia ter retorquido que sua consciência de bispo o obrigava a protestar contra a decisão do Papa. Mas os bispos franceses foram atropelados.
No entanto, não é preciso demonizar Pio XII. Ele levou um choque quando os comandos vermelhos saquearam a nunciatura de Berlim, em 1918. Um pouco como Ratzinger ficou traumatizado pelos estudantes revoltados de Tübingen, em 1968. Seu medo do comunismo tornou-se existencial. Podemos compreendê-lo, mas não podemos fazê-lo santo.”
Sobre João Paulo II
Wojtyla não era um santo porque nunca quis falar com pessoas que pensavam diferentemente dele. Ele falou muito “sobre” o diálogo, mas não o praticou. Seu moralismo sexual não serviu a ninguém e a jovem geração ri disso.” [Talvez você não tenha visto o diálogo com mulçumanos, judeus. O encontro dele com diversas outras religiões em Assis e seus incontáveis encontros com representantes de outra religião. E quanto ao “moralismo sexual” não só atraiu como ainda atrai jovens. Não é a toa que as Jornadas Mundiais da Juventude tem 1, 2 e até 3 milhões de jovens, todos correspondendo aos seu apelo].
O futuro da Igreja católica
“A situação atual me conforta infelizmente na minha visão crítica. Eu sou um católico leal [agora conta piada?], eu estou na oposição a esse sistema atual. Por outro lado, como eu, muitos santos não gostaram da Cúria. [Diga-me um!]
Eu não sou um modernista, eu critico, assim como Bento XVI, uma forma de ciência que critica a transcendência. Mas se, como Bento XVI, nos situarmos no extremo, de um rigorismo moral medieval, então perderemos toda a credibilidade [Sem credibilidade está é ele].
Ser católico não está ligado ao paradigma do absolutismo romano. Podemos ser católicos segundo o modelo da Reforma. Eu sou católico segundo o paradigma ecumênico e evangélico. Porque o ideal é ser católico com espírito evangélico e não romano. [Então não é católico!] Porque, para definir o que é católico, o critério é a conformidade com o Evangelho [Isso o Papa e a Igreja tem em demasia].
A Igreja pode sobreviver porque ela não é uma ideologia como o Comunismo. A substância permanecerá, não a hierarquia. Felizmente, ainda há comunidades que funcionam bem, onde o padre é bom. A identificação com o catolicismo não se fará com o Papa, mas com o padre local.” [Se não houver união com o Papa não é verdadeiro católico]

A CÁTEDRA DE PEDRO

Quarta-feira passada iniciamos com toda a Igreja o tempo da Quaresma, que no Brasil também é aprofundada com a Campanha da Fraternidade. Algumas festas, porém, são celebradas neste tempo de conversão a caminho da Páscoa. Uma delas é a Festa da Cátedra de São Pedro, comemorada no dia 22 de fevereiro, segunda-feira.

Qual o sentido de celebrar tal festa? Sem dúvida, trata-se de uma comemoração importante, pois revela que a Igreja, tal como querida por Jesus, é uma comunhão ordenada, tendo Pedro à frente. Na Sagrada Escritura, por diversas vezes, a missão de Pedro dentro da comunhão da Igreja aparece como única. O nome de Pedro encabeça a lista dos Apóstolos. É Pedro quem fala com Jesus em nome dos demais Apóstolos. Jesus promete fundar sobre o Apóstolo a sua Igreja, cuja estabilidade não seria jamais ameaçada, e entrega, particularmente a Pedro, as chaves do Reino dos Céus (cf. Mt 16, 16-19). Jesus também roga pela fé de Pedro, em particular, a fim de que o príncipe dos Apóstolos confirme os irmãos na fé (cf. Lc 22, 31-32) Jesus, depois da Ressurre ição, ainda aparece confirmando a singular missão pastoral de Pedro ao lhe confiar seus cordeiros e ovelhas (cf. Jo 21, 15-17). Pedro também aparece discursando ao povo em nome do colégio dos Apóstolos (cf. At 2, 14ss.).

Ademais, a tradição dos primeiros tempos da Igreja confirma, de diversos modos, o papel único de Pedro no seio da comunhão da Igreja. Vale aqui recordar as belas palavras do grande Arcebispo de Constantinopla, São João Crisóstomo, sobre o texto de Jo 21, 15-17: “O principal bem que resulta deste amor é o de procurar a salvação do próximo. O Senhor, prescindindo dos demais Apóstolos, dirige a Pedro estas promessas, porque Pedro era o primeiro dos Apóstolos, a voz dos discípulos e a cabeça do colégio. Por isso, depois de apagada a negação, o Senhor o investiu como prelado de seus irmãos. Não lhe lança em rosto a negação, mas diz: ‘Se me amas, preside a seus irmãos e dá testemunho agora do amor que sempre demonstraste, sacrificando por minhas ovelhas a vida que disseste que darias por mim’” (In Joannem, hom. 87).

A Cátedra de Pedro é o símbolo da missão magisterial que o Apóstolo recebeu do próprio Cristo. Os ensinamentos de Pedro procuram atualizar os ensinamentos de Jesus. A missão de Pedro é a de fazer com que o mistério do Filho de Deus, – Caminho, Verdade e Vida –, seja conhecido e amado pelos homens. Nesse sentido, estar em comunhão com o magistério autorizado de Pedro é estar em comunhão com a doutrina de Cristo. O antigo ditado latino expressa muito bem este sentimento: “Ubi Petrus, ibi Ecclesia” – Onde está Pedro, está a Igreja.

Em alguns momentos da história muitos se esqueceram do mandato de Jesus de viver a unidade! Somos chamados a ser corajosas pessoas da comunhão, da unidade entre nós e com Pedro e seu sucessor, caminhando como Igreja que anuncia hoje a boa notícia ao mundo com a mesma coragem dos primeiros discípulos.

O Apóstolo Pedro tem nos Papas seus legítimos sucessores. A cidade de Roma foi honrada pela presença e pelo martírio de São Pedro, que assim a consagrou como Sede Apostólica. Nós honramos a Sede de Pedro com o carinhoso e respeitoso título de Santa Sé. A Cátedra de Pedro é hoje ocupada pelo Papa Bento XVI. Ao longo da história, Deus mesmo é quem sustenta a Igreja na terra e o Papa que está à sua frente. A Cátedra de São Pedro foi ocupada por inúmeros nomes ilustres e santos, que se distinguiram seja pelo zelo pelas coisas de Deus, pela preservação e transmissão da sã doutrina, pela missão, pela sabedoria ou pelo serviço da caridade. Sabemos também que a fragilidade humana marcou a história do papado. Entretanto, nada de contrário a o sentido verdadeiro da Palavra de Deus foi oficialmente ensinado por um Papa, por menos digno que ele fosse, o que revela a ação de Deus assistindo à sua Igreja. Na verdade, Deus faz com que o ouro do Evangelho chegue incólume aos fieis!

Nestes últimos tempos assistimos como a ação do Espírito Santo faz com que tenhamos as pessoas necessárias para o nosso tempo e para que a Igreja continue na fidelidade a Cristo e ao Evangelho no caminhar da história. A lista e a diversidade dos últimos Papas nos demonstram isso.

O atual Papa Bento XVI destaca-se, entre outras coisas, pela coragem que tem de propor aos homens de nosso tempo a autêntica mensagem de Jesus, sem atenuações ou diminuições. Sabemos que o mundo atual, a diversos títulos, afasta-se de Deus e do seu Cristo. O consumismo, o hedonismo e o individualismo se apresentam hoje como deuses que reclamam culto de adoração. O secularismo e a indiferença religiosa parecem tomar proporções consideráveis. O desprezo pela verdade e o descaso, em muitos casos, pela dignidade da vida humana, principalmente em sua fase inicial e terminal, são realidades que estão aí. Apesar de tudo, Bento XVI não se intimida e propõe, com frescor sempre renovado, os valores do Evangelho. O Papa tem a consciência de que a Mensagem de Cristo nada tem a tirar de tudo aquilo que faz a vida boa e bela. Cristo não nos tira nada. Ao contrário, Cristo nos dá tudo. Se quisermos correr o belo risco por aquilo que verdadeiramente vale a pena na vida abracemos para valer a doutrina de Cristo, tal como a Igreja, com seu magistério autorizado, no-la transmite. “Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu peso é leve” (Mt 11, 29-30).

Na festa da Cátedra de São Pedro façamos a Deus uma prece de louvor e agradecimento. Deus caminha conosco. Jesus é nosso irmão. O Espírito da Verdade guia a Igreja, a fim de que a obra de Cristo sempre produza frutos. Aliás, a promessa de Jesus foi exatamente esta: “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade […]” (Jo 16,13). Renovemos, pois, a nossa fé e a nossa gratidão. O ministério de Pedro e de seus sucessores, os Papas, é um verdadeiro dom para a comunhão dos irmãos em Cristo. Sabemos que existe na Igreja uma instância auto rizada, guiada pelo Espírito, para ser sinal de nossa unidade e interpretar autenticamente a Mensagem de Jesus. Esta não ficou entregue ao vento, mas foi confiada à Igreja, que tem em sua base a “Pedra” escolhida por Jesus como sólido fundamento.

Neste Ano Sacerdotal, rezemos por todos os sacerdotes e, de modo especial, pelo Papa Bento XVI, que hoje é Pedro para nós!

+ Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebas
tião do Rio de Janeiro, RJ

Pe. Paulo Ricardo e PNDH‏

Caríssimos,

Diante dos absurdos presentes no 3º Plano Nacional dos Direitos Humanos, O Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Junior proferiu uma marcante homilia em defesa dos cristãos do Brasil.


Transformei-a em vídeo. Os links seguem abaixo. Solicito a todos que divulguem ao máximo, para o bem do nosso país.


http://www.youtube.com/watch?v=hA6h1dFgbc8

http://www.youtube.com/watch?v=lpjYttjds6g

http://www.youtube.com/watch?v=JYNP8JrDepo


Atenciosamente

 

João Paulo R. Naegele

Poder e ambição são tentações do diabo, diz o papa

Da EFE, no Vaticano

O Papa Bento XVI disse neste domingo (21), durante a tradicional oração do Ângelus, na Praça de São Pedro, que “o poder”, “a necessidade de bens materiais” e “a ambição” são tentações do diabo contra as quais o homem precisa lutar.

O pontífice dedicou a mensagem deste domingo ao início da Quaresma, período que ele definiu como de “competição espiritual para viver junto a Jesus” e “vencer as tentações do maligno”.


Citando o Evangelho de Lucas, que narra como Jesus foi tentado pelo demônio, Bento XVI afirmou que as tentações de Satanás foram três: uma material, quando propôs transformar pedras em pão; outra sobre poder, quando ofereceu ensinar tudo sobre a criação em troca de um ato de adoração, e a terceira sobre ambição, quando o filho de Deus foi convidado a cumprir um milagre espetacular.

“Também em nossos dias o homem conhece a tentação do poder, da ambição e do hedonismo”, acrescentou o papa.

O pontífice anunciou que, como é tradicional na Quaresma, ele iniciará neste domingo, junto com seus colaboradores da Cúria, a semana de exercícios espirituais.

Papa e Cúria Romana em exercícios espirituais de Quaresma

Zenit

A partir deste Domingo, dia 21, e até ao próximo Sábado, 27 de Fevereiro, serão realizados, na presença de Bento XVI, os exercícios espirituais para a Cúria Romana.

Tendo como referência o Ano Sacerdotal em curso, as meditações serão propostas pelo sacerdote salesiano Enrico dal Covolo, sobre o tema “’Lições’ de Deus e da Igreja sobre a vocação sacerdotal”.

Tanto em educação como em pregação, Dal Covolo, 59, sacerdote há 31 anos, está longe de ser um novato: tem mais de 200 retiros preparados. Professor de literatura cristã antiga, é especialista nos Padres da Igreja. Desde 2002, é consultor da Congregação para a Doutrina da Fé e faz parte do Comité Pontifício de Ciências Históricas. Dentro da Congregação salesiana, é postulador geral para as causas dos santos.