Advento, tempo de alegria interiorizada. Deus vem. Ele está presente: Bento XVI na homilia de I Vésperas do I domingo deste tempo litúrgico

Rádio Vaticano – Esta tarde, na Basílica de São Pedro Bento XVI presidiu a celebração das primeiras Vésperas do I Domingo do Advento. O Papa usava uma nova Férula que ganhou de presente.

A homilia do Papa concentrou-se no sentido da palavra “vinda” (em latim, “adventus”), contida no Leitura breve proclamada, extraída da I Carta aos Tessalonicenses, em que o apóstolo Paulo nos convida a preparar a “vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. Classificando o Advento como “tempo da presença e da expectativa do eterno”, Bento XVI observou que precisamente por isso é, de modo especial, tempo de alegria, de uma alegria interiorizada.
Partindo, como dizíamos, da palavra Advento (em latim “adventus”), que se pode traduzir por “presença”, “chegada”, “vinda”, o Papa fez notar que no mundo antigo, era o termo técnico para indicar a chegada de um funcionário, ou a visita de um rei ou imperador. Podia indicar também a vinda de uma divindade, que sai do escondimento para manifestar a sua potência, ou que é celebrada no culto. Usando esta palavra desde o início da historia da Igreja , os cristãos queriam substancialmente dizer:
“Deus está aqui, não se retirou do mundo, não nos deixou sós. Embora não o possamos ver e tocar, como acontece com as realidades sensíveis, Ele está aqui e vem visitar-nos de múltiplos modos”.
 
Portanto, prosseguiu Bento XVI, nesta breve homilia, a expressão “advento” inclui também a ideia de “visita”, visita de Deus. Deus entra na minha vida e quer dirigir-se a mim. Por outro lado, todos fazemos, dia a dia, a experiência de ter pouco tempo para o Senhor, e pouco tempo para nós. Tantas vezes andamos dominados, possuídos, pelas actividades, pelo “fazer”.
“O Advento, este tempo litúrgico forte, que estamos a iniciar, convida-nos a determo-nos em silêncio para sentir uma presença. É um convite a compreender que cada um dos acontecimentos da jornada são acenos que Deus nos dirige, sinais da atenção que Ele tem por cada um de nós. Quantas vezes Deus nos deixa transparecer qualquer coisa do seu amor!. Manter um “diário interior” (digamos assim) deste amor, seria uma tarefa bela e salutar para a nossa vida!”

Outro elemento fundamental do Advento – observou ainda o Papa – é a espera, expectativa, que é ao mesmo tempo ‘esperança’. O Advento estimula-nos a captar o sentido do tempo e da história como ‘kairós’, como ocasião favorável para a nossa salvação. “O homem, na sua vida, está permanentemente em expectativa, à espera: quando é criança, quer crescer; como adulto, tende à realização e ao sucesso; avançando na idade, aspira a um merecido repouso. Mas chega um momento em que descobre que esperou demasiado pouco de si mesmo; para além da profissão e da posição social, nada lhe resta para esperar”.
“A esperança marca o caminho da humanidade. Mas, para os cristãos, a esperança encontra-se animada por uma certeza: que o Senhor está presente no fluir da nossa vida, Ele acompanha-nos e um dia enxugará as nossas lágrimas. Um dia, não muito distante, tudo encontrará o seu cumprimento, no Reino de Deus, Reino de justiça e de paz”.
 
Assim, para o cristão, o tempo é dotado de sentido, em cada instante advertimos qualquer coisa de específico e de válido. E a alegria da expectativa torna o presente mais precioso – observou Bento XVI, que convidou os fiéis a “viver intensamente o presente”, com os dons do Senhor que comporta, “projectados para o futuro, um futuro denso de esperança”.
Se Jesus está presente, já não existe qualquer momento privado de sentido, ou vazio. Se Ele está presente, podemos continuar a esperar mesmo quando os outros já não são capazes de nos ajudar, mesmo quando o presente se torna difícil, árduo.
O Advento – concluiu Bento XVI – é o tempo da presença e da expectativa do eterno. Precisamente por esta razão é, de modo particular, o tempo da alegria, de uma alegria interiorizada, que nenhum sofrimento pode cancelar. A alegria pelo facto de que Deus se fez menino. É esta alegria, invisivelmente presente em nós, que nos encoraja a caminhar confiantes”.

A seguir, propomos na íntegra a homilia do Santo Padre, traduzida em português:

Caros irmãos e irmãs,

Com esta celebração vespertina entramos no tempo litúrgico do Advento. Na leitura bíblica que acabamos de ouvir, extraída da 1ª Carta aos Tessalonicenses, o apóstolo Paulo nos convida a preparar a “vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo” (5,23) guardando-nos irrepreensíveis, com graça de Deus. Paulo usa exatamente a palavra “vinda”, em latim adventus, da qual provém o termo Advento.

Reflitamos brevemente sobre o significado desta palavra, que pode ser traduzida como “presença”, “chegada”, “vinda”. Na linguagem do mundo antigo era um termo técnico, utilizado para indicar a chegada de um funcionário, a visita do rei ou do imperador em uma província. Mas, podia também indicar a vinda da divindade, que sai de seu escondimento para se manifestar com poder, ou que é celebrada por sua presença no culto. Os cristãos adotaram a palavra “advento” para expressar a sua relação com Jesus Cristo: Jesus é o Rei, que entra nesta pobre “província” denominada terra para visitar a todos; na festa de seu advento faz participar todos os que n’Ele crêem, todos os que crêem em sua presença em meio à assembléia litúrgica. Com a palavra adventus, se pretendia substancialmente dizer: Deus está aqui, ele não se retirou do mundo, não nos deixou a sós. Embora não possamos vê-lo nem tocá-lo como acontece com as realidades sensíveis, Ele está aqui e vem visitar-nos em diversos modos.

O significado da expressão “advento” compreende então também o de visitatio, que quer dizer simples e diretamente “visita”; neste caso, trata-se de uma visita divina: Ele entra em minha vida e quer se dirigir a mim. Todos experimentamos na existência quotidiana, o fato de termos pouco tempo para o Senhor e pouco tem
po também para nós. Acabamos deixando-nos absorver pelo “fazer”. Não seria talvez apropriado dizer que somos muitas vezes tomados pela atividade, que a sociedade com seus múltiplos interesses monopoliza a nossa atenção? Não seria talvez apropriado afirmar que se dedica muito tempo à diversão e ao lazer de diferentes tipos? Às vezes as coisas nos “arrastam”. O Advento, este tempo litúrgico forte que estamos iniciando, nos convida a parar em silêncio para compreender uma presença. É um convite a entender que cada evento do dia são sinais que Deus dirige a nós, prova da atenção que Ele tem por cada um de nós. Quão freqüentemente Deus nos faz perceber algo de seu amor! Manter, por assim dizer, um “diário interior” deste amor seria uma bonita e salutar tarefa para a nossa vida! O Advento nos convida e nos impulsiona à contemplação do Senhor presente. A certeza de sua presença não deveria nos ajudar a ver o mundo com olhos diferentes? Não deveria nos ajudar a considerar toda a nossa existência como “visita”, como um modo no qual Ele pode vir a nós e nos tornar mais próximos, em cada situação?


Outro elemento fundamental do Advento é a espera, espera que ao mesmo tempo esperança. O Advento nos impele a compreender o sentido do tempo e da história como “kairós”, como ocasião favorável à nossa salvação. Jesus mostrou esta realidade misteriosa em muitas parábolas: no relato dos servos convidados a esperar o retorno do patrão; na parábola das virgens que esperam o esposo; ou ainda nos relatos sobre a semeadura e colheita. O homem, em sua vida, está em constante espera: quando é criança, quer crescer; quando adulto busca a realização e o sucesso; com o passar dos anos, aspira ao merecido repouso. Mas chega o tempo no qual ele descobre que esperou pouco se, independente da profissão ou do status social, não lhe resta mais nada para esperar. A esperança marca o caminho da humanidade, mas para os cristãos esta é animada por uma certeza: o Senhor está presente no correr da nossa vida, nos acompanha e um dia enxugará também as nossas lágrimas. Um dia, não distante, tudo encontrará seu cumprimento no Reino de Deus, Reino de justiça e de paz.

Mas existem maneiras muito diferentes de esperar. Se o tempo não é preenchido por um presente dotado de sentido, a espera pode tornar-se insuportável; se espera-se algo, mas no momento não há nada, se o presente permanece vazio, cada segundo que passa parece infinitamente longo, e a espera se transforma num fardo muito pesado, porque o futuro permanece totalmente incerto. Quando, porém, o tempo é dotado de sentido, e em cada instante percebemos algo de específico e de válido, então a alegria da espera torna o presente mais precioso. Caros irmãos e irmãs, vivamos intensamente o presente onde já nos alcançam os dons do Senhor, vivamo-lo com nosso olhar voltado para o futuro, um futuro cheio de esperança. O Advento cristão se torna assim ocasião para reavivar em nós o verdadeiro sentido da espera, retornando ao coração da nossa fé, que é o mistério de Cristo, o Messias esperado ao longo de séculos e nascido na pobreza de Belém. Vindo em meio a nós, nos encontrou e continua a nos oferecer o dom de seu amor e de sua salvação. Presente entre nós, nos fala em diversos modos: na Sagrada Escritura, no ano litúrgico, nos santos, nos eventos da vida cotidiana, em toda a criação, que muda de aspecto conforme a condição de que Ele lhe esteja por detrás ou que seja ofuscada pela névoa de uma origem incerta e de futuro incerto. Por sua vez, nós podemos falar com Ele, apresentar a ele os sofrimentos que nos afligem, a impaciência, as perguntas que brotam no coração. Acreditemos que Ele sempre nos ouve! E se Jesus está presente, não existe mais nenhum momento vazio e sem sentido. Se Ele está presente, podemos prosseguir esperando também quando os outros não podem nos assegurar ajuda; também quando o presente se torna cansativo.

Caros amigos, o Advento é o tempo da presença e da espera do eterno. Exatamente por este motivo, em particular, é um tempo de alegria, de alegria interiorizada, que nenhum sofrimento pode cancelar. A alegria pelo fato de que Deus se fez criança. Esta alegria, em modo invisível presente entre nós, nos encoraja a caminhar confiantes. Modelo e apoio deste íntimo gáudio é a Virgem Maria, através da qual nos foi dado o Menino Jesus. Que Ela obtenha para nós, como fiel discípula de seu Filho, a graça de viver este tempo litúrgico vigilantes e laboriosos na espera. Amém!

Orar a todo o momento – 1º Domingo do Advento

Neste primeiro domingo do Advento, neste novo ano C, as leituras – como sempre ocorre – relatam a vinda definitiva do Senhor, que em grego é “parusia” e em latim, “adventus” (1 Ts 5, 23). O significado da parusia não se restringe apenas ao advento definitivo do Messias, mas já o-é prefigurado nos dias hodiernos.

O tempo do Advento é muito propício para a Igreja meditar sobre o caminho escatológico da humanidade e o sentido final de tudo, encerrado no juízo. 

“Ad te levávi animam meam; Deus meus em te confido – A Vós elevo a minha alma; ó meu Deus, em Vós confio” (Sl 24).

Estas palavras do salmista pões-nos diante do cenário do tempo vivido neste período. Palavras de esperança, de conforto, de expectativa pelo auxílio que virá do Céu. Isto se dá sobretudo porque “o Advento é por excelência a temporada da esperança, e nele a Igreja inteira é chamada a tornar-se esperança, para si mesma e para o mundo. Todo o organismo espiritual do Corpo místico adquire, por assim dizer, a ‘cor’ da esperança. Todo o povo de Deus volta a colocar-se a caminho, atraído por este mistério:  que o nosso deus é ‘o Deus que há-de vir’ e que nos chama a ir ao seu encontro” (Bento XVI, Homilia na Celebração das Primeiras Vésperas do Advento, 9 de Novembro de 2008). Com o Advento renovamos a nossa jubilosa esperança da Vinda do Filho de Deus que manifestar-se-á no Natal.

Mas, mais uma vez, prevalece um pedido de Jesus que não cessa de ressoar em nossos ouvidos desde aquele dia há dois mil anos: “Ficai atentos e orai a todo o momento” (Lc 21,36). Orar é uma atitude de entrega e confiança a Deus e isto corrobora o clamor feito no salmo, e nos dias hodiernos feito por nós. Nesta incessante prece sobe a nossa oração ao coração do Pai. 

Notemos que já na Primeira leitura podemos constatar o caráter da justiça que faz-se presente na pessoa de Cristo: “O Senhor é a nossa justiça” (Jr 33,16). Mas a justiça do Senhor – assim como o seu Reino – é um paradoxo se confrontado com as ideologias humanas e suas perspectivas. A centralidade da justiça do Senhor consiste precisamente na sua misericórdia. Mas como? Tentarei exemplificar. No ritmo da vida cotidiana alguns dizem não terem tempo para Deus, estão todos frenéticos com suas preocupações.  Mas a Igreja anuncia a todos a “boa notícia”: Deus não se esquece de nós. Ele nunca nos abandona, Ele tem todo o tempo para nós. Sim amados irmãos! Mesmo na vicissitude dos tempos, mesmo nos esquecendo de Deus, Deus sempre tem uma carinho paternal, inigualável, por nós. Este mistério renova-se a cada Advento e a cada Natal celebrado. 

Nas segunda leitura Paulo retoma mais uma vez a Parusia do Senhor. Exortando a comunidade de Tessalônica ele pede que todos deixem-se imergir no Espírito de Santidade para sermos confirmados por Cristo “no dia da vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos” (1Ts 3,13).

Neste mundo onde predominam a ditadura do relativismo, a imoralidade, os prazeres efêmeros e carnais, as culturas consumistas, é difícil seguir o conselho de São Paulo. Assim como ele diz: “Examinai tudo e guardai o que for bom” (Idem., 3,21). Porém para aqueles que estão com Cristo nada temem e sempre estão dispostos a lutar: “A noite está passando, o dia vem chagando: abandonemos as obras das trevas e vistamos as armas da luz” (Rm 13,15), Assim como foi para Santo Agostinho, esta passagem, o núcleo da sua conversão, torna-se também incisiva para nós.

No Evangelho centraliza-se toda a Liturgia da Palavra. Jesus profetiza a sua vinda, e, por meio dela, a salvação. A vinda salvífica do Senhor constitui a centralidade da esperança cristã. A hora exata e o momento exato não só será sabido pelo Pai, como recorda o próprio Cristo. Nem o Filho do Homem o sabe. Muitos, baseados em teorias ignominiosas já tentaram “profetizar” o momento exato. 1950, 1975, 1990, 2000 e agora 2012. Talvez se estes se preocupassem com a situação do planeta hoje e com a sua ação neste mundo, não haveriam tantos palpites e tantas idéias que querem conclamar a sociedade para se oporem ao desejo do Mestre.


Aguardemos confiantes no Senhor e na Virgem Maria. O Senhor que falar conosco hoje! Abramo-nos à sua chamada. Rezemos pela salvação das almas e pela sociedade. Encerro com as palavras do apóstolo: “Exercei paciência e firmai vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima” (Tg 5,8).

Ano Novo, Férula Nova

Oblatus

O Novo Ano litúrgico será inaugurado pelo Papa Bento XVI, neste sábado, com as primeiras vésperas do Advento. 
O Santo Padre usará uma nova férula, báculo pastoral pontifício, que lhe foi ofertada pelo Círculo de São Pedro. Segundo Mons. Guido Marini a férula é “semelhante no feitio à férula de Pio IX usada até hoje, e poderá ser considerada para todos os efeitos o báculo pastoral de Bento XVI”.

Com 2.5 Kg, a férula dourada traz o monograma de Cristo (XP) de um lado e o Cordeiro Pascal de outro, os quatro evangelistas nas extremidades dos braços dianteiros e, nas extremidades dos braços de trás, os quatro doutores, Ambrósio, Agostinho, Atanásio e João Crisóstomo – simbolizando Escritura e Tradição.

A nova férula porta também o nome do Pontífice, seu brasão e o nome da instituição doadora, a mesma que fizera a doação da férula de Pio IX em 1877.

O sinal da cruz

Da Homilia sobre a cruz e o ladrão, de São João Crisóstomo (325-407), bispo e doutor da Igreja:
Saberás o quanto a cruz é um sinal do Reino? É com esse sinal que Cristo virá, quando da Sua segunda e gloriosa vinda! Para que possamos avaliar até que ponto a cruz é digna de veneração, Ele fez dela um título de glória.
Sabemos que a Sua primeira vinda se fez em segredo, e essa discrição estava justificada: veio, com efeito, procurar o que estava morto. Mas essa segunda vinda passar-se-á de maneira diferente.
Então aparecerá a todos e ninguém terá necessidade de perguntar se Cristo está neste lugar ou naquele (Mt 24,26); não será preciso perguntarmo-nos se Deus está de fato presente. Mas o que será preciso procurar saber, é se Ele vem com a cruz.
«Assim será a vinda do Filho do Homem, o Sol escurecerá, a Lua não dará a sua luz» (Mt 24,27.29). A glória da Sua luz será tão grande que diante dela obscurecer-se-ão os astros mais brilhantes. «As estrelas cairão do céu. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem.» (Mt 24,29-30).
Vês bem o poder do sinal da cruz? «O Sol escurecerá e a Lua não dará a sua luz», e a cruz, pelo contrário, brilhará, bem visível, para que saibas que o seu esplendor é maior que o do sol e o da lua. Tal como, quando entra o rei numa cidade, os soldados carregam aos ombros os estandartes reais e os levam à sua frente para assim anunciar a sua chegada, também assim, quando o Senhor descer do céu, a corte dos anjos e dos arcanjos, carregando esse sinal aos ombros, nos anunciará a chegada de Cristo, nosso Rei.

BISPOS DO RS E SC EM VISITA AD LIMINA

Cidade do Vaticano, 27 nov (RV) – Iniciou-se, nesta sexta-feira, no Vaticano a visita ad Limina Apostolorum dos bispos dos Regionais Sul 3 e 4 (Rio Grande do Sul e Santa Catarina, respectivamente) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A visita prossegue até o dia 10 de dezembro próximo.

Os Regionais Sul 3 e 4 são compostos por 2 arquidioceses (Porto Alegre e Florianópolis) e 25 dioceses. A última visita ad Limina do Regional Sul 3 e 4, realizada há 5 anos, ainda no pontificado de João Paulo II, enfocou, entre outros temas, a relação entre Igreja e comunidade política, elementos de doutrina social da Igreja, a formação de lideranças responsáveis e a opção preferencial pelos pobres. (RD)

MENSAGEM DE BENTO XVI PARA O DIA MUNDIAL DO MIGRANTE E DO REFUGIADO

MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI
PARA O 96º DIA MUNDIAL DO MIGRANTE
E DO REFUGIADO (2010)

“Os migrantes e os refugiados menores”

Queridos irmãos e irmãs

A celebração do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado oferece-me novamente a ocasião de manifestar a solicitude constante que a Igreja alimenta por aqueles que vivem, de vários modos, a experiência da emigração. Trata-se de um fenómeno que, como escrevi na Encíclica Caritas in veritate, impressiona pelo número de pessoas envolvidas, pelas problemáticas sociais, económicas, políticas, culturais e religiosas que levanta, pelos desafios dramáticos que apresenta às comunidades nacionais e internacional. O migrante é uma pessoa humana com direitos fundamentais inalienáveis que devem ser respeitados sempre e por todos (cf. n. 62). O tema deste ano, «Os migrantes e os refugiados menores», refere-se a um aspecto que os cristãos avaliam com grande atenção, recordando-se da admoestação de Cristo, que no juízo final considerará referido a Ele mesmo tudo o que é feito ou negado «a um só destes pequeninos» (cf. Mt 25, 40.45). E como não considerar entre os «pequeninos» também os migrantes e refugiados menores? O próprio Jesus, quando era criança, viveu a experiência do migrante porque, como narra o Evangelho, para fugir às ameaças de Herodes, teve que se refugiar no Egito juntamente com José e Maria (cf. Mt 2, 14).

Embora a Convenção dos Direitos da Criança afirme com clareza que deve ser sempre salvaguardado o interesse do menor (cf. art. 3), ao qual se devem reconhecer os direitos fundamentais da pessoa ao mesmo nível do adulto, infelizmente na realidade isto não acontece. Com efeito, enquanto aumenta na opinião pública a consciência da necessidade de uma acção pontual e incisiva em protecção dos menores, de facto muitos são abandonados e, de vários modos, encontram-se em perigo de exploração. Da condição dramática em que eles vivem fez-se intérprete o meu venerado Predecessor, João Paulo II, na mensagem enviada a 22 de Setembro de 1990 ao Secretário-Geral das Nações Unidas, por ocasião do Encontro Mundial para as Crianças. «Sou testemunha – ele escreveu – da condição lancinante de milhões de crianças de todos os continentes. Elas são mais vulneráveis, porque menos capazes de fazer ouvir a sua voz» (Insegnamenti XIII, 2, 1990, pág. 672). Formulo votos de coração para que se reserve a justa atenção aos migrantes menores, necessitados de um ambiente social que permita e favoreça o seu desenvolvimento físico, cultural, espiritual e moral. Viver num país estrangeiro sem pontos de referência efectivos cria-lhes, especialmente àqueles que estão desprovidos do apoio da família, inúmeros e por vezes graves incómodos e dificuldades.

Um aspecto típico da migração de menores é constituído pela situação dos jovens nascidos nos países receptores, ou então por aquela dos filhos que não vivem com os pais emigrados depois do seu nascimento, mas que se reúnem a eles sucessivamente. Estes adolescentes fazem parte de duas culturas, com as vantagens e as problemáticas ligadas à sua dúplice pertença, condição esta que todavia pode oferecer a oportunidade de experimentar a riqueza do encontro entre diferentes tradições culturais. É importante que lhes seja oferecida a possibilidade da frequência escolar e da sucessiva inserção no mundo do trabalho, e que seja facilitada a integração social graças a oportunas estruturas formativas e sociais. Nunca se esqueça que a adolescência representa uma etapa fundamental para a formação do ser humano.

Uma categoria particular de menores é a dos refugiados que pedem asilo, fugindo por vários motivos do próprio país, onde não recebem uma protecção adequada. As estatísticas revelam que o seu número está a aumentar. Por conseguinte, trata-se de um fenómeno que deve ser avaliado com atenção e enfrentado com acções coordenadas, com oportunas medidas de prevenção, de salvaguarda e de acolhimento, segundo quanto prevê também a própria Convenção dos Direitos da Criança (cf. art. 22).

Dirijo-me agora particularmente às paróquias e às muitas associações católicas que, animadas por um espírito de fé e de caridade, envidam grandes esforços para ir ao encontro das necessidades destes nossos irmãos e irmãs. Enquanto exprimo gratidão por quanto se está a realizar com grande generosidade, gostaria de convidar todos os cristãos a tomar consciência do desafio social e pastoral que apresenta a condição dos menores migrantes e refugiados. Ressoam no nosso coração as palavras de Jesus: «Era peregrino e recolhestes-me» (Mt 25, 35), assim como o mandamento central que Ele nos deixou: amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com toda a mente, mas unido ao amor ao próximo (cf. Mt 22, 37-39). Isto leva-nos a considerar que cada uma das nossas intervenções concretas deve nutrir-se antes de tudo de fé na acção da graça e da Providência divina. De tal modo, também o acolhimento e a solidariedade para com o estrangeiro, especialmente se se trata de crianças, torna-se anúncio do Evangelho da solidariedade. A Igreja proclama-o, quando abre os seus braços e trabalha para que sejam respeitados os direitos dos migrantes e dos refugiados, estimulando os responsáveis das Nações, dos Organismos e das Instituições internacionais, a fim de que promovam iniciativas oportunas em seu benefício. Vele materna sobre todos a Bem-Aventurada Virgem Maria, e ajude-nos a compreender as dificuldades daqueles que estão distantes da própria pátria. A quantos estão empenhados no vasto mundo dos migrantes e refugiados, asseguro a minha oração e concedo de coração a Bênção Apostólica.

Vaticano, 16 de Outubro de 2009.

BENEDICTUS PP. XVI

Se rezas, és verdadeiro teólogo…

Do Tratado Sobre a Trindade, por Santo Hilário de Poitiers (315-367), bispo e doutor da Igreja:
Sei-o bem, ó Deus, Pai todo-poderoso: o principal dever da minha vida é oferecer-me a Ti para que tudo em mim fale de Ti.
Concedeste-me o dom da palavra e, para mim, nada pode ser mais compensatório do que a honra de Te servir e de mostrar ao mundo que o desconhece, ao herético que o nega, que Tu és o Pai do Filho único de Deus.
Sim, esse é na verdade o meu único desejo! Mas tenho uma grande necessidade de implorar o auxílio da Tua misericórdia de forma que, com o sopro do Teu Espírito, enchas as velas da minha fé, estendidas para Ti, e me conduzas a pregar o Teu santo nome por toda a parte. Pois não foi em vão que fizeste esta promessa: «Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á».
Sendo pobres, pedimos o que nos falta. Aplicar-nos-emos com zelo ao estudo dos Teus profetas e dos Teus apóstolos; bateremos a todas as portas que a nossa inteligência encontrar fechadas.
Mas só Tu podes atender a nossa prece; só Tu podes abrir a porta à qual batermos. Encorajar-nos-ás nas dificuldades iniciais; consolidarás os nossos progressos; e chamar-nos-ás a participar do Espírito que guiou os Teus profetas e os Teus apóstolos. Assim, não daremos às suas palavras sentidos diferentes daqueles que eles tinham em mente.
Dá-nos, então, o verdadeiro significado das palavras, a luz da inteligência, a beleza de expressão, a fé na verdade. Concede-nos professar aquilo em que acreditamos: que há um só Deus, o Pai, e um só Senhor, Jesus Cristo.

PAPA PROPÕE SANTÍSSIMA TRINDADE COMO MODELO PERFEITO DE COMUNHÃO

Cidade do Vaticano, 25 nov (RV) – Na Audiência Geral de hoje, na Sala Paulo VI, Bento XVI ilustrou a fiéis e peregrinos a vida de dois monges do século XII da Abadia de São Vítor, em Paris: Hugo e Ricardo – figuras exemplares que mostraram a íntima união que existe entre fé e razão.

Naquele período, a Abadia de São Vítor contava com uma importante escola de teologia monástica e teologia escolástica. Neste contexto, Hugo ingressou na Abadia, primeiro como aluno e logo como mestre, alcançando uma fama notável, a ponto de ser chamado o “segundo Santo Agostinho”, por sua dedicação às ciências profanas e à teologia. Hugo infundia em seus discípulos um constante desejo de conhecer toda a verdade.

Entre seus alunos, destacava-se o escocês Ricardo de São Vítor, que exerceu durante anos a função de Prior desta comunidade.

Em seus ensinamentos, convidava os fiéis a um contínuo exercício das virtudes, para alcançar uma estável maturidade humana e, assim, poder aceder à contemplação e à admiração das maravilhas da sabedoria.

“Autores como Hugo e Ricardo de São Vítor nos movem à contemplação das realidades celestes e à admiração da Santíssima Trindade como modelo perfeito de comunhão. Quanto mudaria o mundo se nas famílias, nas paróquias e em qualquer comunidade as relações tivessem como modelo as três Pessoas divinas, que não somente vivem com as outras, mas para as outras e nas outras!” – disse Bento XVI.

No final da Audiência, o papa fez o resumo de sua catequese em várias línguas, entre as quais o português:

Queridos irmãos e irmãs,
No século XII, a Abadia de São Vítor, em Paris, contava entre os seus mestres Hugo e Ricardo, duas figuras exemplares de teólogos e filósofos crentes que se empenharam a mostrar a concórdia entre a razão e a fé. Hugo de São Vítor estimulava a uma sã curiosidade intelectual, considerando como o mais sábio quem tiver procurado aprender qualquer coisa de todos. Quem aprendeu o sentido da história descrito na Bíblia, sabe que as vicissitudes humanas não são guiadas por um destino cego, mas age nelas o Espírito Santo que suscita um diálogo maravilhoso dos homens com Deus, seu amigo. Deste Deus que é amor, fala Ricardo de São Vítor na sua obra sobre a Trindade. A divindade é como uma onda amorosa que jorra do Pai, flui e reflui no Filho para ser depois felizmente difusa no Espírito Santo.”

A seguir, o pontífice saudou os peregrinos de língua portuguesa: “Saúdo o grupo de Alphaville e demais peregrinos de língua portuguesa, desejando que o exemplo das três Pessoas divinas – cada uma vive não só com a outra, mas para a outra e na outra – possa inspirar e animar as vossas relações humanas de todos os dias. Com estes votos, de bom grado a todos abençôo“. (BF)

NINGUÉM SABE A DATA DO FIM DO MUNDO

Roma, 25 nov (RV) – O Arcebispo de Guadalajara, México, Cardeal Juan Sandoval Íñiguez, minimizou o impacto dos meios de comunicação do filme dirigido por Roland Emmerich, 2012, e recordou que ninguém sabe a data do fim do mundo. Conforme informa a agência Notimex, o Cardeal recordou que a Igreja Católica sempre afirmou que no futuro chegará o juízo final, mas ninguém sabe nem o dia nem a hora do mesmo.

“As pessoas já estão cansadas de espantos, anunciaram-se muitas vezes supostos fins do mundo e estes nunca chegaram, disse o Cardeal.

O interesse pelo filme 2012 e os maias é um “fenômeno de filme” e de “folclore hollywoodiano” inspirado no fato que os maias foram um povo misterioso com uma altíssima cultura, sobre tudo astronômica, disse o Arcebispo de Guadalajara

“A Igreja esteve constantemente dizendo o que assinala o Evangelho, que ninguém sabe a data do fim do mundo e que antes do fim todos os povos abraçarão a fé, ainda faltam muitos para que isso ocorra”, destacou o cardeal. (SP)

BÉLGICA DOA ÁRVORE DE NATAL AO PAPA

Cidade do Vaticano, 25 nov (RV) – Mede cera de 30 metros de altura, pesa 14 toneladas e provém da Bélgica onde até poucos dias atrás se encontrava numa floresta de SPA. Estamos falando da árvore de Natal que será colocada na Praça São Pedro ao lado do presépio que já está sendo montado.

Trata-se de uma “uma bonita ‘vitrina’ para os viveiros que produzem árvores e que participam desta iniciativa”, lê-se no site da Conferência belga que publica a notícia. A honra de oferecer a árvore de Natal ao papa para ser colocada na Praça são Pedro, é de fato, muito desejada e a lista de espera é longa. “A Região de Vallona, na Bélgica teve que esperar até o ano 2007 para saber quem doaria a árvore ao Pontífice em 2009, participando assim numa tradição que dura já 25 anos”.

“Nestes dois anos – lê-se ainda no site – foi individuada a árvore. A sua remoção não foi fácil. Cortada na base do tronco, com um diâmetro de 2,65 m, com uma grua de 60 metros foi retirada por cima das demais árvores com a intenção de não a danificar. Coberta e amarrada, será agora transportada até Roma numa viagem que durará 7 dias. Em caso de acidente já está pronta outra árvore de 26 metros. (SP)

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